sexta-feira, 29 de junho de 2012

Começa no Recife 10ª Mostra Brasileira de Dança




Por Antonio Nelson

Com palestras, oficinas, apresentações gratuitas e pagas até R$20*, Recife inicia a 10ª Mostra Brasileira de Dança com produções locais, profissionais, amadoras e com destaque das companhias dos estados brasileiros. O evento começa de 30 de junho a 08 de julho de 2012. Além disso, Os municípios de Olinda e Jaboatão dos Guararapes serão contemplados pela Mostra. Com a realização dos produtores Iris Macedo e Paulo de Castro, a público assitirá aos estilos, coreografias isoladas no espaço público e privado.

Já no Teatro Santa Isabel, na capital pernambucana, haverá também inéditos espetáculos. Confira abaixo a programação:

  
30 de junho (sábado), às 20h30 e 01 de julho (domingo), às 19h.
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) | Gratuito.
São Paulo Companhia de Dança (São Paulo/SP)
Coreografias: Bachiana Nº 01, Grand Pas de Deux de Dom Quixote, Ballet 101 e Gnawa.
 

 
01 de julho (domingo), às 16h.
Alto da Sé (Olinda) | Gratuito.
02 de julho (segunda), às 16h.
Parque da Jaqueira (Recife) | gratuito.
1º Ato Grupo de Dança (Belo Horizonte/MG).
Espetáculo: Pequenos Atos de Rua.
03 de julho (terça), às 20h.
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Bacnaré – Balé de Cultura Negra do Recife (Recife/PE).
Espetáculo: Memórias.

03 de julho (terça), às 20h30
Teatro de Santa Isabel | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Cia. Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira (São Paulo/SP).
Espetáculo: Delírio.
04 de julho (quarta), às 19h40
Parque Dona Lindu (Boa Viagem) | Gratuito.
Gardênia Coleto (Jaboatão dos Guararapes/PE).
Coreografia: ÂMBAR: Três Bailarinas de Degas.

04 de julho (quarta), às 20h.
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Cia. Etc (Recife/PE).
Espetáculo: Dark Room.

04 de julho (quarta), às 20h.
Teatro Barreto Júnior | Gratuito.
Grupo Peleja (Olinda/PE).
Espetáculo: Guarda Sonhos.
05 de julho (quinta-feira), às 20h.
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Coletivo Lugar Comum (Recife/PE).
Espetáculo: Noite de Performances Corpos Compartilhados (Topografias do Feminino, OSSevaO, Valsa.me e Pé de Saudade).

05 de julho (quinta), às 20h.
Teatro Barreto Júnior | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Cia. Pé-Nambuco de Dança (Recife/PE).
Espetáculo: Majho Majhobê Olubajé.

06 de julho (sexta-feira), às 20h.
Teatro de Santa Isabel | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Noite de Coreografias Profissionais.
- Rogério Alves (Recife/PE) – Coreografia: João do Esfregão.
- Grupo Funknáticos (Recife/PE) – Coreografia: Original Funk.
- Jorge Kildery (Recife/PE) – Coreografia: Christine J..
- Grupo Acaso (Recife/PE) – Coreografia: Para Josefina.
- Popper Mask (Paulista/PE) – Coreografia: Seu Sonho.
- Hayala César (Recife/PE) – Coreografia: Áspero-Afago.


06 de julho (sexta-feira), às 20h.
Teatro Barreto Júnior | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Noite de Coreografias Amadoras.
- Tâmara Dornelas e Ivan Jr. (Recife/PE) – Coreografia: Pas de Deux Satanella.
- Cia. Roberto Pereira Danças de Salão (Recife/PE) – Coreografia: Samba Feito Só Pra Mim.
- Cia. Gothá (Recife/PE) – Coreografia: Eu, o Outro.
- Aquarius Tribal Fusion Cia. de Dança (Recife/PE) – Coreografia: Lunar.
- Cia. de Dança Ferreiras (Recife/PE) – Coreografia: Sentimento à Flor da Pele.
- Ballet Maysa (Recife/PE) – Pequena Mostra de Variação de Repertório – Coreografias: trechos dos ballets Lago dos Cisnes, A Filha do Faraó, A Bela Adormecida e Spartacus.
- Grupo Pantomima (Recife/PE) – Coreografia: Sabiá.
- Cia. Terapia Dança Salão (Recife/PE) – Coreografia: Sambassim.
- Aria Espaço de Dança e Arte (Jaboatão dos Guararapes/PE) – Coreografia: Bandolins.
- Darilson Cassiano e Luana Martins (Recife/PE) – Coreografia: El Baile Salsa.

07 de julho (sábado), às 20h
Teatro de Santa Isabel | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Cia. Dita (Fortaleza/CE).
Espetáculo: De-Vir.

07 e 08 de julho (sábado e domingo), às 16h.
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) | R$ 20,00 e R$ 10,00.
Virtual Companhia de Dança (São José do Rio Preto/SP).
Espetáculo para todas as idades: Peter Pan.
 

* Como comprar ingresso: Começa no Recife 10ª Mostra Brasileira de Dança



 

Expectativa de vida no país sobe 25,4 anos de 1960 a 2010, diz IBGE

Do G1, em São Paulo

Nascidos há meio século tinham esperança de vida de 48 anos. Número médio de filhos por mulher caiu de 6,3, em 1960, para 1,9, em 2010.

A expectativa de vida do brasileiro nascido em 2010 alcançou 73,4 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (29). Ao ser comparada com os dados de 1960, quando a perspectiva era de que o cidadão vivesse 48 anos, a esperança de vida do brasileiro tem um aumento de 25,4 anos.

Os dados do IBGE também mostraram que o número médio de filhos por mulher caiu de 6,3, em 1960, para 1,9, em 2010. Segundo o levantamento do instituto, isso indica que a população brasileira está mais envelhecida. A parcela de idosos (65 anos ou mais) passou de 2,7% (1960) para 7,4% (2010).

