terça-feira, 31 de janeiro de 2012

WikiLeaks: Julian Assange luta na justiça britânica no retorno pra casa


Pública-Agência De Jornalismo Investigativo

No dia 2 de fevereiro acontece a batalha final com a justiça britânica: audiência na corte suprema sobre o pedido de extradição de Julian Assange para a Suécia.
Começam nos próximos dias as gravações para o novo projeto do WikiLeaks, uma série de entrevistas feitas por Julian com personalidades que estão mudando o mundo – sejam revolucionários do Egito, pensadores, chefes de Estado. O título provisório da série é “O mundo amanhã”.

Serão no mínimo 10 capítulos de meia hora cada, transmitidos por canais a cabo nos EUA e na Europa, além da TV Russa RT, que já anunciou publicamente a parceria. Como não poderia deixar de ser, tratando-se do fundador do Wikileaks, as entrevistas serão disponibilizadas na internet e traduzidas para diversos idiomas – inclusive o português. Todas serão realizadas na Inglaterra, onde Assange permanece em prisão domiciliar há mais de um ano.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Grupo Barlavento lança música Estrêla de Yemanjá




Sentinela – Antonio Nelson



Com insp
iração no 2 de fevereiro, dia da celebração de Yemanjá na Bahia, Davizinho de Mutá e Hamilton Hereis, líderes do Grupo Barlavento, antecipam o single “Estrêla de Yemanjá”, já em sintonia nas prévias do carnaval baiano. A música é composta por Davizinho e Hamilton - cantores, compositores e ícones -, do samba-de-roda da Bahia.

O Barlavento está em estúdio na gravação do novo CD, que será lançado em abril de 2012. De acordo com Hamilton, Estrêla de Yemanjá é um presente antecipado para ser distribuído na cibermídia e redes sociais. No data anterior da cerimônia
(01/02), o Barlavento distribuirá a composição para os ambulantes no bairro boêmio do Rio Vermelho.

Na autoria e vinheta de abertura, Aloísio do Cavaco. No arranjo e guitarra, maestro Júlio Caldas. Nos vocais Davizinho de Mutá e Hamilton Reis. No violão de sete cordas, cavaquinho e guitarra baiana, Júlio Caldas. No contrabaixo, Cristiano Ferreira - Pinho. Nos arranjos de percussão, efeitos, congas, agogô, xequerê e pratos, a sonoridade é com Cuca. E no timbau, Estrêla!

Ouça agora Estrêla de Yemanjá na Rádio Sentinelas.



A cidade que construímos agora é onde viveremos nos próximos 100 anos


Movimento Desocupa Salvador


A frase do título é da professora de urbanismo Naia Alban, mediadora da primeira edição da mesa-redonda “A Cidade que queremos”, organizacda pelo Teatro Vila Velha ontem à noite, e dá a medida da importância do momento atual, em que a paisagem da cidade está sendo radicalmente transformada, tendo como modelo de ocupação o que foi feito em São Paulo, segudo o urbanista Heliodório Sampaio, que representou na mesa a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA).A mesa dos trabalhos foi composta também pelo vereador Gilmar Santiago (PT), presidente da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Salvador; a promotora do Ministério Pùblico Estadual, Rita Tourinha, Glória Cecília Figueiredo, da Sociedade Brasileira de Urbanismo; Luis Edmundo, do CREA e João Pereira, da Federação de Associação de Bairros (Fabs). As mesas redondas para debater qustões atuais e o futuro da cidade serão realizadas na Sala Principal do Teatro Vila Velha nos próximos meses, sempre às segundas-feiras, a partir das 19h.

“A quem serve o planejamento urbano?”, a pergunta crucial foi feita pela urbanista Glória Cecília depois de apontar os últimos “demônios” que saíram “da caixa de pandora” da prefeitura: as mudanças na legislação ambiental; no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e na Lei de Ordenamento e Uso do Solo (Lous); e nas áreas de preservação cultural e paisagística (APCPs). Todas elas foram mudanças que ampliam o poder do privado sobre o público, levando a uma situação em que “a privatização da cidade inviabiliza a nossa condição de vida”, na medida em que passamos a viver um cotidiano angustiante como o atual em Salvador.

Glória Cecília afirmou ainda que as alterações na lei do sistema ambiental representam reduções das áreas protegidas. No caso do Parque Pituaçu ¼ foi liberado para urbanização com imóveis de área mínima de 1.500 m2. Reduções de áreas verdes foram patrocinadas também na Mata dos Oitis e no rio Passa Vaca, na Ilha dos Frades.

“Na Ilha foram criadas zonas de exceção para permitir empreendimentos particulares”, pontua a urbanista explicando que os mapas a que teve acesso demonstram que as mudanças na lei foram feitas para beneficair proprietários de lotes específicos do interesse de amigos do prefeito João Henrique.

Quanto às alterações da Lous, o principal é que elas criam facilidades para as chamadas “áreas prioritariamente hoteleiras” liberando em nove áreas da Orla o gabarito de novas construções em mais 50% do que os limites atuais. Assim como no caso da Ilha dos Frades, as nove áreas tem endereço certo.

“Estão tratando a todos nós, a população como se fossemos bobos”, zombou a urbanista, acrescentando que “o planejamento urbano sempre esteve voltado para os interesses econômicos”. Contudo, como também lembrou o presidente da Fabs, João Pereira, a Constituição de 1988, que redefine a função social da propriedade e da cidade criou novas referências para o planejamento urbano, que desaguaram no Estatuto das Cidades, que consagra o princípio do planejamento participativo, da afirmação da cidadania como condição para a vida digna na cidade.

“A prefeitura de Salvador está rasgando o Estatuto das Cidades, está impedindo o direito à cidade. Vivemos aqui neste momento uma espécie de ditadura, de um tipo de fascismo, em que o poder políico e econômcio agem sem nnehum controle socia”, apontou Glória Cecília.

Um dos problemas deste modo de gestão e ocupação da cidade, apontado pelo professor Heliodório Sampaio é que “os parâmetros urbanísticos atuais já estão acima da capacidade física instalada”, ou seja, a infra-estrutura atual de água, esgotos, transportes, etc, já está acima do limite, o crescimento continua, portanto, desordenado; e todos nós teremos que pagar para ampliar a infra-estrutura para que a cidade continue a funcionar..

Benefícios da Lous - “Ninguém conseguiu identificar nenhum benefício das dez emendas feitas na Lous para a população de Salvador”, afirmou o vereador Gilmar Santiago, que historiou para os presentes a tramitação da matéria na Câmara, assegurando que as emendas, apesar de assinadas pelos vereadores, “foram preparadas no Palácio Tomé de Souza pelo secretário Paulo Damasceno” e a maioria que votou a favor desconhecia o seu conteúdo.

Entre os prejuízos decorrentes da aprovação das emendas à Lous, o vereador lembra a extinção do Parque do Vale Encantado, reserva de 1 milhão de metros quadrados de mata que foi liberada para a construção de prédios de 45 metros de altura. Citou também a liberação do gabarito para a construção de prédios em diversos bairros, o uso de transcons na Orla; a retomda pela prefeitura de área do parque tecnológico e ampliação do gabarito para construções no entorno do parque.

As promotoras Rita Tourinha e Cristina Seixas, que também estava presente, recordaram as batalhas jurídicas contra a prefeitura por causa do PDDU desde 2002 e da impotência para fazer com que cumpra-se a Justiça e as leis. Recordou a imoralidade de prefeitura e vereadores governistas que burlaram a decisão judicial que suspendeu a tramitação do projeto do PDDU da Copa, retirando os artigos deste projeto e transformando-os em emendas à Lous.

