quinta-feira, 5 de julho de 2012

Show dos 25 anos da música dos Guns N' Roses acontece no Recife



Por Antonio Nelson


A música "Appetite for Destruction", da banda Guns N' Roses, está para completar 25 anos de existência e conta com única apresentação do Guns Cover, no Bar Burburinho, em 21 de julho, sábado, às 21h, na cidade do Recife. Serão tocados os clássicos do Guns e na mesma noite acontecerá Tributo ao Metallica.


Serviço
Sábado 21 de Julho, 22 h
No Bar Burburinho, rua Tomazina, 106, Bairro do Recife.
Ingressos:
R$ 15,00 (Antecipado)
R$ 20,00 (No local)

Lenine e a psicanálise freudiana




Letra da música Olho de Peixe é objeto de análise 

Olho de Peixe - Arte: Ciclotron Irajá*

Por Denise Lima*

N
ão assumo posição de que a psicanálise possa interpretar tudo, em especial a arte, em qualquer de suas manifestações ou linguagens.
Cabe, portanto, uma advertência: não se trata de recorrer à psicanálise para interpretar objetos que são estudados em outros campos do conhecimento. Trata-se, sim, de trazer à luz, a partir da teoria psicanalítica, novas questões que se propõem em forma de diálogo, que pode resultar em grande proveito para tais campos de conhecimento, numa perspectiva inter ou multidisciplinar - característica do pensamento complexo.

Não se trata, também, de justapor interpretações para melhor compreender um determinado objeto, mas de estabelecer uma relação entre elas, mantendo suas próprias identidades, construídas ao longo da história do campo a que pertencem, respeitando-se as características de irredutibilidade de cada uma, ainda que – diante do objeto complexo[1] – possa haver uma fusão (indefinição) em suas fronteiras. Esta relação - que inclui, também, a contestação, que caracteriza o diálogo – pode levar a novas interpretações e construções do objeto, como também, eventualmente, a transformá-lo.

Dito isto, vamos tentar um diálogo entre a visão psicanalítica freudiana e a letra de Lenine, em sua música Olho de Peixe. (Apenas para não deixar passar esta ocasião para lembrar uma questão, exaustivamente debatida: letra de música pode ser poesia? Dizia Wally Salomão que sim, o que provocou muita polêmica. Deixando à parte, poesia ou não, podemos pensar que qualquer produção humana deve ser levada em consideração).

No que a psicanálise pode contribuir para elucidar sentidos nesta letra de música, a partir das contribuições desta para dar-nos pistas para a compreensão do psiquismo humano?

Redoma de vidro é o que, primeiramente, chama atenção. Redoma dá uma idéia do campo defensivo do sujeito, que nada sabe sobre si mesmo e se protege por meio de uma ficção (ou racionalização), que pouco corresponde à sua própria verdade. Pode representar as defesas – inclusive a repressão (ou recalque) - do Eu, parte consciente, grande parte inconsciente.


Apesar de o Eu ser um lugar da ilusão e da mentira, ainda assim, não podemos perder de vista que é com o esse eu que pensamos, raciocinamos, refletimos, tomamos decisões, construímos e fazemos escolhas éticas. Sem falar no poder que temos, consciente e determinado, de superar nossas próprias dificuldades.

Redoma de vidro é uma expressão bonita e significativa: a defesa, a proteção, podem ser quebradas. É o que acontece com o retorno do reprimido (ou recalcado), em forma de sintomas, sonhos, atos falhos, chistes – que são manifestações do inconsciente.

Pulo para “a mente é como um baú e o homem decide o que nele guardar”.

Não decide. Não há escolha sobre o que guardar ou não, assim como não há escolha da orientação sexual. Lembremos Monod, em Acaso e necessidade, quando diz que o homem tenta, desesperadamente, negar a contingência!

Se o homem decide o que guardar em seu baú, talvez isso se refira às lembranças conscientes que ficam preservadas, as quais fazem parte da ficção que faz sobre si mesmo. Sem esquecer que as lembranças são sempre encobridoras, dizia-nos Freud. Fala Lenine: “ele se permite esquecer de lembrar”. É isso mesmo: por que se permite – inconscientemente – esquecer de lembrar, repete. Repete situações, padrões, amores, para não se lembrar. A possibilidade de ruptura dessa cadeia – tratada em Recordar, repetir e elaborar, texto de Freud de 1914 – inaugura a capacidade de invenção, de novas construções.

Dou um pulo: “na cabeça do homem tem um porão, onde moram o instinto e a repressão”. Porão é a parte de baixo. É o que vem primeiro, e, de certa forma, o que sustenta a construção do edifício. Interessante metáfora usada por Lenine! Pois o que vem primeiro, de certa forma, são as pulsões (instintos) de vida (pulsões do Eu – autoconservação - e sexuais – preservação da espécie) e de morte – destrutividade humana. Lá, no porão, não mora a repressão, mas esta é a condição de possibilidade do porão, onde moram os instintos. Repressão dos instintos (pulsões) para que a civilização seja possível (Freud, Norbert Elias etc.).