O Censo 2010 identificou que a participação da população com idade entre 0 e 14 anos caiu de 42,7% (1960) para 24,1% (2010). A diminuição da mortalidade permitiu o aumento da participação da população em idade ativa (15 anos a 64 anos), que em 1960 era de 54,6% e passou para 68,5% em 2010.
O instituto registrou ainda que aumentou a proporção de mulheres sobre os homens. Em 1960, existiam 99,8 homens para cada 100 mulheres. Em 2010, eram 96 homens para cada 100 mulheres.

Declaração de raça

Segundo o IBGE, 90,6 milhões de brasileiros se declararam como brancos em 2010, o equivalente a 47,7% da população. No mesmo ano, 82,8 milhões de pessoas se classificaram como pardos (43,1%) e outros 14,3 milhões, como pretos. (Os termos branco, preto e pardo são utilizados no relatório oficial do IBGE.)

O levantamento também apontou que 817 mil pessoas se declararam indígenas (0,4%). Desse universo, 60,8% estavam concentrados nas áreas rurais. Do total da população brasileira, apenas 15,6% vivem na zona rural.

Santa Catarina tem a maior proporção de brancos (84%), seguido do Rio Grande do Sul (83,2%) e Paraná (70,3%). Em contrapartida, apenas 20,9% da população de Roraima se declarou branca.
A maior proporção de pardos foi registrada no Norte e no Nordeste. Na Bahia, são 17,1%, cerca de 24 milhões de pessoas que se classificaram como pardos. No Rio de Janeiro, 12,4% se declaram pretos, cerca de 2 milhões de pessoas.

 

Uma histórica vocação reprimida (ou esquecida?) no povo brasileiro


 
Será que poderíamos selecionar os assuntos de maior interesse de uma sociedade através do espaço que seus meios de comunicação dão a determinados temas? Tal classificação refletiria o interesse social se tivéssemos veículos midiáticos realmente democráticos. Talvez a internet seja o espaço que mais se aproxime deste ideal, pois apesar de ser um espaço de controle, ainda não se tornou um espaço totalitário, e dificilmente um dia o será. 

O fato é que quando se analisa a presença do tema Ciência eTeconologia na mídia vemos que este tem ocupado muito pouco espaço bahiana (principalmente nos meios impressos). Mas, sejamos justos, este não é um fenômeno tipicamente bahiano, é antes de tudo brasileiro. As razões deste fato se dão por origens sociais e históricas complexas. Um linha de investigação que pode servir como ponto de partida para mapearmos estas origens seria a maneira como temos construído nossa história nacional e regional e qual o papel que a ciência e a tecnologia tem tido nesta construção narrativa.

Enquanto em países como Inglaterra, França, Alemanha, EUA, etc, a história da ciência se entrelaça com a história da construção da soberania e da identidade nacional, aqui no Brasil a história da nossa ciência é colocada de forma marginal nos livros de história do Brasil, se é que ela aparece. Lembro que a narrativa mais forte em minha memória da época do ensino médio, em relação ao aparecimento da interferência da ciência na história política e social do Brasil, se dá quando estudei a revolta da vacina no Rio de Janeiro. Porém, a imagem que ficou não se resumiu a uma sociedade revoltada contra uma obrigatoriedade do estado, somos levados a concluir que esta revolta foi pautada na ignorância e no medo contra o novo e contra um cientista excêntrico e ditador.
Em outro momento, conhecemos um Santos Dumont que tanto se forma quanto ganha fama fora do Brasil, e nos perguntamos se teríamos este grande inventor se ele não tivesse se mudado para Paris ainda jovem.
O ponto central destes exemplos acima é que não importa se tais leituras históricas são equivocadas ou incompletas (e provavelmente o são) o que importa é que a história contada nos livros didáticos (aqueles livros que formam a maioria dos futuros cidadãos brasileiros) parece nos mostrar um país não vocacionado à ciência e à inventividade técnica de ponta.
Já tivemos um ministro que disse, no início da década de noventa, que tecnologia não precisa se produzir quando se pode comprar. Pois é, há um movimento no Brasil que crê que devemos aceitar a nossa vocação tupiniquim para fornecer matéria prima e mão de obra barata em troca de consumir aquilo que é produzido por aqueles que têm a devida vocação para inventar e produzir.
Porém, o caminho para uma inevitável mudança de direção tem ocorrido. O Brasil tem despertado para o seu potencial inventivo, criativo e intelectual, e este último tem sido usado não somente para inventar, mas também para compreender melhor o mundo. Nos últimos anos vimos várias agencias regionais de amparo à pesquisa e à inovação tecnológica surgirem fora da região sudeste.