As duas representantes do Ministério Público ressaltaram a importância da mobilização da sociedade para evitar que as mudanças na Lous e outras leis aprovadas no dia 29 de dezembro entrem efetivamente em vigor.

Brasilianas.org sobre regulação da internet


Recentemente, dois projetos de leis norte-americanos movimentaram a internet: o Sopa(Stop Online Piracy Act) e o Pipa(Protect Intellectual Property Act), um na Câmara dos Representantes e outro no Senado, respectivamente. Ambos tem como objetivo combater a pirataria, impedir o compartilhamento gratuito de músicas e filmes online e proteger o mercado de propriedade intelectual. Devido à pressão dos usuários e à oposição grandes empresas da internet, como o Google, Facebook e Amazon, a votação dos dois projetos foi adiada. Além deles, o Acta é um tratado internacional discutido por um grupo fechado de países e que tem como objetivo criar padrões internacionais para a pirataria na web, e é considerado ainda mais rigoroso que o Sopa. Serão abordados os projetos de lei dos EUA, e também a lei Azeredo, o Marco Civil da Internet e maneiras de se combater crimes virtuais sem afetar a liberdade de expressão

O Brasilianas.org desta segunda-feira (30), às 22h, discute a regulação da internet e traz o diretor de políticas públicas do Google e professor da FGV-SP Marcel Leonardi e o engenheiro e diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko.

Clique aqui pra enviar sua pergunta ao programa.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Digitalia traz Sérgio Amadeu e Carlos Caribé para debaterem Direitos Autorais, Música e Cultura Digital em Salvador


Sentinela - Antonio Nelson


O DIGITALIA – Festival/Congresso Internacional de Música e Cultura Digital promove em Salvador, de 1 a 5 de fevereiro de 2012, encontro com diversos pensadores brasileiros da Cultura Digital que estão conectados na música e às novas tecnologias da informação e da comunicação. Entre os principais convidados estão Sérgio Amadeu da Silveira, sociólogo e doutor em Ciência Política. Professor na Cásper Líbero. Ativista da liberdade na rede e do software livre. Compartilha informação no blog Trezentos estará presente mesa de debate com João Carlos Caribé, do Movimento Mega Não!, com o tema:

"A Internet sob cerco - a cultura digital ameaçada".

Confira a programação a baixo:


Detenha a grande ameaça à liberdade da Internet


Assine a Petição

Para todos os Membros do Parlamento Europeu:

Anvisa constata uso de agrotóxicos não autorizados no plantio de diversos alimentos


Saiu no SEGALINUT

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) constatou que os produtores rurais têm usado agrotóxicos não autorizados no plantio de determinados alimentos. Em 2010, a Vigilâncias Sanitária avaliou 2.488 amostras de alimentos, sendo que 28% apresentaram resultado insatisfatório para a presença de resíduos dos produtos. Deste total, 605 (24,3%) amostras estavam contaminadas com agrotóxicos não autorizados.

Quando o uso de um agrotóxico é autorizado no país, os órgãos responsáveis por essa liberação, indicam para que tipo de plantação ele é adequado e em que quantidade pode ser aplicado.

Em 42 amostras (1,7%), o nível de agrotóxico estava acima do permitido. Em 37% dos lotes avaliados, não foram detectados resíduos de agrotóxicos. Na íntegra: SEGALINUT

sábado, 28 de janeiro de 2012

Pinheirinho e o alçapão de pobres

TELEANÁLISE

Sentinela - Malu Fontes*


No mês em que a cidade de São Paulo comemorou 458 anos, as cenas vistas na TV associadas à mais rica metrópole brasileira não foram de festa. As imagens vinculadas a São Paulo em janeiro, nos telejornais, foram as dos rotos e esfarrapados em confronto com a Polícia na Cracolândia, região Central da cidade, e as cenas de guerrilha urbana de milhares de famílias na favela de Pinheirinho, na Grande São Paulo, embora já em São José dos Campos. Sim, também houve imagens da chuva de ovos atirados contra o prefeito, Gilberto Kassab, na ida à missa de aniversário da cidade.

Pinheirinho abrigava cerca de 6.000 pessoas em um terreno de 1,3 milhão de metros quadrados, pertencente à massa falida de Naji Najas e invadida em 2004. Independemente das questões de justiça e injustiça que podem ser invocadas em relação à decisão judicial de reintegrar a posse do terreno, expulsando os moradores e destruindo absolutamente todas as moradias, três aspectos chamaram àtenção na cobertura telejornalística durante a semana. Uma delas é repetida à exaustação sempre que uma calamidade atinge contingentes populacionais pobres no Brasil, o que equivale a dizer que é algo rotineiro nas manchetes jornalísticas: o que acontece com o exército de gente pobre 24h após as hecatombes que acontecem em suas vidas?

CUSPIDOS - Onde estão, hoje, os desabrigados do Morro do Bumba, em Niterói (RJ), dos deslizamentos da região serrana, também no estado do Rio, das enchentes do ano passado em Alagoas, das dezenas de favelas coincidentemente incendiadas em São Paulo ao longo de 2010 e 2011? Do mesmo modo, onde estarão no futuro as seis mil pessoas expulsas de Pinheirinho, sem tempo de sequer pegar roupas e documentos? Levando-se em conta as multidões de pobres que praticamente todos os meses são notícia na condição de vítimas de contingências, a maioria delas vinculadas à sua condição sócio-econômica, associada ao crônico desmando político no país, tem-se a impressão que o Brasil dispõe de um alçapão para fazer desaparecer os pobres que são cuspidos ainda mais radicalmente da fronteira mínima da dignidade em que vivem quando são vítimas de uma tragédia.

No telejornalismo, o roteiro é o mesmo: o contingente de desamparados é mostrado, as lideranças políticas são entrevistadas e garantias do poder público são dadas, anunciando que toda a assistência será dada às vítimas. O telespectador já sabe que isso não é verdade. Pouquíssimos dias depois é como se essas pessoas desaparecessem por mágica, no tal alçapão de pobres, e são substituídas logo a seguir nas manchetes por outro grupo em situação ainda pior. No episódio de Pinheirinho, um segundo aspecto a chamar àtenção, e que também costuma se repetir em casos semelhantes de desocupação por ordem judicial e força policial, são as razões que levam o poder público a permitir ou fazer vista grossa à formação de um bairro durante oito anos e, quando milhares de pessoas estão com suas vidas aparentemente estruturadas, arranca-se do chão em menos de 24 horas tudo o que foi permitido em quase uma década.

MULHERES RICAS - Por fim, tanto quanto a pancadaria entre moradores e policiais na favela e no entorno de Pinheirinho, sooaram mais que cínicas as declarações de representantes do poder público aos repórteres de TV diante das acusações dos moradores de que a Polícia derrubou as casas com todos os móveis dentro, não permitindo que os donos retirassem seus pertences. Os argumentos dados à imprensa para que isso possa ter acontecido fazem as Mulheres Ricas soarem como samaritanas humanitárias da Cruz Vermelha: foi oferecida a todos os moradores a possibilidade de lacrar e etiquetar todos os seus móveis e dar um endereço para onde se queria que eles fossem enviados por um serviço da Prefeitura de São José dos Campos. Se não pediram o serviço nem deram o endereço de entrega... Ah, tá! Certamente disponibilizariam um depósito privado e cuidadoso de móveis, talvez localizado nas cercanias de Alphaville, com garantias anti-cupim e anti-ferrugem.