A pergunta insistente de Lenine: o que tem no sótão? O sótão é a parte superior do edifício – para usar a metáfora espacial - onde se guardam coisas, muitas vezes esquecidas e sem uso. Se guardadas é porque possuem uma potencialidade (no sentido dado por Nietzsche), ainda que encobridoras. Mas já é uma pista que Sherlock Holmes não desprezaria.

Arrisco dizer que o sótão pode ser uma metáfora para representar o instinto (pulsão) não reprimido, mas sublimado, um dos destinos possíveis das pulsões. Ou seja, a capacidade humana de não se render às pulsões (tanto as sexuais, de vida, quanto às de morte), que torna possível, ainda que tenha que se valer delas, a produção de uma música como esta de Lenine.





Grande idéia esta de provocar convergências entre a psicanálise e a letra desta música! Espero ter demonstrado, neste curto artigo, a possibilidade de diálogo que propus fazer, de modo incipiente.

Perdoem-me as frases que não comentei, talvez mais importantes do que as que selecionei. Outras abordagens farão isso, espero. “O capuz negro que cega o falcão selvagem”, por exemplo. Forte essa frase. Dá-nos o que pensar! O capuz negro, tarja preta. Podemos relacioná-lo tanto à censura quanto ao luto. Também ao anonimato. A censura, o luto e anonimato têm algo em comum: algo que se perde.

Talvez possamos remetê-lo (capuz negro) a um dos conceitos fundamentais da psicanálise: a defesa que usamos, totalmente inconsciente, com o fim de não enxergarmos o falcão selvagem que existe em todos nós. Se o falcão selvagem deve ser “domado” para que exista Cultura, parte deste selvagem, no que se refere à pulsão de morte, pode significar uma boa defesa! Se dirigida à pulsão de vida, esse falcão selvagem deve ser a força criadora, inventiva, persistente, louca, aquela que promove a Arte, a Ciência e a Filosofia.

Mais uma coisa a se pensar: a pulsão de vida e a de morte funcionam acopladas...

[1] Objeto complexo diz respeito à Teoria da complexidade (Morin, Prigogine) que está sendo adotada como novo paradigma epistemológico para a delimitação do campo da ciência.
 
*Denise Maria de Oliveira Lima é psicanalista e tem graduação em Psicologia. Além disso, com formação em Ciências Jurídicas e Sociais. Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas e Doutora em Ciências Sociais (UFBA). Professora da Faculdade Social da Bahia, onde leciona Psicanálise I e II. Escreveu com exclusividade para o Sentinelas da Liberdade.

*Confira entrevista exclusiva com Ciclotron Irajá (http://ciclotrons.blogspot.com.br )para a revista Continente com a repórter Elisa Jacques :

Artes Visuais



Visões simétricas de um ciclope urbano



No Recife, Rands anuncia desfiliação do PT e saída de cargos públicos Deputado federal divulgou decisão através de carta. Ele diz que devolverá mandato de deputado e entregará cargo de secretário.

Do G1 PE

Deputado federal divulgou decisão através de carta. Ele diz que devolverá mandato de deputado e entregará cargo de secretário.

Maurício Rands anunciou saída da vida pública
(Foto: Reprodução/TV Globo)

O deputado federal Maurício Rands informou nesta quarta-feira (4), por meio de uma carta, a desfiliação dele do Partido dos Trabalhadores (PT). No documento, ele também diz que devolverá o mandato de deputado federal ao partido e anuncia o afastamento definitivo do cargo de secretário de governo do estado.
Maurício Rands fez uma crítica ao PT e alegou que tomou a decisão depois que a direção nacional do partido determinou a retirada da candidatura dele e a do prefeito João da Costa à Prefeitura do Recife, anulando as prévias na cidade. “Depois da decisão da direção nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e à do atual prefeito, recolhi-me à reflexão. Concluí que esgotei por inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT”, comentou Rands na carta.

O presidente estadual do PT em Pernambuco, deputado Pedro Eugênio, disse que lamenta muito a saída de Mauricio Rands do partido, mas que ele tem o direito de seguir o próprio caminho político.

Rands informou que, após a confusão nas prévias do partido, as divergências de métodos e práticas ficaram mais claras e insuperáveis. Ele critica a atitude autoritária da direção nacional do PT. “Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária”, explicou no documento.


O deputado disse que a falta de diálogo com a militância no Recife e a ruptura provocada após a decisão da direção nacional provocaram a saída dele da vida de militante partidário. “Ignoraram que existiam alternativas, procedimentais e de quadros, dentro do partido, que unificariam a frente em torno de uma candidatura do PT”, comenta.

Por fim, o deputado fez elogios a Geraldo Júlio, do PSB, e anunciou que vai apoiar o candidato da Frente Popular para prefeito do Recife. “Trabalhei diretamente com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o sucesso do governo Eduardo Campos. Acredito que Geraldo Júlio é o quadro mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal do Recife”, explicou no texto. Rands ainda declara: “Saio da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania”.