Agências como a FAPESB, que vem para complementar os investimentos necessários em um país com um grande déficit de produção de novas tecnologias e patentes. E este último tema também nos trouxe novidades quando tivemos um debate nacional a fim de regulamentar a lei das patentes, viabilizando ainda mais o processo de investimento em pesquisa por parte da iniciativa privada. Vimos também as publicações e espaços (neste ponto a Bahia tem estacionado) de divulgação científica se multiplicarem no Brasil (Revista da FAPESP, Ciência Hoje, Scientific American, entre outras), além do surgimento dos primeiros cursos de pós-graduação para formar jornalistas e cientistas na área. E por fim, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que tem ocorrido periodicamente em outubro juntamente com as olimpíadas de Matemática, Física e Química.
Hoje em dia já deveria ser lugar comum afirmar que as ciências são um produto cultural tão impactante na vida social quanto qualquer arte ou filosofia e a história tem nos mostrado que este está entre os que têm mais influenciado, não importa quão distante estejamos do centro das decisões. Infelizmente, esta conclusão não se estabeleceu ainda como lugar comum na maioria dos meios de comunicação de massa no Brasil.
E para não pensarmos que ciência e técnica no Brasil são coisas recentes, a história também tem nos mostrado que o Brasil teve influentes estadistas[1] que também eram cientistas ou eram grandes mecenas. Um destes importantes personagens foi o naturalista português José Bonifácio. Este forneceu uma excelente formação intelectual ao imperador D. Pedro II, e pouca gente sabe que este último por sua vez foi um grande incentivador das ciências da Terra no Brasil e no exterior. D. Pedro II foi um mecenas (assim como Visconde de Mauá também o foi) no Brasil e um dos seus amigos no exterior foi o famoso inventor escocês-americano Alexander Graham Bell, o inventor do telefone. Nosso antigo imperador foi um dos primeiros incentivadores deste invento. Porém, se retrocedermos ainda mais, encontraremos astrônomos e inventores de formação jesuíta que gozavam de reconhecimento internacional, tais como Valentin Stansel (séc. XVII) e Bartolomeu de Gusmão (séc. XVIII). Ambos passaram pelo colégio Jesuíta da Bahia. Se você está pensando: Ah, mas a maioria destes personagens nasceu ou teve sua formação inicial na Europa! Então, eu pergunto: E os primeiros inventores ou cientistas americanos? Estes tiveram sua formação científica inicial aonde? De onde vinha boa parte dos livros que eles liam?
Finalmente, o séc. XX veio para nos mostrar que um país como o Brasil pode ter vocação para qualquer coisa quando tem o devido incentivo educacional e financeiro guiados por políticas públicas. Hoje somos o país que dominou: o enriquecimento do urânio e controla a energia nuclear, a produção de foguetes e aviões de ponta, a genética em todos os níveis, a nanotecnologia, o laser, a engenharia da computação, e muito mais. Além do mais temos inúmeros cientistas teóricos, tanto das ciências naturais quanto das ciências humanas ensinando nos melhores centros de pesquisa do mundo e/ou aqui no Brasil.
Apesar de tudo isso, infelizmente, nossa formação básica ainda parece refletir um país sem grande vocação científica. Espero que este erro seja corrigido com a ajuda do crescimento da pesquisa em história das ciências no Brasil e com a atualização do currículo da educação básica. Não devemos esperar que espetáculos midiáticos e premiações nobelescas venham legitimar a vocação e competência que este país tem para acreditar em qualquer empreendimento intelectual e criativo de ponta.


[1] Assim como os EUA tiveram Benjamim Franklin
*Frederik Santos é Físico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). Em 2011 ganhou a 1ª colocação no Concurso de Redação sobre Ciência e Religião para estudantes de pós-graduação na América Latina, premiação dada pelo Ian Ramsey Centre for Scuence and Religion da Oxford University.
Mestrado em Filosofia Contemporânea. É representante discente e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências pela UFBA. Tem experiência em ensino de Física no nível médio e superior, com ênfase em Ensino, História e Filosofia da Física, e na área de Educação Especial para Surdos.
Atua principalmente nos seguintes temas: História e Filosofia da Mecânica-
Quântica, mais especificamente relacionada ao Problema da Medição em
Mecânica Quântica
e ao Teorema de Bell. Epistemologia da Crença e
Pragmatismo relacionados ao Ensino de Ciências. Adaptação do Currículo
de Física para Surdos.
Frederik é da equipe do Sentinelas da Liberdade. 

http://lattes.cnpq.br/9601029756116076

Paraguai é suspenso do Mercosul

Por Nilva de Souza
De Agência Brasil

Países do Mercosul decidem suspender Paraguai do bloco

Brasília - Os países do Mercosul decidiram suspender o Paraguai do bloco, mas sem a aplicação de sanções econômicas, disse hoje (28) o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O ministro declarou ainda que o prazo de suspensão será definido pelos presidentes dos países do Mercosul na reunião marcada para amanhã, na cidade argentina de Mendoza.

Diplomatas envolvidos nas discussões sobre o Paraguai disseram que existe a possibilidade de que o Paraguai seja suspenso até as próximas eleições presidenciais, que devem ocorrer em abril do ano que vem. Na prática, o Paraguai não participaria também da próxima reunião do Mercosul que será em dezembro no Brasil, país que assume amanhã a presidência temporária do bloco, atualmente com a Argentina.

"O entendimento é com base no Protocolo de Ushuaia. No Artigo 5º existe uma primeira frase que fala na suspensão das participações nas reuniões e uma segunda que fale de direitos e obrigações. A decisão foi de nos mantermos na primeira frase, da suspensão", disse Patriota.

As declarações do ministro foram dadas durante um intervalo da reunião do Mercosul que contou com a participação dos ministros das Relações Exteriores do Brasil, da Argentina, do Uruguai e da Venezuela.

O Paraguai já havia sido excluído desse encontro, como havia sido anunciado logo após os questionamentos do bloco sobre o impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo.
"Lamentamos muito essa situação [de suspensão do Paraguai]. Tivemos 11 chanceleres [da Unasul] no Paraguai e destacamos que havia dúvidas sobre o processo [de destituição], com a falta de defesa do presidente Lugo. Isso levou a uma constatação de que não existe uma plena vigência democrática [no Paraguai]".

Segundo Patriota, os ministros do Mercosul entendem que o Paraguai não respeitou o chamado Protocolo de Ushuaia, assinado na década de 1990, pelos quatro países do bloco, incluindo o Paraguai, além do Chile e da Bolívia.

"O protocolo preconiza que a plena vigência democrática é uma condição essencial para o processo de integração. Então foi nesse sentido que se tomou a decisão de domingo passado [suspensão do Paraguai da reunião do Mercosul] e que se deverá se tomar a decisão amanhã [sobre o prazo de suspensão do país]", disse.

Patriota declarou ainda que, além da questão do Paraguai, os países do Mercosul deverão tratar da intensificação das relações com a China. Os presidentes devem aprovar declarações para fazer acordos com o país asiático.