Se fosse mesmo real a oferta desse serviço tão cuidadoso de etiquetagem e depósito oferecido pela Prefeitura para os pertences existentes dentro da casa dos expulsos, por que, então, a mesma Prefeitura deixaria milhares de pessoas, incluindo velhos, crianças e doentes amontoados em abrigos insalubres, improvisados em escolas públicas cheias de cocô de pombo e sem condições de higiene? E milhares de pessoas abrigadas por um padre numa igreja sem estrutura de banheiros, cozinha e vazos sanitários?

CACHORRO - Esse país ou esse mundo andam mesmo muito estranhos. Uma população fica revoltada e quer pena de morte para uma histérica que agride um cachorro, uma prefeitura oferece etiquetagem mentirosa de móveis para milhares de pessoas que têm suas casas destruídas pela Polícia e, ao mesmo tempo, ninguém parece se importar com gente apanhando e morrendo na rua de qualquer metrópole e muito menos com famílias que perdem tudo e são obrigadas a viver como formigas, esmagadas umas sobre as outras em depósitos improvisados de gente.


*Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O custo humano embutido num iPad

Saiu no Trezentos

via EstadãoInício do conteúdo

Somente em 2011, quatro pessoas morreram e 77 ficaram feridas em fábricas contratadas para produzir as últimas novidades da Apple

26 de janeiro de 2012 | 23h 00

Charles Duhigg e David Barboza, do The New York Times

NOVA YORK – A explosão arrasou o Edifício A5 numa tarde de maio do ano passado. Uma erupção de chamas torceu os tubos de metal como se fossem canudos jogados fora. Quando os operários na lanchonete correram para fora, viram uma fumaça negra saindo das janelas – era a área onde os empregados poliam milhares de estojos de iPads por dia.

Duas pessoas morreram na hora e mais dez se feriram. Quando os feridos eram levados às pressas para as ambulâncias, um em particular chamava atenção. O rosto lambuzado, atingido pelo calor e a violência da explosão, deu lugar a uma pasta preta e vermelha no lugar da boca e nariz.

“Você é o pai de Lai Xiaodong?”, alguém perguntou, quando o telefone tocou na casa de Lai. Seis meses antes, o jovem de 22 anos havia se mudado para Chengdu, sudoeste da China, para se tornar mais uma das milhões de peças humanas da engrenagem que move o maior, mais rápido e mais sofisticado sistema de manufatura no globo. “Ele está com problemas”, disse a pessoa do outro lado da linha ao pai de Lai, que não resistiu aos ferimentos.

Na última década, a Apple tornou-se uma das mais poderosas e bem sucedidas empresas do mundo. A Apple e suas congêneres do setor de alta tecnologia alcançaram um ritmo de inovação jamais observado na história moderna.

Contudo, os operários encarregados da montagem dos iPhones, iPads e outros aparelhos com frequência trabalham em condições terríveis, de acordo com empregados das fábricas, grupos de defesa dos trabalhadores e relatórios publicados pelas próprias companhias. Os problemas são tão variados quanto os ambientes de trabalho e os problemas de segurança – alguns mortais – são graves.

Os operários fazem horas extras excessivas, em alguns casos trabalham sete dias por semana e vivem em dormitórios superlotados. Alguns trabalham em pé por tanto tempo que suas pernas incham a ponto de quase não conseguirem andar. Empregados menores de idade ajudaram a fabricar produtos da Apple, fornecedores da companhia armazenaram inadequadamente lixo tóxico e falsificaram registros, segundo dados da empresa e grupos de defesa do trabalhador que, dentro da China, são considerados monitores independentes e confiáveis.

Mais preocupante ainda é o desprezo de alguns fornecedores pela saúde do trabalhador. Há dois anos, 137 funcionários de uma fornecedora da Apple a leste da China foram intoxicados depois de receber ordens para usar uma substância química venenosa para limpar as telas do iPhone. No ano passado, houve duas explosões em fábricas de iPad mataram quatro pessoas e deixaram 77 feridas. Antes mesmo destas explosões, a Apple havia sido alertada para as condições perigosas na fábrica de Chengdu. Íntegra: Trezentos.

WikiLeaks: Julian Assange produz entrevistas com ícones mundiais


Pública-Agência De Jornalismo Investigativo
Começam nos próximos dias as gravações para o novo projeto do WikiLeaks, uma série de entrevistas feitas por Julian Assange com personalidades que estão mudando o mundo – sejam revolucionários do Egito, pensadores, chefes de Estado. O título provisório da série é “O mundo amanhã”.

Serão no mínimo 10 capítulos de meia hora cada, transmitidos por canais a cabo nos EUA e na Europa, além da TV Russa RT, que já anunciou publicamente a parceria. Como não poderia deixar de ser, tratando-se do fundador do Wikileaks, as entrevistas serão disponibilizadas na internet e traduzidas para diversos idiomas – inclusive o português. Todas serão realizadas na Inglaterra, onde Assange permanece em prisão domiciliar há mais de um ano.

No dia 2 de fevereiro, aliás, acontece a batalha final com a justiça britânica: audiência na corte suprema sobre o pedido de extradição de Julian para a Suécia.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Prêmio Mulher Imprensa. Participe.


Saiu no Trezentos

Por Sérgio Amadeu*


A Pública (www.apublica.org) foi indicada a seu primeiro prêmio, o Troféu Mulher Imprensa. Marina Amaral concorre na categoria Reporter Web pelo trabalho publicado no site da agência este ano. É um reconhecimento importante para o jornalismo independente e um incentivo para todos que curtem nosso projeto. No grupo em que concorre, Marina é a única que não faz parte dos grandes portais da Internet. A conselheira da Pública, Eliane Brum, também concorre ao prêmio pela categoria mídias sociais, e a repórter Ana Aranha, recém-contratada pela Pública,na categoria Repórter de Revista. Para votar o link é: http://www.trofeumulherimprensa.com.br/8edicao/votacao_webjornalismo.asp; precisa confirmar pelo email. Veja algumas das matérias da Marina no último ano aqui, aqui e aqui”. Ajude a Pública a conquistar seu primeiro prêmio: vote nas representantes da Pública e envie este e-mail pra todo mundo!".


*Sóciologo e doutor em Ciência Política. Professor na Cásper Líbero. Ativista da liberdade na rede e do software livre.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Entrevista exclusiva com Peu Lima, baterista da banda Mamelungos de Recife


“Percebemos nos shows que mais pessoas cantam nossas músicas. E isto talvez seja resultado do nosso ideal, que é dar as músicas para o mundo. Disponibilizamos o disco para download com o intuito de também alcançar esse objetivo”.

Peu Lima – Baterista, compositor, arranjador e cantor – Mamelungos de Recife.

Foto: Paloma Amorim

Desde criança, Peu Lima, 28 anos, apresentava sensibilidade para tirar sons das cadeiras, mesas, e objetos que transmitissem sonoridades "similares" à bateria. Na infância, seu pai o colocava na cacunda para assistir diversos gêneros e ritmos carnavalescos do Recife e Olinda, em Pernambuco. As consequências surtem na batera. Dos bairros Casa Forte, Rosarinho e Parnamirim - Thiago Hoover, Luccas Maia, Weré Lima, Igor Bruno e Peu Lima são os Mamelungos de Recife. Confira!

Antonio Nelson – O nome da banda me remete no tempo em que meus pais me levavam no Recife para assistir os Mamulengos. Qual a identificação de vocês?

