domingo, 30 de outubro de 2011

Kadafi, Rafinha e Lula

Estreia



Ecos do Silêncio



Sentinela - Gabriel Pinheiro*




Lula com câncer, Kadafi morto e Rafinha Bastos fora do CQC, porém mais cotado do que nunca. O que esses três assuntos têm em comum? Todos tratam de questões que envolvem impasses provocados por debates ideológicos. Um passeio pelos meios de comunicação de massa, aliado a um sobrevôo pelas redes sociais nos oferecem um termômetro da opinião pública sobre esses assuntos. Sobre o que pensa a opinião pública? Não necessariamente, mas sim, sobre o que ela diz pensar.


Salvo raras exceções, as mensagens de solidariedade ao presidente pululam em cada post do Facebook, são curtidas e compartilhadas, com comentários agregados de admiração. Kadafi, quando morto, o tirano vilão, erigido como novo pilar do eixo do mal, foi alvo de festejos, afinal, um tal facínora vivo era algo quase que repulsivo às mentes sadias, democráticas, de direito. Quanto a Rafinha, por mais pueril, ainda mais notória se fez a comunhão de pensamentos. O rapaz passou dos limites, vociferavam todos, fazendo eco, sem notar, a uma censura ainda pior que a política, uma censura plutocrática, na qual o verdadeiro crime não é o que se diz, nem tanto contra quem se diz, mas sim quanto possui, em pecúnia, poder e influência capitalista, o alvo da chicana. Jô Soares, com sua capacidade de personificar o pensamento do rebanho, a dita realidade social, resumiu: “Não pode haver limites para o humor, mas para a grosseria sim”.


Acontece, que esta não me parece ser a realidade social, de fato, mas sim uma realidade social construída. À época do frissom maior sobre a questão Rafinha, postei no Facebook uma defesa ao humorista, incluindo nela uma crítica aos que faziam coro nas acusações sem se dar conta de que se associavam aos censores plutocratas. Dois ou três amigos curtiram essa publicação e, um ou dois comentaram, com evasivas, quase a me censurar também.

A opinião é livre e tem de ser, nada contra isso, muito pelo contrário. A verdadeira questão para mim é até que ponto essas pessoas, que assim se expressam, de fato pensam assim ou apenas querem que acreditem que elas assim o fazem? Levando em consideração a mecânica própria das redes sociais, sou levado a supor que a segunda hipótese esteja mais próxima da verdade. As pessoas querem, como propunha a música, “ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar”. Na rede, essa amizade se expressa basicamente por concordâncias, expressas no que é coletivamente curtido, compartilhado. É comum encontrar em diversos posts a recomendação “se você também pensa assim, compartilhe no seu mural”.

A espiral do silêncio, teoria proposta em 1972, durante o 20º Congresso Internacional de psicologia, pela pesquisadora alemã Elisabeth Noelle-Neumann, parece aplicar-se à perfeição nesse contexto. Os indivíduos das redes buscam a integração social através da observação da opinião dos outros, expressando-se dentro dos parâmetros da maioria para evitar assim o isolamento. O medo da solidão social é tão forte que se propaga em espiral, escondendo o desejo de mudança daqueles que, sem o saber, podem compor uma verdadeira maioria silenciosa.

Como assim maioria?, podemos nos perguntar, afinal tudo que é dito na rede contradiz essa versão. Esse dito, em face do não dito, caracteriza a acumulação, a exposição excessiva de determinadas idéias, através, por exemplo, dos compartilhamentos, que, por outro lado, ressalta ainda uma consonância, vez que o máximo que se faz, ao partilhar, é acrescer comentários de reforço à mesma idéia central. Presente em todos os murais, de todos os amigos, e ainda na mídia comum, temos aí uma verdadeira ubiqüidade midiática. Acumulação, consonância e ubiqüidade são justamente os três mecanismos condicionantes da espiral, conforme Noelle-Neumann. É uma onda, ou – já que estamos falando do facebook, mais um anglicismo que absorvemos sem sequer pensar - uma Wave. E, de fato, velho Tom, para os facebookianos parece mesmo que “é impossível ser feliz sozinho”.