Segundo o ministro, a questão sobre a maior aproximação com a China foi discutida entre autoridades das pastas de Relações Exteriores do Mercosul, da Bolívia, do Chile, além da Guiana, do Suriname e México.

Na última segunda-feira (25), o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, participou de reunião – por teleconferência de Buenos Aires e ao lado da presidenta Cristina Kirchner, da Argentina – com a presidenta Dilma Rousseff e o presidente José Mujica, do Uruguai.
"Há interesse em se retomar diálogo mais frequente e uma cooperação mais intensa [com a China]", disse Patriota.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Começa em Salvador Simpósio Internacional A Vida Secreta dos Objetos



Saiu no André Lemos


O Simpósio Internacional A Vida Secreta dos Objetos: Novos Cenários da Comunicação (Medialidades, Materialidades, Temporalidades) traz a Salvador (BA), no dia 6 de agosto, a terceira etapa do seu ciclo de debates, com pesquisadores de renome mundial como Bruno Latour, Graham Harman, Richard Grusin e Siegfried Zielinski.

Em Salvador o evento é uma realização do Grupo de Pesquisa em Cibercidade (GPC) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Facom/UFBa em parceria com o ICBA/Goethe-BA.

O simpósio é uma parceria entre oito programas de pós-graduação em Comunicação (UERJ, UFF, UFRJ, PUCRJ, UFBA, ESPM-SP, PUC-SP, UFC), um em Letras (UFF), dois grupos de pesquisa (GPC e Vilém Flusser Archiv) e duas instituições internacionais (Universität Wien e Universität der Künste Berlin). “A Vida Secreta dos Objetos” é uma iniciativa de caráter inédito no país, devido à sua perspectiva eminentemente interdisciplinar, unindo domínios como o da Comunicação Social, da Literatura e da Filosofia.

Dividido em quatro etapas (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza), o Simpósio conta com seminários gratuitos, mobilizando cerca de 12 convidados internacionais e 8 nacionais entre os dias 30 de julho e 8 de agosto, promovendo a discussão de temas, teorias e perspectivas metodológicas da pesquisa mundial, com reflexões sobre novos paradigmas, epistemologias e cenários intelectuais relevantes para os campos envolvidos.


Em Salvador, as mesas e palestras reúnem pesquisadores como André Lemos, Vinicius Andrade Pereira, Erick Felinto, Adalberto Müller, Graham Harman, Siegfried Zielinski, Richard Grusin e Bruno Latour.

Programa, informações e pré-inscrições no site. A pré-inscrição não garante acesso. O acesso ao evento será por ordem de chegada e no limite da capacidade do auditório. O evento é gratuito com tradução simultânea.

Filme "O Nó" retrata o ataque biológico a cacaueiros da Bahia

Saiu na Caros Amigos

Introdução criminosa da vassoura-de-bruxa dizimou plantações no Sul do Estado

Por Antonio Nelson
Do Sentinelas da Liberdade

O cineasta baiano Dilson Araújo resgata no documentário "O Nó - Ato Humano Deliberado" a introdução do fungo conhecido popularmente por vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do Sul da Bahia. Além de polêmicas, o atentado biológico dizimou a produção brasileira da fruta. O impacto deste que pode ser o primeiro - ao menos o mais conhecido - caso de ataque biológico planejado foi sobretudo em pequenos e médios agricultores - a doença reduziu de 320,5 mil toneladas/ano para 191,1 mil toneladas, enquanto a participação do Brasil no mercado internacional caiu de 14,8% para 4%, segundo dados de órgãos ligados à agricultura.

FilmeON-tpConfira abaixo uma entrevista com Dilson Araújo feita pelo jornalista Antonio Nelson, do blog Sentinelas da Liberdade, e que tem participação do produtor de cacau Dorcas Guimarães - e um teaser ao final do texto. O filme foi lançado no Festival de Cinema na Bahia e circula no circuito alternativo de cineclubes. O título, o nó, faz referência à maneia como galhos contaminados foram amarrados nos cacaueiros saudáveis.

Antonio Nelson - Quais as motivações em tratar do assunto? Quando será a exibição em Salvador?

Dilson Araújo - Ao iniciar a pesquisa, percebi que o tema sempre esteve rodeado de mitos e especulações de toda a natureza e que o imaginário popular é habitado por uma versão bem diferente daquela registrada nos documentos oficiais. Daí a necessidade de promover o registro histórico do fato, que é o objetivo principal do documentário.

AN - Está comprovado que a vassoura-de-bruxa na região cacaueira, no sul da Bahia, foi um ato criminoso? Quais as conseqências?

Na íntegra: Caros Amigos

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pernambuco! Meu São João com o poeta Jorge Filó

Meu São João

Logo bem sedo, à tardinha
Vai se montando a fogueira
Preparando a brincadeira
Que vai ter mais a noitinha
Vai do terreiro a cozinha
De forró, xote e baião
De bomba, traque e rojão
Onde o Santo é convidado
Eis meu brinquedo animado
Assim é meu São João.

No alpendre o sanfoneiro
Da o tom mais ritmado
E o povo fica ajuntado
Debaixo do umbuzeiro
Se espalha pelo terreiro
Na maior animação
Tem cachaça com limão
Pamonha, milho e canjica
Pense numa festa rica
Assim é meu São João.



Jorge Filó  - Jorge Renato de Menezes é o nome de pia do poeta Jorge Filó. Nascido em Recife, logo nos primeiros meses, foi levado para morar no sertão do Pajeú, terra do pai e da mãe, e dos grandes mestres do repente, a começar pelo pai, poeta Manoel Filó, de quem herdou a alcunha. Sua poesia é fruto da hereditariedade, e de algo como um germe da poesia, que infecta toda família dos Filó. É neto, filho, irmão, sobrinho, primo e amigo de poetas. Viveu a infância entre as cidades de Recife, Tuparetama, São Jose do Egito e Arcoverde. Nesta última, viveu da adolescência a fase adulta, quando mudou-se para o Recife, onde reside até hoje. É produtor cultural, membro da Unicordel-PE (União dos Cordelistas de Pernambuco), produz a banda Vates e Violas e mantém este blog sobre poesia e cultura popular em geral, No pé da parede.