Peu Lima É mais uma questão da cultura de Pernambuco. Coisa de criança lúdica. Fazemos com alegria. Com o intuito de gerar o bem comum da sociedade. E quando pensamos no nome, fomos inspirados também na mistura de raças, o Mameluco. Além disso, o Malungo de Chico Science. A união disso tudo gerou um nome forte aqui. Criou-se um conceito, um modo de vida, que é fazer o bem. Surgiu uma família composta não só por nós, mas pelos amigos, fãs etc. Como a gente costuma falar: “nós vamos mudar o mundo”. Acreditamos que temos essa possibilidade. Produzimos as músicas e entregamos para o mundo, e esta atitude nos dão muitas coisas boas em troca. Estimula perseverança!

A.N – Todos vocês são cantores, compositores e arranjadores. Um ar de ineditismo! Como é o processo de criação?

Peu LimaEssa é uma boa questão. Muitos nos questionam por não possuir uma identidade sonora como nos viram em outros trabalhos. Mas, acreditamos que nossa identidade é justamente a pluralidade do som, a diversidade. Tocávamos em outros trabalhos, e já tínhamos feito apresentações juntos. Foi quando surgiu a ideia de reunir cada componente com suas músicas e fazer a banda. Pois, a união poderia dar certo. O processo de composição foi basicamente individual. Juntamo-nos, e cada um foi mostrando sua música. Depois concebemos a ideia de como seria. Cada um acrescentou seu instrumento e suas influências na música do outro, gerando uma mistura que agradou a nós e a nossos amigos. Diga-se de passagem, temos muitos amigos. Eles foram extremamente importantes para chegarmos até aqui. Depois de três anos de banda o processo mudou um pouco. Já sabemos como o outro toca e fica mais fácil conceber resultado final. Em geral, um faz a música e mostra. Os outros ouvem e acrescentam. Mas somos livres para dar ideias um para o outro.

Agora, por exemplo, vamos dar atenção a uma música que foi composta em parceria entre Luccas (vocal) e Igor ( guitarra). Fizemos Produção Fonográfica na Associação de Ensino Superior de Olinda (AESO). Isso contribuiu para que pudéssemos trabalhar em conjunto e desenvolver nosso trabalho no dia a dia. Ainda bem que crescemos num ambiente rico em cultura, e cultura musical nem se fala!

Temos a felicidade Silvério Pessoa como amigo nosso. Thiago Hoover toca com ele também. Chamamos Silvério para fazer uma participação num show nosso. Ele aceitou de imediatamente. E foi muito bom! Silvério chamou Hoover para tocar na banda dele... E assim vem sendo. Eles fizeram uma temporada na França com La Talvera, uma banda da Occitania. Estev na Holanda e na Bélgica também.

Participamos do show do Ventilador Sonoro com Otto e Academia da Berlinda. Na ocasião também convidamos Lula Queiroga, que já tinha nos convidado para participar do lançamento do novo disco dele. Cantamos "Atirador", em 10 de dezembro de 2011.

Crescemos escutando muita música boa... Para nós (risos). As influências vieram de muitas partes, mas principalmente de nossas famílias. Mas enfim, escutamos de tudo por aqui. Alguns têm mais influências do Rock, outros do Samba, mas a MPB estava sempre misturada! Posso dizer que no começo da múscia Fanfarra, a bateria é de Bossa Nova. Mas falo de MPB em geral: Geraldo Azevedo, Chico Buarque, Caetano... Alceu Valença.

Foto: Bruna Coutinho.

A.N – Maculelê, Caboclinhos, Ciranda, Maracatu de Baque Solto, e Baque Virado; Vassourinhas, Frevo... Gêneros e ritmos musicais múltiplos em Pernambuco. É desafiante reunir tudo?

Peu Lima Crescemos ouvindo e escutando muita música boa (risos). As influências vieram de muitas partes, mas principalmente de nossas famílias. Escutamos de tudo por aqui. Alguns têm mais influências do Rock, outros do Samba, mas a MPB estava sempre misturada! De maneira até inconsciente. Agregamos e absorvemos muito da música pernambucana. Terminamos por acrescentar ao nosso som essa multiplicidade, mas de uma maneira que não foi forçada, entende? Não dissemos: aqui é um maracatu ou uma ciranda. As coisas foram fluindo e convergiram para arranjos com toques das raízes de Pernambuco. E é muito bom ter a possibilidade de reunir tudo. Somos bastante ecléticos e abertos a novos sons. Isso nos ajuda muito.

A.N – Quais os ícones locais e nacionais que lhes inspiram?

Peu Lima Di Melo é um cara que a gente curte. Gilberto Gil, os Novos Baianos são massa! Lenine e Lula Queiroga também locais e nacionais. Pô! Eu mesmo ouvi muito Chico Science e Mundo Livre S/A.

A.N – O que torna o Carnaval do Recife Multicultural?

Peu Lima A prefeitura divide o carnaval em pólos descentralizados. Assim pode fazer com que estilos musicais diferentes sejam apresentados. O povo pode ir de acordo com o som que agrada mais e tem a opção de conhecer outros trabalhos. É uma coisa bem interessante, pois não fica com aquela coisa de: Carnaval é frevo! Carnaval também é frevo!

A.N – Vocês dispõem o download do CD no site da banda. Quais as cosequências?

Peu Lima “Percebemos nos shows que mais pessoas cantam nossas músicas. E isto talvez seja resultado do nosso ideal, que é dar as músicas para o mundo. Disponibilizamos o disco para download com o intuito de alcançar esse objetivo”.

Foto: Bruna Coutinho

A.N – Como descobriu a percussão? O que representa pra você?

Peu Lima Tenho flashes de memória de quando era pequeno, acho que uns 03 ou 04 anos de idade, do meu pai batucando em tudo... Televisão, mesa, cadeira...E eu via aquilo e ficava impressionado. Mas era só a curtição dele... Ele só sabia tocar piano, e há muito não tocava, pois era obrigado pelos meus avós. Eu já acordava nos finais de semana com música e via meu pai batucando nos objetos... Então meus brinquedos eram instrumentos musicais de criança. Ele fez uma tuba para mim com um bocal de verdade, um arame envolto por uma mangueira e um pinico na extremidade! (risos). Mas o que mais me interessava era o batuque. Pedro Enock Ferreira de Lima, para ser mais exato.

Meu pai era morador de Olinda também... Então, todo carnaval eu ia pra casa dos meus avós e brincava carnaval no ombro do meu pai. O lugar que eu mais gostava de ficar era ao lado dos músicos das Orquestras de Frevo vendo eles tocarem. Era o melhor do carnaval.

Com meus amigos de prédio montamos uma banda e eu tocava atabaque. Viajamos para o exterior. Somos amigos de longas datas. Resolvemos comprar instrumentos de verdade! Meu amigo e eu compramos uma guitarra, cada um. Outro um violão, e o terceiro um baixo... Nada de bateria. Meu instrumento era a bateria, e o guitarrista só tinha um violão... Então,então vendi a guitarra a ele para comprar minha bateria...Isso em 1997... E estou até hoje.

Sempre tive o apoio da família. Penso que isso é um ponto crucial na carreira de um músico. meus pais vão aos shows. Mas meu pai vai menos. Ele viaja muito por causa do trabalho. Minha mãe vai sempre que o show é cedo! (risos). Ela sempre reclama dos horários! Mas ela é fanzona! Curte demais. Assim como os pais dos meninos.Link
A.N – Qual a relação de vocês com Olinda? Na música, Fanfarra, as tradições cLinkarnavalescas de Olinda são ilustradas.

Peu Lima Olinda é uma terra diferenciada. A arte está no sangue dos que vivem lá. Em 2011, tocamos mais do que em qualquer outro lugar. O mercado Eufrásio Barbosa foi o local. Foram no mínimo cinco apresentações. Ganhamos vários amigos. O número de pessoas que curtem a banda aumentou bastante, e ainda está crescendo. Nossa música foi bem recepcionada por Olinda. Esperamos tocar muito por lá.