*Gabriel Pinheiro é Jornalista e Analista de Comunicação do Ministério Público do Estado da Bahia. Já atuou como redator, repórter, editor, apresentador e professor de Jornalismo e Relações Públicas. Escreve toda semana a coluna Ecos do Silêncio para o Sentinelas da Liberdade.

sábado, 29 de outubro de 2011

Agonizando na praça eletrônica

TELEANÁLISE


Sentinela - Malu Fontes*


No final da década de 80, a revista Veja conseguiu uma unanimidade em rejeição do público ao estampar em sua capa uma fotografia do cantor Cazuza, extremamente magro, tendo como legenda a seguinte frase: uma vítima da Aids agoniza em praça pública. Eram os tempos em que o diagnóstico de Aids equivalia praticamente a uma sentença de morte e um dos maiores artistas da música pop brasileira experimentava todas as conseqüências clínicas que o HIV então representava para o organismo, já que as pesquisas que levariam aos medicamentos que hoje garantem uma vida de qualidade aos HIV positivos estavam engatinhando.

Embora a comparação pareça grosseira, e sobretudo injusta quando se leva em conta o tipo de tratamento então dado pela Veja a Cazuza, não deve ser pecado pegar a frase emprestada para aplicá-la aos pedaços ao que aconteceu nas duas últimas semanas ao agora ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva. Durante 12 dias, o telespectador brasileiro, seja ele de qual matriz ou matiz ideológico for, assistiu diuturnamente, como diria a presidente, até a noite da última quarta-feira (26 de outubro), e pela sexta vez consecutiva em 10 meses, mais uma via crucis, de mais um ministro do Governo Dilma, agonizando não na praça pública material, de pedra e cal, mas na praça pública eletrônica, a televisão, e nos conjuntos dos outros meios de comunicação que lhe fazem companhia no entorno.

ONGUEIROS - O calvário de Orlando Silva começou quando a revista Veja estampou em sua capa de duas semanas atrás as denúncias de um ex-policial militar e atual dono de ONG que havia se beneficiado de convênios assinados entre o Ministério dos Esportes datados do tempo em que o titular da pasta era o também comunista (do PC do B) e hoje governador distrital de Brasília, Agnelo Queiroz. Denunciado por órgãos de fiscalização do governo por ter desviado dinheiro e condenado a devolver aos cofres públicos mais de três milhões de reais, o tal acusador, amigo de séculos do partido e agora descido à condição de ‘desqualificado’, resolveu fazer o que pessoas envolvidas nesses esquemas sempre fazem: não cairia sozinho e queria uma companhia robusta. Foi à Veja e disse que o ministro Orlando Silva recebia dinheiro de ongueiros na garagem do Ministério. Provas? Embora tenha prometido, não apresentou nenhuma, muito menos imagens das cenas da garagem e assim que Silva caiu passou a repetir outro mantra: ‘agora só falo em juízo’.

BRANCA E RICA - Em meio à novela da queda, trocentas mil explicações, para o gosto de todos os pendores partidários e conspiratórios, se espalharam. Há quem acredite que Orlando Silva é um santo homem do bem e que caiu não porque um doidivanas dono de uma ONG duvidosa resolveu atirar, mas por obra e graça de Ricardo Teixeira e sua turma de velhotes da Fifa que não dão ponto sem nó e queriam o Ministério dos Esportes com o caminho livre para todas as falcatruas que pretendem montar para faturar melhor na Copa do Mundo no Brasil. Há também quem acredite piamente que tudo não passa de uma questão de racismo: o pecado mortal de Orlando Silva teria sido nascer negro, fazer dois cursos universitários, casar com uma mulher branca e rica e ousar se tornar ministro de Estado. Sim, os líderes da oposição ao Governo Dilma acreditam, ou então fazem questão de dizer em público que acreditam, na versão da garagem do ongueiro.

Para os mais sensatos, algo de podre haveria de haver no reino do ministério dos Esportes para muito antes de Orlando, lá nos tempos do ido Agnelo, pois é fato, denunciado pela Controladoria Geral da União, pelo Tribunal de Contas, pela Polícia Federal, e não inventado pela ‘histeria da mídia golpista’ conforme muita gente boa quer fazer crer, que dezenas de ONGs esquisitas embolsaram milhões de reais dizendo que iriam usar esse santo dinheirão para incluir criancinhas pobres no paradisíaco mundo abençoado dos esportes. E até as ONGs honestas, diz-se, eram convidadas a dar um dízimo das verbas que recebiam, se as quisessem receber. Há quem diga, inclusive, que Silva caiu porque interrompeu esse esquema, tentando asfixiar um dinheiroduto que escorria embaixo de sua cadeira. Quem souber a versão real, morre. Literalmente, corre-se o risco.