Quarteto Olinda fará turnê nos Estados Unidos

Foto: Divulgação

Thursday, July 12, 6:00 PM
Millennium Stage at the Kennedy Center for the Performing Arts, Washington, DC

http://www.kennedy-center.org/programs/millennium

Friday, July 13, 7:30 PM
Tribute to Luiz Gonzaga with Maciel Melo, Walmir Silva, and Biliu de Campina
Midsummer Night Swing at Lincoln Center for the Performing Arts, New York, NY

http://midsummernightswing.org/index.php/2012-tribute-to-luiz-gonzaga

Saturday, July 14
SambaKicks forró party at LIV, Washington, DC

http://www.facebook.com/SambaKicks

Sunday, July 15
Balliceaux Restaurant, Richmond, VA
http://www.balliceauxrva.com/

Tuesday, July 17
The Levitt Pavillion for the Performing Arts, Westport, CT

http://levittpavilion.com/

Saturday, July 21
The Creative Alliance at The Patterson, Baltimore, MD

http://www.creativealliance.org/

Sunday, July 22 – 7:30 PMBrasil Summerfest – Joe’s Pub, New York, NY
http://www.brasilsummerfest.com/
http://www.joespub.com/component/option,com_shows/task,view/Itemid,40/id,6217

Wednesday, July 25 – 8:00 PM
Johnny D’s, Somerville, MA

http://www.johnnyds.com/

Saturday, July 28 & Sunday, July 29
Lowell Folk Festival, Lowell, MA

www.lowellfolkfestival.org

Barlavento celebrará Luiz Gonzaga na varanda do Sesi

Foto: Vanessa Costa



Por Antonio Nelson 


O grupo de samba-de-roda BarLavento presta homenagem ao rei do baião, Luiz Gonzaga, no JequitiBar, na varanda do Sesi, neste sábado, às 21h, no bairro-boêmio do Rio Vermelho, em Salvador, Bahia.  O público vai dançar ao som do mais recente CD "O Buraco de Maroca", aprensentado na Europa, especialmente em Portugal e Ferrara, na Itália. , no trimestre junho/julho e agosto.


Davizinho de Mutá/vocal e Hamilton Reis/vocal/violão são os líderes do Barlavento e estarão na companhia de Aloísio do Cavaco e os percussionistas Henrique Almeida, Cuca e Jadson Estrêla.


Couvert: R$ 15,00 por pessoa.

Beto Figueiroa no São João do Recife

Alceu Valença - Foto: Beto Figueiroa 

Beatles ao som da rabeca e da viola com Cláudio Rabeca e Ivan Vilela

Palavra Nome com a cantora Vanessa Oliveira




terça-feira, 26 de junho de 2012

Comentário objETHOS: Um WikiLeaks para a mídia, um livro acende a luz




Pesquisador do objETHOS e professor na UFSC

WikiMediaLeaks. O livro de Martín Becerra e Sebastián Lacunza preenche um espaço que a mídia – e o próprio jornalismo investigativo – , pelos vínculos e limites das empresas com anunciantes, fontes, acionistas, governos e poderes políticos e econômicos, limita em relação à autonomia profissional. Ou, então, não permite liberdade de aprofundamento.

Um WikiLeaks para a mídia, é assim que se pode resumir a transparência proposta pela obra dos dois autores argentinos, publicada agora em 2012 em Buenos Aires pela editora Ediciones B, com 295 páginas. O livro, com o subtítulo de “La relación entre medios e gobiernos de América Latina bajo el prisma de los cables de WikiLeaks”, expõe o interesse público obscurecido por parte da grande mídia, que teria fartas pautas a partir dos 250 mil informações trocadas entre o Departamento de Estado norte-americano e suas embaixadas em todo o planeta. Dentre elas, estão 32 mil informes diplomáticos originados em cidades latino-americanas , especialmente no período de 2004 a 2009.

A relação entre embaixadas e jornalistas; entre embaixadas e governos; entre governos e jornalistas ficam mais transparentes e ajudam a entender que a liberdade de imprensa, uma “cláusula pétrea” defendida pelos empresários da área, pode se desmanchar rapidamente como um gelo, que não resiste ao caloroso assédio das influências particulares. Mas o livro também mostra que, apesar de empresas reagirem contra governos que não se rendem a suas ameaças ou negócios privados, também as embaixadas , em várias ocasiões, como no caso argentino, implicitamente deram razão aos governos…e não à mídia.

Um fator chama especialmente a atenção. Na era dos conglomerados midiáticos, da convergência tecnológica, do jornalismo virtual, das redes sociais e do jornalismo “colaborativo”, a organização capitaneada por Julian Assange preferiu, no primeiro momento, liberar as informações para cinco grandes referências do jornalismo impresso, apesar das edições on line: os jornais
The Guardian, do Reino Unido; El País, da Espanha; The New York Times, dos Estados Unidos; Le Monde, da França; e a revista Der Spiegel, da Alemanha. São periódicos alinhados com uma perspectiva liberal ou centro-esquerda moderada, conforme reafirmam os autores.

Mas também tal perspectiva, que de um lado parece atestar que o vazamento de informações por si só não é jornalismo, disposto por uma entidade ou indivíduo, por outro continua dando relevância aos critérios jornalísticos de reconhecimento da relevância de acontecimentos e de sua apuração e verificação e posterior narração. Por isso, cinco emblemas do jornalismo tradicional, com seu poder de credibilidade, de convencimento e de repercussão foram escolhidos. Ou seja, parece que ainda o velho jornalismo – quando bom jornalismo -, como referência comum que suscita comentários e os reparte em escala ampliada, baseado na legitimidade social que adquiriu, continua valendo para o exercício da profissão e como esperança de que grandes temas de interesse público continuem na agenda social cotidiana.