A.N – Em quais os lugares mais importantes vocês fizeram shows? Qual região o público impactou mais? Já tocaram em outros estados?

Peu Lima O ano de 2011 foi muito bom para a banda. Já começamos na prévia do bloco Guaiamum Treloso. Abrimos os shows de Nando Reis e Otto. E em seguida rolou o Abril Pro Rock. A partir daí as pessoas passaram a olhar a banda com outros olhos. Estaremos em SP no mês de março. No You Tube temos vídeo da retrospectiva 2011. Fizemos um show incrível na Livraria Cultura. A livraria ficou cheia. As pessoas ficaram de fora... Emocionante foi tocarmos no carnaval na comunidade Alto José do Pinho, no Recife.



A.N – Na música, Ainda tô achando, vocês cantam: “e se a regra for mesmo correr feito um louco, quando eu ouvir o pipoco eu vou sentar no chão, no meio da multidão”. Vivemos num mundo caótico? Vocês são foras da lei como asseveram na composição?

Peu Lima O mundo é caótico porque as pessoas não se respeitam. Somos fora da lei? Quem não é? Vivemos numa época em que as leis não condizem com a evolução dos hábitos e costumes da sociedade.



A.N – Nas composições de vocês é notável um tom infanto-juvenil. Lembro dos Saltimbancos. Alguma relação?

Peu Lima A trilha sonora dos Saltimbancos é muito legal. Acho que pode ter alguma lembrança na música Colemim. Mas não foi nada pensado. Nossas músicas têm um estado de espírito jubiloso.

A.N – Luiz Gonzaga é homenageado pelo Galo da Madrugada em 2012. O que ele representa pra vocês?

Peu Lima A canção "A Vida do Viajante" retrata uma vontade nossa de rodar o país.

Foto: Mamelungos

A.N – Quais são as expectativas para o Carnaval Multicultural do Recife 2012? E onde farão shows?

Peu Lima - Ficamos muito felizes quando soubemos que vamos tocar no carnaval. Participar de uma festa dessas é realmente muito bom. E vamos tocar na terça-feira (21/02), às 22h, fechando o carnaval, no pólo descentralizado do bairro de Casa Amarela, que é um dos maiores. Ano passado o show da Nação Zumbi foi muito bom por lá. Nas devidas proporções, não podemos deixar a peteca cair. Queremos fazer um show para manter esse nível!

Estamos fazendo um projeto de um show dos Mamelungos. Queremos fazer um bloco de carnaval: Bloco dos Mamela (risos). Provavelmente será em 2013. Estamos correndo com isso. Temos amigos e fãs. Uns vão pra Olinda, outros viajam, outros estão no Recife Antigo. Aí, queremos juntar todo mundo antes do carnaval pra se divertir. Estamos divulgando muito a música Fanfarra Frevo, que está na coletânea Pernambuco Frevando para o mundo, que será lançada neste sábado (28/01).



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sarney, o prejuízo pro Brasil

Republicação solicitada pelo jornalista aposentado Euvaldo José Procópio Ferreira. Ele trabalhou nos grandes veículos impressos da cidade do Salvador.

Entrevista exclusiva: Palmério Dória com Adelson Carvalho

Sentinela - Antonio Nelson

Acordo inquieto! Razão e emoção em constante ebulição.

Vossa Excelência, senador José Sarney foi reeleito presidente do Senado. Compartilhei minha angústia na redação da Rádio Sociedade da Bahia. Era 02 de fevereiro de 2011. Eu atuava no jornalismo e na programação da rádio simultaneamente. Após o fato, dialoguei com o jornalista e apresentador Adelson Carvalho, do programa Sociedade Alerta. Não contive o ímpeto pelo interesse público; e convicto da perspicácia do amigo Adelson Carvalho, manifestei meu desejo em realizar entrevista exclusiva com o jornalista Palmério Dória - autor do livro: Honoráveis Bandidos. De praxe, a sinergia construída entre eu e Adelson Carvalho materializou o bate-papo com Palmério Dória.Confira na íntegra o audio:


































PALMÉRIO DÓREA by antonionelsonlp

*Antonio Nelson labutou na Rádio Sociedade da Bahia, e produziu a entrevista em 01/02/11.

*Saiba mais! O Jornalista e Professor Francisco Karam me responde sobre:

“A Ética nas Organizações Empresariais”









domingo, 22 de janeiro de 2012

A revolta da burguesia assalariada



Indicação: Sentinela - Adriano S. Ribeiro



Como Bill Gates tornou-se o homem mais rico dos EUA? Sua riqueza nada tem a ver com os custos de produção do que a Microsoft vende: i.e., não é resultado de ele produzir bom software a preços mais baixos que a concorrência, nem de ‘explorar’ seus operários com melhores resultados (a Microsoft paga salários relativamente altos aos operários intelectuais que contrata). Fosse assim, a Microsoft já teria falido há muito tempo: as pessoas teriam escolhido sistemas abertos, como o Linux que são tão bons, ou até melhores, que os produtos Microsoft. Milhões de pessoas continuam a comprar software da Microsoft porque a Microsoft impôs-se, ela mesma, como padrão quase universal, praticamente monopolizou o campo, encarnação do que Marx chamou de ‘intelecto geral’[1], significando conhecimento coletivo em todas as suas formas, da ciência ao saberes práticos. Gates efetivamente privatizou parte do intelecto geral e enriqueceu apropriando-se do lucro que extraiu dessa apropriação.

A possibilidade de que o intelecto geral fosse algum dia privatizado jamais passou pela cabeça de Marx, nem por perto de seus escritos sobre o capitalismo (em boa parte porque Marx passou ao largo das dimensões sociais do capitalismo). Mas a questão está na base das lutas de hoje em torno da propriedade intelectual: o papel do intelecto geral – baseado no conhecimento coletivo e na cooperação social – aumentou no capitalismo pós-industrial, assim como a riqueza que se acumula, fora de qualquer proporção com o trabalho usado para produzi-lo.

O resultado não está sendo, como parece que Marx esperava, a autodissolução do capitalismo, mas a gradual transformação do lucro gerado pela exploração do trabalho em renda apropriada mediante a privatização do conhecimento.

Vale o mesmo para os recursos naturais, cuja exploração é um das principais fontes de lucros no mundo. Daí brota a luta permanente entre os aspirantes àqueles lucros: os cidadãos do Terceiro Mundo, ou as corporações ocidentais. Há alguma ironia na evidência de que, ao explicar a diferença entre o trabalho (que, usado, produz mais valia) e outras commodities (cujo valor é integralmente consumido, ao serem usadas), Marx fale do petróleo como exemplo de commodity ‘comum’. Hoje, qualquer tentativa de ligar aumentos e quedas do preço do petróleo a aumentos e quedas nos custos de produção ou no preço do trabalho explorado seria absolutamente sem sentido: os custos de produção são desprezíveis, como proporção do preço que se paga pelo petróleo, preço que, de fato, é o lucro que os proprietários dos recursos podem exigir, graças à oferta limitada.