Confira, na íntegra, a carta enviada por Maurício Rands:
Carta ao Povo de Pernambuco
Venho aqui me comunicar diretamente com meus eleitores, companheiros, amigos e com o povo de Pernambuco, em especial com os militantes do Partido dos Trabalhadores - PT, que compartilharam comigo tantas lutas pela democracia e pela construção de uma sociedade melhor.


Nas prévias internas de definição do candidato do PT e da Frente Popular, durante dois meses, participei de intenso debate sobre o Recife e a vida partidária. Interagi com os militantes, na compreensão conjunta de que a melhoria da condição de vida na cidade é um processo de construção coletiva no qual o partido tem grande responsabilidade em servir de exemplo na demonstração de práticas democráticas. Testemunhei todo o engajamento desprendido e consciente de milhares de pessoas nesse nobre debate. Destes militantes, levarei para sempre as melhores memórias e a eles sou profundamente grato.
Depois da decisão da direção nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e à do atual prefeito, recolhi-me à reflexão. Ponderei sobre o processo das prévias e sobre o momento político mais geral. Concluí que esgotei por inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT. Percebi terem sido infrutíferas e sem perspectivas minhas tentativas de afirmar a compreensão de que o 'como fazer' é tão importante quanto os resultados.
As diferenças de métodos e práticas, aliás, já vinham sendo por mim amadurecidas e acumuladas há algum tempo. Todavia, este processo recente fez com que as divergências ficassem mais claras e insuperáveis. Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária.
No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. Mas lutamos, também, para renovar os procedimentos com o objetivo de reforçar as práticas democráticas.

Porém, setores dominantes da direção nacional do PT já tinham outro roteiro que não o debate democrático com a militância do PT no Recife e a sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife.
Por não terem dialogado com a militância do PT no Recife, muito menos com a Frente Popular, ignoraram que existiam alternativas, procedimentais e de quadros, dentro do partido, que unificariam a frente em torno de uma candidatura do PT. Com a decisão da direção nacional do PT, lamentavelmente, esta unidade resultou rompida. Diante da minha discordância com essa ruptura provocada pela direção nacional do partido, concluí que cheguei ao fim de um ciclo na minha vida de militante partidário.


É nesse quadro que comunico aqui três decisões tomadas por mim. Primeiro, a minha desfiliação do PT. Segundo, a devolução do mandato de Deputado Federal ao partido. E, por último, meu afastamento definitivo do cargo de Secretário do Governo Eduardo Campos.


Existiram diversas razões que me levaram a este caminho. A mais crucial dá-se no nível da minha consciência. Sempre agi, na vida e na política, com o maior rigor entre o que penso e o que faço. Sempre cumpri os deveres da minha consciência.
Defendi nos debates partidários a renovação do modo petista de governar e a implantação de um novo modelo de gestão no Recife. Modelo capaz de aprofundar nossa concepção de democracia participativa e especialmente de trazer para a cidade métodos e ações que o Governo Eduardo Campos vem praticando de maneira exemplar e com reconhecimento inclusive internacional, mas que a administração do Recife não conseguiu implantar.

Minha experiência como Secretário do Governador Eduardo Campos foi fundamental para entender a importância da política do fazer, com formas competentes e inovadoras de gerir os recursos públicos, atrair investimentos privados e promover a inclusão social.
Ainda nos debates das prévias, defendi a renovação das práticas e dos quadros partidários, bem como a melhoria da articulação política do governo municipal com o parlamento, os partidos da base e a sociedade civil organizada. Nesses 32 anos de militância, dediquei grande parte de minha vida a fortalecer o campo democrático-popular, lutando para aumentar a participação e consciência política do nosso povo.
Amadureci as decisões que acabo de tomar com base em fatos altamente relevantes que impactaram minha consciência de cidadão. Entre estes, a opção da quase totalidade da Frente Popular pela indicação de Geraldo Júlio como candidato a Prefeito do Recife.

Trabalhei diretamente com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o sucesso do Governo Eduardo Campos. Acredito que Geraldo Júlio é o quadro mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal do Recife. Implantando na cidade o que o Governador Eduardo Campos está fazendo em Pernambuco, ele vai melhorar concretamente a vida do povo do Recife.
Estou consciente de que o nosso povo vai entender o significado da escolha de um novo quadro para transformar as práticas político-administrativas na cidade. Geraldo Júlio vai representar a renovação dentro de uma frente política que - espero - seja mantida, mesmo com o lançamento de duas candidaturas no seu campo.
Como esta posição tem graves implicações para minha vida partidária, decidi que devo sair do PT e, com dignidade, devolver meu mandato ao partido. E como gesto concreto de que não se trata de um jogo menor, de barganha por espaços de poder, decidi também sair definitivamente do Governo Eduardo Campos. Esse é o custo, sem dúvida elevado, de ser fiel à minha consciência cidadã. Saio da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania.

Recife, 03 de julho de 2012
Maurício Rands

 

Os artigos assinados não representam necessáriamente a opinião do Sentinelas da Liberdade. São da inteira responsabilidade dos signatários. Sentinelas da Liberdade é uma tribuna livre, acessível a todos os interessados.