O livro de Becerra, professor e pesquisador na Universidade Nacional de Quilmes e na Universidade de Buenos Aires; e de Lacunza, jornalista no Ámbito Financiero da capital portenha, ajuda sobremaneira a acender a luz que veículos jornalísticos brasileiros reclamam. E também a entender porque as luzes se apagam muitas vezes quando diversos interesses midiáticos estão em jogo, trazendo um painel sobre dez países latino-americanos, entre eles o México, a Argentina, a Venezuela e o Brasil.

A vassoura-de-bruxa e os coronéis da Bahia



GANDU, BAHIA
ENTREVISTA
DILSON ARAÚJO, 49 anos, autor do documentário O NÓ, ato humano deliberado. Dilson atua na área de pesquisa de História regional cacaueira. É servidor público estadual e designer.
Participação do produtor rural Dorcas Guimarães.

Antonio Nelson - Quais as motivações em tratar do assunto? Quando será a exibição em Salvador?
Dilson Araújo - Ao iniciar a pesquisa, percebi que o tema sempre esteve rodeado de mitos e especulações de toda a natureza e que o imaginário popular é habitado por uma versão bem diferente daquela registrada nos documentos oficiais. Daí a necessidade de promover o registro histórico do fato, que é o objetivo principal do documentário.
Em Salvador o filme será exibido durante o Salão do Chocolate, que acontece no início de julho (de 06 a 08 de julho) no Centro de Convenções da Bahia.
A.N - Está comprovado que a vassoura-de-bruxa na região cacaueira, no sul da Bahia, foi um ato criminoso? Quais as conseqüências?
D.A – Sim, realmente foi um ato criminoso, devidamente apurado no inquérito policial 2-169/2006, conduzido pela Polícia Federal, que no seu relatório final conclui que a doença não foi somente introduzida, mas também foi disseminada através da ação humana. Um fato que reafirma a conclusão da Polícia Federal é a constatação de ramos infectados com a doença amarrados criminosamente a cacaueiros em diversos pontos da região, ocorrência registrada em diversos documentos, inclusive alguns da CEPLAC. 
Esse ato estúpido e covarde reduziu a produção de cacau em mais de 80%, quebrou a economia de quase cem municípios e desempregou 250.000 trabalhadores. As conseqüências dessa catástrofe repercutem desde 1989, sem que o Estado brasileiro adote providencias eficazes para minimizar os danos.
A.N – Quem são os responsáveis?
D.A – Em 2006 o administrador de empresas Luiz Henrique Franco Timóteo assumiu a autoria do crime e apontou como co-autores alguns servidores da CEPLAC. A denúncia foi publicada na revista Veja (jun de 2006) e a apuração feita pela Polícia Federal, apesar de encontrar a materialidade do crime, não aponta culpados e não indicia ninguém. Na mesma época também foi instaurada pelo Ministério da Agricultura uma sindicância administrativa. Este procedimento, além de encontrar a materialidade da infração administrativa, ainda aponta indícios de participação de servidores da CEPLAC e pede a abertura de processo administrativo. Em 2011 o procedimento foi arquivado e não existem notícias sobre a abertura do processo administrativo.
A.N – Quais perdas para o homem do campo teve?
D.A – Os danos são incalculáveis e muitos irreparáveis. Os maiores prejudicados foram os pequenos e miniprodutores, que representavam mais de 90% do setor, além dos trabalhadores rurais que foram expulsos do campo, perderam suas moradias e foram jogados nas periferias das cidades da região, onde a possibilidade de inserção no mercado de trabalho era remota. Isso ocasionou uma desagregação social de grandes proporções, aumentando a criminalidade, a prostituição e a exclusão social. Não é a toa que Itabuna, hoje, é uma das cidades mais violentas do Brasil.
Por outro lado, além dos danos sociais e econômicos, há de se levar em consideração os danos ambientais, pois com as propriedades inviabilizadas, o produtor de cacau, em estado de necessidade, foi obrigado a derrubar árvores da mata atlântica para suprir suas necessidades básicas como alimentação, vestuário e saúde. Assim ocorreu a “pecuarização” de grandes áreas de cacau-cabruca e a exposição das nascentes.
A.N - Qual o pronunciamento da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC)?
D.A – Através de diversos documentos a CEPLAC reconhece que a introdução da doença ocorreu através da ação humana. Além disso, também reconhece através de notas técnicas o fracasso do Programa de Recuperação da Lavoura que por ela foi formulado.
É bom registrar que após a descoberta dos primeiros focos da doença em 1989, nos municípios de Camacan e Uruçuca, não houve nenhuma ação significativa para combater a doença e isso era um dever constitucional do Estado. Apenas em 1995 é que o Governo brasileiro, através da CEPLAC, oferece ao produtor o Programa de Recuperação e os induz a contrair financiamentos para recuperar as suas plantações. Ocorre que a tecnologia imposta pela CEPLAC não gerou os resultados anunciados e terminou potencializando a crise trazida pela vassoura-de-bruxa.
A.N – Você é produtor rural de Ibirataia, onde tem uma fazenda de cacau. Quais os principais prejuízos materiais e morais causados pelo fato?
Dorcas Guimarães - A queda de produção foi o maior prejuízo e desencadeou uma série de outros prejuízos. A inadimplência trazida com a queda da receita nos forçou a liquidar parte do patrimônio e ainda tivemos nossos nomes inscritos em cadastros como o SPC e SERASA. Contudo, a dor de não poder suprir as necessidades da nossa família, especialmente dos nossos filhos, nos trouxe sérios prejuízos de ordem psicológica.
A.N – Você também era conhecido com coronel do cacau?
D.G -  Acredito que não, pois sempre fui enquadrado como médio produtor e essa história de “coronel” fica bem nos romances de Jorge Amado, pois na realidade mais de 90% dos cacauicultores eram pequenos e miniprodutores.
A.N. Quais são as suas expectativas?
D.G. A tecnologia para convivência com a doença já existe e isso é animador. Penso que o grande gargalo é a descapitalização do produtor, decorrente da introdução da doença e do fracasso do Programa de Recuperação. Assim, espero que o Governo Federal faça valer o bom-senso e busque reparar uma situação que foi causada pela ausência do próprio Estado.
A.N. – Quantos anos de produtor rural? Você tem medo do futuro?
Tenho 54 anos e sou cacauicultor desde os 17 anos de idade, quando herdei do meu pai uma propriedade em Ibirataia.
As incertezas quanto ao futuro são muitas, principalmente diante da postura adotada pelo Governo brasileiro, que tenta tapar o sol com a peneira, escondendo um ato de terrorismo biológico que foi praticado contra uma população civil e que expôs essas pessoas a um sofrimento cruel e desumano.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ENTREVISTA / GAVIN MACFADYEN “Julian Assange está bem, com bom humor”