Uma modificação na função do desemprego é outra das consequências do aumento na produtividade, por causa do crescimento exponencial no impacto do saber coletivo. O desemprego é produzido por um capitalismo muito bem-sucedido (maior eficiência, maior produtividade etc.) – que torna os trabalhadores cada vez mais inúteis: o que deveria ser uma bênção – haver cada vez menos trabalho braçal – converteu-se em maldição. Ou, dito de outro modo: a chance de ser explorado num trabalho de longo prazo é vista hoje como privilégio. O mercado mundial, como diz Fredric Jameson, é agora “um espaço no qual todos foram um dia trabalhador produtivo e no qual o trabalho, por todas as partes, começou a ser precificado fora do sistema”. No atual processo da globalização capitalista, a categoria do desempregado já não está confinada ao “exército de trabalho reserva”; inclui também, como Jameson escreve, “essas populações massivas em todo o mundo que, como aconteceu, caíram fora da história”, que foram deliberadamente excluídas dos projetos de modernização do Primeiro Mundo capitalista e descartadas como casos terminais sem esperança”: os chamados estados falidos (República Democrática do Congo, a Somália), vítimas de fome epidêmica ou desastre ecológico, presas na armadilha de pseudo arcaicos “ódios étnicos”, objetos de filantropia de ONGs ou alvos da “guerra ao terror”.

A categoria dos desempregados expandiu-se, pois, e hoje inclui vastas quantidades de pessoas, dos temporariamente desempregados, passando pelos já não empregáveis e permanentemente desempregados, até os habitantes de guetos e favelas (gente que o próprio Marx várias vezes descartou como ‘lumpen-proletários’), chegando, finalmente, a populações inteiras ou estados excluídos do processo capitalista global, como os espaços em branco dos mapas antigos.

Há quem diga que essa nova forma de capitalismo oferece novas possibilidades de emancipação. Essa, seja como for, é a tese de Hardt e Negri em Multidão, onde tentam radicalizar Marx, dizendo que, se se decapitar o capitalismo, obteremos o socialismo. Marx, como esses autores o veem, foi historicamente limitado pela noção de trabalho industrial mecanizado, centralizado, automatizado e hierarquicamente organizado, razão pela qual entendeu o “intelecto geral” como algo de certo modo semelhante a uma agência central de planejamento; só hoje, com o crescimento do “trabalho imaterial”, essa virada revolucionária tornou-se “objetivamente possível”. Esse trabalho imaterial estende-se entre dois polos: do trabalho intelectual (produção de ideias, textos, programas etc.) ao trabalho afetivo (dos médicos, babás e aeromoças). Hoje, o trabalho imaterial é “hegemônico” no sentido em que Marx proclamou que, no capitalismo do século 19, a grande produção industrial era hegemônica: porque se impõe não pela força dos números, mas pelo papel estrutural chave, emblemático que desempenha. Emerge daí um vasto novo domínio chamado “o comum”: conhecimento partilhado e novas formas de comunicação e cooperação. Os produtos da produção imaterial não são objetos, mas novas relações sociais e interpessoais; a produção imaterial é biopolítica, a produção da vida social.


Hardt e Negri descrevem aí o processo que os ideólogos do capitalismo ‘pós-moderno’ celebram como a passagem da produção material à produção simbólica; da lógica centralista-hierárquica à lógica da auto-organização e cooperação multicêntrica. A diferença é que Hardt e Negri são efetivamente fiéis a Marx: tentam provar que Marx estava certo, que o crescimento do intelecto geral no longo prazo é incompatível com o capitalismo.

Os ideólogos do capitalismo pós-moderno dizem exatamente o contrário: a teoria (e a prática) marxista continuam dentro dos limites da lógica hierárquica do controle estatal centralizado e, portanto, não conseguem lidar com os efeitos sociais da revolução da informação. Há boas razões empíricas que sustentam essa posição: o que realmente levou à ruína os regimes comunistas foi a inabilidade para acomodarem-se à nova lógica social sustentada pela revolução da informação: tentaram dirigir a revolução construindo dentro dela um outro projeto centralizado de planejamento estatal em larga escala. O paradoxo está em que o que Hardt e Negri celebram como a única chance de superar o capitalismo é celebrado pelos ideólogos da revolução da informação como o nascimento de um capitalismo ‘sem atrito’.

A análise de Hardt e Negri tem alguns pontos fracos – o que explica como o capitalismo conseguiu sobreviver ao que teria sido (em termos marxistas clássicos) uma nova organização da produção que o teria tornado obsoleto. Os autores subestimam a extensão em que o capitalismo de hoje (pelo menos no curto prazo) já conseguiu privatizar o próprio intelecto geral; subestimam também a evidência de que, mais que a burguesia, os próprios trabalhadores estão-se tornando supérfluos (com número sempre crescente de trabalhadores já não só temporariamente desempregados, mas estruturalmente inempregáveis).

Se o velho capitalismo envolvia idealmente um empreendedor que investia dinheiro (seu ou emprestado) na produção que ele próprio organizava e comandava e, na sequência, o empreendedor embolsava o lucro, um novo tipo ideal começa a emergir hoje: já não se trata do empreendedor dono da própria empresa, mas do gerente especialista (ou de um conselho de gerência e administração presidido por um presidente executivo) que administra uma empresa cujos proprietários são bancos (também administrados por gerentes que não são os donos dos bancos) ou investidores dispersos. Nesse novo tipo ideal de capitalismo, a velha burguesia, que ficou sem função, é refuncionalizada como gerência assalariada: a nova burguesia recebe salários, mesmo que seja proprietária de partes da empresa; e parte de sua remuneração são ações da própria empresa (‘bônus’ pelo ‘sucesso’).

Essa nova burguesia ainda se apropria da mais valia, mas sob a forma (mistificada) do que tem sido chamado de ‘salário extra’: recebem mais que o ‘salário mínimo’ proletário (muitas vezes uma referência mítica, da qual os exemplos reais que se conhecem na economia global é o salário de fome de um operário de porão chinês na China ou na Indonésia), e é essa diferença em relação aos proletários comuns que determina o seu status. A burguesia no sentido clássico tende assim a desaparecer: os capitalistas reaparecem como um subconjunto de trabalhadores assalariados, como gerentes e administradores qualificados para ganhar mais em virtude de sua competência (motivo pelo qual as “avaliações” pseudo-científicas são cruciais: elas legitimam as diferenças nos holerites). Longe de estar limitada a gerentes, a categoria dos trabalhadores que ganham salário extra inclui todos os tipos de especialistas, administradores, funcionários públicos, médicos, advogados, jornalistas, intelectuais e artistas. A mais valia assume então duas formas: mais dinheiro (para os gerentes, etc.), mas também menos trabalho e mais tempo livre (para – alguns – intelectuais, mas também para os administradores do Estado, etc.).

O processo de avaliação que qualifica alguns trabalhadores a receber ‘salário a mais’ é mecanismo arbitrário de poder e ideologia, sem qualquer vínculo com qualquer competência real; o salário a mais não existe por razões econômicas, mas por razões políticas: para manter uma ‘classe média’ que garanta a estabilidade social. A arbitrariedade da hierarquia social não é erro; é, isso sim, questão central, com a arbitrariedade da avaliação desempenhando papel análogo à arbitrariedade do sucesso de mercado.

A violência ameaça explodir não quando há contingência demais no espaço social, mas, sim, quando se tenta eliminar qualquer contingência. Em La Marque du sacré, Jean-Pierre Dupuy concebe a hierarquia como um de quatro procedimentos (‘dispositivos simbólicos’) cuja função é tornar não humilhante a relação de superioridade: a hierarquia propriamente dita (ordem imposta de fora que me permite experienciar meu status social inferior como se não tivesse qualquer relação com meu valor inerente); a desmistificação (procedimento ideológico que demonstra que a sociedade não é uma meritocracia, mas o produto de lutas sociais objetivas, que me permite evitar a dolorosa conclusão segundo a qual a superioridade de outra pessoa seria resultado de seus méritos e realizações); a contingência (mecanismo similar, pelo qual se chega a entender que nossa posição na escala social depende de uma loteria natural e social; os de melhor sorte são os que nasceram com os genes certos, nas famílias ricas); e a complexidade (forças incontroláveis levam a consequências imprevisíveis; por exemplo, a mão invisível do mercado pode determinar o meu fracasso e o sucesso do meu vizinho, mesmo que eu trabalhe muito mais e seja muito mais inteligente).