Em entrevista à Pública, Gavin MacFadyen fala das manifestações de apoio que o fundador do Wikileaks tem recebido e do que viu e ouviu na embaixada do Equador em Londres


Observatorio da Imprensa

Por Natalia Viana em 22/06/2012 na edição 699
Reproduzido da Agência Pública, 21/6/2012

“Eu fiquei chocado”, conta por telefone o jornalista americano Gavin MacFadyen, amigo de Julian Assange, diretor do Centro de Jornalismo Investigativo da City University, em Londres (CIJ) e conselheiro da Pública. “Julian não contou para ninguém que iria pedir asilo, para não nos colocar em dificuldades.” Segundo o jornalista, que dirigiu alguns dos mais famosos programas de jornalismo investigativo da televisão britânica, Assange recebeu uma carta de apoio à sua luta pela não extradição do cineasta Michael Moore e outras manifestações de nomes de peso, como os jornalistas Philip Knightley e John Pilger.

Uma delegação de movimentos sociais da Aliança Bolivariana das Américas (Alba) – da qual o brasileiro MST faz parte – entregou um documento na quinta-feira (20/6) pedindo que o presidente equatoriano Rafael Correa dê asilo a Assange. João Pedro Stedile, líder do MST, explicou durante o encontro: “Assange lidera a batalha contra os americanos e o monopólio da informação. Então, nós pedimos, em nome dos movimentos sociais, que o Equador possa recebê-lo”.
Para MacFadyen, porém, mesmo se o Equador conceder asilo diplomático, “Julian vai ficar por lá [na embaixada] durante muito tempo”. Leia a entrevista.
Você esteve ontem [20/6] na embaixada no Equador em Londres. Como está a situação? Tensa?

Gavin MacFadyen
– A atmosfera é muito boa, até de maneira surpreendente. Julian está bem, com bom humor. E os funcionários da embaixada são muito solícitos, mais do que eu esperava. O quarto onde Julian está dormindo é um escritório muito pequeno. Ele dorme em um colchão inflável, desses de acampamento, no meio de algumas mesas. Mas durante o dia ele está com a sua equipe o tempo todo, trabalhando normalmente.

Por que o Equador?

G.MF.
– Nada disso aconteceu de uma hora para outra, eu acredito que muitas coisas devem ter pesado na escolha. Mas Julian recebeu uma oferta de residência no Equador há dois anos, e o mensageiro disse que se ele estivesse em dificuldade poderia ir para a embaixada. Na entrevista que Correa deu a Julian para o programa O mundo amanhã, ficou claro que ambos compartilhavam críticas à política externa americana, eles até riram juntos ao falar disso.

Mas foi uma decisão que te surpreendeu? Foi repentina?

G.MF.
– Olha, obviamente deve ter havido discussões anteriores, não é algo que se faz assim de uma hora para outra. Mas nós, os amigos mais próximos, não sabíamos de nada. Julian preferiu não contar a ninguém porque qualquer um que soubesse que ele planejava pedir asilo político seria obrigado por lei a entregá-lo às autoridades. Se alguém soubesse, poderia ser responsabilizado legalmente, então ele decidiu não avisar a ninguém – nem aos que deram dinheiro para a sua fiança – para protegê-los.

A imprensa tem noticiado que aqueles que pagaram sua fiança, como Michael Moore, o jornalista Philip Knightey e a socialite Jemima Khan, ficaram surpresos e decepcionados com o ato. Eles podem perder seu dinheiro.

G.MF.
– Olha, eu falei com muitos deles. Todos ficaram surpresos, mas, no momento em que entrou na embaixada, Julian mandou uma carta a todos eles se explicando. Eu também fiquei chocado quando soube disso, como todo mundo. Mas se você pensa um pouco, percebe que houve uma reflexão séria que antecedeu esta decisão. Tanto que todos os apoiadores deles que pagaram a fiança, pelo menos os com que falei, mandaram cartas de apoio depois de receberem a carta de Julian. O jornalista Philip Knightley mandou um email, e o Michael Moore enviou uma carta de apoio.
Mas diversos jornais têm afirmado que os apoiadores estão se afastando de Julian.
G.MF. – Isso não é verdade. Michael Moore enviou uma carta oferecendo seu apoio e dizendo que entendia por que Julian tinha tomado esta decisão. Eu li essa a carta. A questão é: se há perigo de Julian ser entregue aos EUA, então a decisão que ele tomou foi correta.