Diferente do que parece, esses mecanismos não contestam nem ameaçam a hierarquia, porque a tornam palatável, dado que “o que dispara o torvelinho da inveja é a ideia de que o outro merece a boa sorte que tem, não a ideia oposta – a única que pode ser manifesta abertamente.” Dupuy extrai dessa premissa a conclusão de que é grave erro pensar que uma sociedade razoavelmente justa que se perceba como justa, estará, por isso, livre de ressentimentos: é exatamente o contrário; precisamente nesse tipo de sociedade os que ocupam posições inferiores buscam e encontraram, em violentas irrupções de ressentimento, vazão para o orgulho ferido.

Ligado a isso é o impasse que a China enfrenta hoje: o objetivo ideal das reformas de Deng foi introduzir o capitalismo sem qualquer burguesia (porque a burguesia seria a nova classe dominante); mas agora os líderes da China estão ante a dolorosa descoberta de que capitalismo sem hierarquia estável (que a existência da burguesia oferece) gera instabilidade permanente. Que caminho seguirá a China? Os ex-comunistas estão emergindo como os mais eficientes gerentes do capitalismo, porque a inimizade histórica que nutrem contra a burguesia como classe acomoda-se perfeitamente à tendência do capitalismo de hoje para tornar-se capitalismo gerencial sem uma burguesia – nos dois casos, como Stálin disse há muito tempo, “os quadros decidem tudo”. (Diferença interessante entre a China de hoje e a Rússia: na Rússia, os professores universitários são escandalosamente mal pagos – e, de fato, já são parte do proletariado; – na China, recebem confortabilíssimo salário ‘a mais’, mecanismo pelo qual sua docilidade fica assegurada.)


A ideia do salário a mais também lança nova luz sobre os protestos ‘anticapitalistas’ em curso. Em tempos de crise, os candidatos óbvios ao ‘aperto do cinto’ são os baixos níveis da burguesia assalariada: o protesto político é seu único recurso, se querem evitar unir-se ao proletariado. Embora os seus protestos sejam nominalmente dirigidos contra a brutal lógica do mercado, estão, de fato, protestando contra a gradual erosão do lugar econômico privilegiado (politicamente) que sempre foi deles. Ayn Rand tem uma fantasia em Atlas Shrugged (1957) [2], de capitalistas ‘criativos’, fantasia que encontra sua realização pervertida nas greves de hoje, que são greves, na maior parte, de uma ‘burguesia assalariada’ movida pelo medo de perder seus privilégios (o ‘a mais’ sobre o salário mínimo). Não são protestos proletários: são protestos contra a ameaça de serem reduzidos a proletários. Quem se atreve a fazer greve hoje, em tempos em que ter emprego fixo já é, só isso, um privilégio? Não os trabalhadores mal pagos (no que resta) da indústria têxtil etc., mas os trabalhadores privilegiados que têm empregos garantidos (professores, funcionários dos serviços de transporte público, policiais). Vale o mesmo para a onda de protestos de estudantes: a principal motivação é, pode-se dizer, o medo de que a educação superior não mais lhes assegure ‘salário a mais’ depois que deixarem a universidade.


Ao mesmo tempo, é evidente que o vasto renascimento de protestos do ano passado, da Primavera Árabe à Europa Ocidental, de Occupy Wall Street à China, da Espanha à Grécia, não pode ser reduzido a revolta da burguesia assalariada. Cada caso tem de ser considerado à luz dos próprios méritos. Os protestos de estudantes contra a reforma universitária na Grã-Bretanha foram visivelmente diferentes dos tumultos de rua de agosto, que foram carnaval de destruição consumista, verdadeira explosão dos excluídos[3]
.

Pode-se dizer que os levantes no Egito começaram em parte como revolta da burguesia assalariada (jovens educados em protesto contra a ausência de perspectivas de vida para eles mesmos), mas esse foi apenas um aspecto de protesto mais amplo contra um regime opressivo. Por outro lado, os protestos não mobilizaram trabalhadores pobres e camponeses; e a vitória eleitoral dos islamistas é indicação de o quanto era pequena a base secular original das manifestações de rua.

A Grécia é caso especial: nas últimas décadas, foi criada ali uma nova burguesia assalariada (sobretudo dentro da super ampliada base administrativa do Estado) graças à ajuda financeira e aos empréstimos da União Europeia; e os protestos foram motivados, em grande parte, contra as ameaças de extinguirem-se aqueles privilégios.


Ao mesmo tempo, a proletarização das faixas de salários mais baixos da burguesia ocorre ao lado do oposto extremo: a remuneração economicamente irracionalmente muito alta paga aos gerentes-executivos top e banqueiros. Essa remuneração é economicamente irracional, sim: pesquisas já comprovaram nos EUA que a remuneração dos gerentes-executivos top e banqueiros é inversamente proporcional ao sucesso das respectivas empresas.

Em vez de nos pormos a escrever crítica moralista contra essas tendências, temos de lê-las como sinais de que o próprio sistema capitalista já não é capaz, ele mesmo, de encontrar níveis de estabilidade autorregulada. É o mesmo que dizer que o capitalismo está a um passo de descontrolar-se completa e absolutamente.


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11/1/2012, Slavoj Žižek, London Review of Books (só Online)
http://www.lrb.co.uk/2012/01/11/slavoj-zizek/the-revolt-of-the-salaried-bourgeoisie


[1] MARX, Karl, Grundrisse. Manuscritos econômicos de 1857-1858: Esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011 [trad. Mário Duayer] [NTs].

[2] Ver também “Slavoj Zizek fala à rede Al Jazeera: Agora, o campo está aberto”, 8/11/2011, em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/11/slavoj-zizek-fala-rede-al-jazeera-agora.html [NTs].

[3] Ver 20/8/2011, “Assaltantes de lojinhas do mundo, uni-vos!”, em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/slavoj-zizek-assaltantes-de-lojinhas-do.html


Recife: Azabumba e Rabecando com Públius Lentulus


“Uma pessoa fundamental na minha formação é a professora Cirinéia Amaral. Ela foi quem me sensibilizou, e me motivou bastante em ser minha docente de música no Colégio de Aplicação da UFPE, além de passar muitos conhecimentos sobre a cultura popular de Pernambuco”.
Públius Lentulus – cantor, compositor e arranjador





Foto: Marcelo Lira.

Entrevista exclusiva com Públius Lentulus
. Confira!

Antonio Nelson – Seu nome foi inspirado no senador romano?

Públius Lentulus – Meu nome é realmente Públius Lentulus, e foi inspirado no senador Romano, do Romance: Há dois mil anos. Eu nasci há dois mil anos atrás! (risos).

A.N – Você nasceu e foi criado no Recife? Como foi o primeiro contato com a música? Como começou tudo?

Públius – Sou nascido e criado no Recife, mais precisamente na Várzea, região muito firme, forte, fértil e rica, no que tange a cultura popular. Terra de grandes Mestres como seu Dida - finado Mestre da Burra da Várzea, brincante e fabricante de brinquedos populares -, Mário Sete Cordas, Cláudio (cavaquinista), e de grandes compositores como Ivan Moraes.

A Várzea é também o lugar onde tive o primeiro contato com a Educação Musical Formal, onde está situado o Colégio de Aplicação da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), e também a Escola Municipal de Artes João Pernambuco, além do Departamento de Música da UFPE, e do Núcleo de Etnomusicologia, onde conclui uma Pós-graduação.

Sempre ouvia muito desde criança os discos de artistas populares como Claudionor Germano, Roberto Carlos, The Pops, Michael Jackson, e de Orquestras Cubanas, dentre outros discos dos meus pais, além de ouvir bastante as rádios AM e FM, onde fui aprendendo a gostar de música popular, para depois passar a criar as minhas próprias canções.


A.N – O bandolim é seu instrumento mais íntimo? O público ainda não conhece bem a faceta desse banjo?

Públius - O bandolim é o instrumento onde melhor me encontrei, acredito, para expressar a música de maneira mais pessoal, buscando inspirações nas músicas tradicionais, e no pop para transcender a escola desse instrumento para além do universo do chorinho e do samba, que tanto caracterizam o bandolim brasileiro.

Comecei a tocar esse instrumento na Orquestra de Pau e Corda, do Bloco Lírico Cordas e Retalhos, em 1998.

Mas, no Ensino Formal de Música comecei tocando violão e viola caipira, através de métodos de Roberto Correia e Braz da Viola, para somente depois enveredar pelos caminhos do bandolim e de outros instrumentos de corda, como o charango e a guitarra elétrica.


A.N – Quais músicos de Pernambuco são ícones para sua formação?

Públius – “Uma pessoa fundamental na minha formação é a professora Cirinéia Amaral. Ela foi quem me sensibilizou, e me motivou bastante em ser minha docente de música no Colégio de Aplicação da UFPE, além de passar muitos conhecimentos sobre a cultura popular de Pernambuco”.

Estudei com grandes violonistas como Wander Vieira e Márcio Beltrão, na João Pernambuco, além de Teoria e Harmonia com Marco César e Edvaldo Filho.
O professor e doutor em música Carlos Sandroni, também foi fundamental nessa trajetória em busca da música, com seu aprendizado além do âmbito acadêmico. Já o professor e doutor Daniel Sharp, da Universidade do Texas, influenciou bastante um aprofundamento acerca da Etnomusicologia.

A.N – O Movimento Manguebeat e o Pós-manguebeat?

Públius – O Manguebeat , assim como o Pós-mangue são fundamentais para se compreender os desdobramentos da música independente atual em todo o Brasil, e são referências estéticas muito relevantes para o processo de criação da nossa obra. Sempre acompanhei de perto o Mestre Ambrósio (já extinto), sobretudo, a Nação Zumbi e o Mundo Livre S/A, além da Banda Eddie, e todas as bandas independentes que (res)surgiram após o boom do Manguebeat, como o Chão e Chinelo, o Cordel do Fogo Encantado e a Comadre Fulozinha (já extintos); a Academia da Berlinda, Mula Manca, Mombojó, China, Jr. Black, Mônica Feijó, Treminhão, Tonino Arcoverde, Júnior Barreto, Herbert Lucena, Sérgio Cassiano, Joaquim Izidro, Cláudio Rabeca, Fim de Feira, dentre outros.

Como grandes novidades em Pernambuco, destaco o Idílio Moderno, duo formado por Julio Rangel e André Maria, dois grandes cantores e compositores, além de grupos como Arabiando, Saracotia e o Galho Sec, que contribuem na renovação do choro e da música instrumental brasileira.

Destaco os grupos mais tradicionais como o Samba de Coco Raízes de Arcoverde, e Mestres como Ferrugem, Dona Cila, Bongar e Aurinha do Coco, que são referências estéticas.

Também não deixo de reconhecer e valorizar a grande importância das mais antigas gerações da música pernambucana: João Pernambuco, Luperce Miranda, Capiba, Nelson Ferreira, Luiz Gonzaga, o Movimento Armorial, a Banda de Pau e Corda, o Quinteto Violado e o Quarteto Novo, além de artistas da geração udigrudi, nos anos 1970, como Lula Côrtes, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, e o grupo Ave Sangria.

A.N – Quais são suas expectativas para o Carnaval Multicultural do Recife? Onde você tocará?

Públius - As expectativas são sempre positivas! É sempre muito bom participar dessa grande festa! Espero poder fazer parte desse grande congraçamento que enfeita as ruas do Recife e Olinda com poesia, alegria, e arte, sobretudo.

A.N – Como surgiram as bandas Azabumba e Rabecado? Por que dois projetos?

Públius – A Azabumba surgiu em meados de 1999, a partir do encontro com Gustavo Azevedo e Juliano Holanda, além de Carlos Amarelo e Bruno Vinezof, após passarmos por várias formações, temos dois discos para ouvir no: www.reverbnation.com/azabumba.

O Rabecado surgiu para embalar as noites pré Carnavalescas Olindenses com baião, carimbós e arrasta-pés em meados de 2004, e acabou lançando dois discos (em 2007 e 2011) e um DVD coletivo chamado Quatrofonia, também lançado no ano passado. Os discos do Rabecado estão disponíveis para audição na internet: 
www.reverbnation.com/rabecado.

Foto: Emerson Calado

A.N – É difícil espaço na grande mídia local? As redes sociais, blogs e sites facilitam propagar sua arte?

Públius - Aos poucos vamos ganhando mais espaço na mídia impressa e televisiva. Tocamos bastante na Rádio Universitária FM e Folha FM. Enquanto isso, vamos divulgando na cibermídia nossos vídeos e músicas.

O reverbnation, myspace, youtube, além de blogs, facebook e twitter, se tornam grandes ferramentas para propagação dos nossos projetos. O videoclipe da música Dois Unidos, por exemplo, tem mais de 200 mil acessos no Youtube. Um grande mérito para uma banda independente.

A.N – O Brasil oficial e Brasil real?

Públius - O Brasil oficial e o real são ilustrados por Machado de Assis, e continuam a existir, mas cada vez mais pessoas procuram revelar o Brasil real através da Arte.

A.N – Quais são seus escritores preferidos? Está lendo algum livro?

Públius - Gosto muito de Mauro Mota, Carlos Drummond, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, além da poesia oral dos cantadores de viola, como Zé Vicente da Paraíba.
Escritores como João Cabral, Ascenso Ferreira, Marco Polo Guimarães, e populares como Zé da Luz, Cancão (João Batista de Siqueira) fazem parte das minhas maiores referências para criação.

Atualmente, venho musicando sonetos de Waldemar Emídio de Miranda, poeta recifense, ainda pouco conhecido pela grande mídia, mas de relevante obra. O último livro que li foi "El libro de las preguntas", de Pablo Neruda.

A.N – É indispensável o ensino da música nas escolas?

Públius – É fundamental estudar música. É preciso estimular as novas gerações a estudarem História da Música, para se reconhecerem como novos atores nessa construção da música brasileira.

Foto: Michele Assumpção.

A.N – Quais lugares do Brasil você gostaria de tocar?

Públius - Gostaria de circular com o espetáculo do DVD Quatrofonia, que reúne o Rabecado junto com grandes artistas, como Tonino Arcoverde, Joaquim Izidro e Sérgio Cassiano, em um show itinerante em diversas regiões do país como o sudeste (SP, RJ e MG), centro-oeste (DF, GO), e sul (RS), e obviamente pelo Nordeste: na Bahia, em Fortaleza, no Crato, e em Juazeiro do Norte.
Os artigos assinados não representam necessáriamente a opinião do Sentinelas da Liberdade. São da inteira responsabilidade dos signatários. Sentinelas da Liberdade é uma tribuna livre, acessível a todos os interessados.