Gavin, você é americano. Você acredita que existe este risco?
G.MF. – Eu acho que há um perigo potencial. E eu vou te dizer por que. Há um júri secreto que está se reunindo no estado da Virgínia há mais de um ano, e todas as decisões tomadas pelo júri são secretas. O governo dos EUA admitem que ele existe, mas não fala o que está sendo decidido ali. Basicamente eles estão testando uma acusação formal que deve ser feita contra o Julian. Estão buscando um tribunal que concorde em emitir um pedido de extradição. É esse o propósito do júri secreto. Advogados costumam dizer que um júri deste tipo, que existe nos EUA, consegue incriminar até um sanduíche de presunto. E o pior é que há muito segredo sobre o que está acontecendo, ninguém sabe o que se passa. É sinistro. Outra coisa: quatro membros do Comitê Nacional Republicano pediram a morte de Assange, dizendo que ele deveria ser caçado e assassinado. Eu nunca ouvi falar em algo assim em toda minha vida. E o próprio [Barack] Obama, em um evento público, disse que Assange violou as leis, que ele é culpado. Como alguém pode ser considerado culpado antes de ter havido qualquer julgamento?

Mas daí a buscar de fato a extradição…
G.MF. – Veja, os Estados Unidos são a única potência mundial que admite sequestrar pessoas. Eles têm uma política de assassinar pessoas no exterior quando são consideradas inimigas. Afinal, eles fazem sequestros, rendições extraordinárias quando é o caso. E todos sabem que os EUA gostariam de vê-lo preso. Algumas das acusações que estão cogitando fazer contra ele são a prisão perpétua ou pena capital. Estão cogitando acusá-lo de espionagem, ou de assessorar o inimigo – já se chegou a dizer que ele teria auxiliado a Al Qaeda, por exemplo, com os vazamentos no Afeganistão, o que é uma loucura completa.

A cobertura da batalha judicial de Assange mudou muito de tom desde o vazamento dos documentos diplomáticos. Hoje em dia grande parte da cobertura é bastante negativa. Qual a sua visão sobre isso?
G.MF. – Os veículos que decidiram ser hostis a Assange continuam sendo. Hoje [21/6] de manhã, por exemplo, alguns veículos reportavam que ele estavam com a barba por fazer. É terrível. Há grandes e importantes exceções, mas grande parte da mídia tem sido hostil à figura do Julian. Os jornais falam pouco dos documentos, não analisam seriamente o papel do WikiLeaks, o jornalismo do WikiLeaks, eles sugerem que Assange é um homem horrível, que tem maus hábitos, uma bobajada.
Não há uma sensação de que ele deveria ir encarar a justiça sueca de uma vez?
G.MF. – Sim, há um sentimento de que ele deveria ir à Suécia, mas muitas pessoas não se sentiram confortáveis com o fato de que ele deter muitos documentos secretos. Muitos jornalistas acham que ele é um anarquista, um homem louco, uma pessoa difícil de lidar. Mas uma parte disso é porque ele fez a grande imprensa a fazer coisas que ela não queria fazer.

Como por exemplo?
G.MF. – Como, por exemplo, sentarem todos na mesma mesa e colaborarem. O Guardian e o New York Times em particular, queriam exclusividade sobre os documentos, eles acharam que Julian era um nerd que eles iam conseguir dobrar, mas mudaram quando perceberam que ele é inteligente, e que manteve a mesma linha desde o começo. Eles não o convenceram, e ficaram muito bravos, todo mundo começou a acusar todo mundo... Em alguns casos, é uma questão de inveja mesmo. É um cara que não é um jornalista conhecido e respeitado, e de repente dá mais furos em alguns dias do que toda a imprensa ocidental em um ano. Eles odiaram isso. Além disso, Julian não segue as regras e normas deles, ele tem seu jeito de fazer as coisas.
Você considera Julian Assange um jornalista?
G.MF. – Claro, por qualquer critério que você quiser medir. Há algumas semanas ele recebeu o maior prêmio de jornalismo na Austrália, e é membro da associação australiana de jornalistas há muitos anos. Não há a menor dúvida que alguém que recebe documentos, que publica informações, que defende a liberdade de informação, que escreve sobre elas e produz material jornalístico é um jornalista. Mas essa é uma falsa discussão. Porque o problema é que quem diz que ele não é jornalista está retirando a proteção que a Constituição americana dá aos jornalistas. E isso é muito perigoso não só para o Julian, mas para todos os jornalistas.
Se o Equador der asilo político a Julian, o que acontece?
G.MF. – Está claro que se ele colocar o pé para fora da embaixada ele será preso, então vai ficar por lá durante muito tempo. Eu acredito que casos assim levam algum tempo para ser esquecidos, depois pode haver um acordo baseado em algum aspecto técnico, mas no final os britânicos vão concordar em deixá-lo ir se ganharem algo com isso. Depende de o Equador decidir se estão dispostos a pagar um preço por isso.

Você acredita que Rafael Correa vai garantir asilo a Julian?
G.MF. – Eu não sei. Espero que sim. O que ficou claro durante a minha visita à embaixada é que o pessoal lá tem sido muito amigável, caloroso e generoso. Eles estão tratando o Julian muito bem, então há uma postura obviamente amigável. Mas é claro que eles terão que procurar todo o auxílio jurídico necessário. Alguns jornais estão dizendo que deve sair uma resposta hoje [quinta, 21], mas eu acho impossível. O governo do Equador já disse que terá que conversar com o Reino Unido, a Suécia e os Estados Unidos – o que é uma prova de como eles estão conscientes de que o governo americano tem interesse em extraditá-lo.

O governo de Obama iria até o fim na busca da extradição? O próprio governo é acusado de vazar documentos para a imprensa...
G.MF. – Olha, o governo de Obama é ainda pior do que o governo Bush neste aspecto. Ele processou mais whistleblowers (informantes) do que qualquer presidente americano, e endureceu as regras internas do governo para quem vaza informações. Até o New York Times criticou duramente Obama por isso. E é claro, o caso de Bradley Manning é responsabilidade do governo Obama. É um caso terrível, se você pensar. Um jovem rapaz que já está sofrendo uma punição não usual e brutal, pela administração Obama. O que eles estão fazendo com Manning é tão sério que um membro do alto escalão do Departamento de Estado pediu demissão em protesto.
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