ALICE - Um detalhe no entanto merece atenção em tempos de ministros agonizando em praças públicas eletrônicas: os sentidos das palavras prova e condenação. Os amigos dizem que Silva foi condenado sem provas. Não é verdade. Ele não foi condenado. No Brasil, quem condena ainda é a Justiça e quem anda atrás de provas é também a Justiça, se a Polícia contribuir, quiser e deixar. Os ritos do julgamento e da condenação políticos não são da mídia, são, antes de serem dela, da própria esfera política, que se vale da imprensa para incensar os ânimos.

Quem disse que o mundo das estratégias políticas perde tempo com provas? Ele atua com a mera ideia de efeito, de aparência e, nesse contexto, não haveria Dilma no mundo que suportasse os efeitos do desgaste de um escândalo chamuscando um ministro seu, dia após dia, às vésperas de uma Copa do Mundo, mesmo que se tratasse de um homem mil vezes inocente. Ô Alice, desce desse lustre que esse mundo da política e da mídia, você bem sabe, está longe de ser essa maravilha toda... A essa altura quem ainda se importa com provas, dinheiro, ONGs, garagem? O importante, ‘o efeito’, já se deu: a queda. Tanto ninguém se importa que nesses dias todos os assessores do ministro explicavam no site da pasta uma a uma a fragilidade das acusações contra Silva, numa espécie de contra-análise do discurso dos acusadores. E... quem se interessava por aquelas respostas e explicações? Para a inocência e a culpa de Orlando Silva, diante do efeito havido, agora Inês é morta. E cremada.



*Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Wikileaks: Waack, três vezes informante dos Estados Unidos

Saiu no Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim





O jornalista William Waack, da Rede Globo, se tornou um dos assuntos mais discutidos no Twitter nesta quinta-feira graças a supostos documentos da Wikileaks que o apontariam como informante do governo americano. Apesar de vagas e desencontradas, algumas informações são verdadeiras. O Informe JB entrou em contato com a jornalista Natalia Viana, responsável pela Wikileaks no Brasil, que confirmou a história. Waack é citado não apenas uma, mas três vezes como informante da Casa Branca. Dois dos documentos que o citam são considerados “confidenciais”.

Gregório de Matos, o Boca do Inferno (Bahia ,1682)

DEFINE O POETA OS MAUS MODOS DE OBRAR NA GOVERNANÇA DA BAHIA, PRINCIPALMENTE NAQUELA UNIVERSAL FOME QUE PADECIA A CIDADE.

Que falta nesta cidade? ... Verdade.
Que mais por sua desonra? ... Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde faltaVerdade, honra, vergonha.


Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.
Quem causa tal perdição? ... Ambição.
E o maior desta loucura? ... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu

Negócio, ambição, usura.

Quais são meus doces objetos? ... Pretos.
Tem outros bens mais maciços? ... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos? ... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao demo o povo asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos? ... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas? ... Guardas.
Quem as tem nos aposentos? ... Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimada,
porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda? ... Bastarda.
É grátis distribuída? ... Vendida.
Que tem, que a todos assusta? ... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia? ... Simonia.
E pelos membros da Igreja? ... Inveja.
Cuidei, que mais se lhe punha? ... Unha.

Sazonada caramunha!
Enfim, que na Santa Sé
O que se pratica, é
Simonia, inveja, unha.

E nos frades há manqueiras? ... Freiras.
Em que ocupam os serões? ... Sermões.
Não se ocupam em disputas? ... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões, e putas.

O açúcar já se acabou? ... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu? ... Subiu.
Logo já convalesceu? ... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal lhe cresce,
Baixou, subiu, e morreu.

A Câmara não acode? ... Não pode.
Pois não tem todo o poder? ... Não quer.
É que o governo a convence? ... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre
Por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence!

Quais são os seres estranhos da sua cidade?



Seres estranhos - Lenine/Chão by antonionelsonlp
Convento do Carmo, Pelourinho - Patrimônio Histórico da Humanidade.

Porém, o espaço pertence ao Hotel Pestana.

Foto: Antonio Nelson

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A paixão literária na Bienal do Livro da Bahia

Do site Bienal do Livro Bahia - 2011

Confira os autores do Café Literário:

Rosana Ribeiro Patrício - doutora em letras pela USP, Rosana Ribeiro Patricio é professora titular de Literatura da Universidade Estadual de Feira de Santana, onde atua na graduação e no mestrado e desenvolve pesquisa dedicada ao estudo de produção literária de autoras brasileiras. Ela é mediadora da mesa de abertura do Café Literário, cujo tema é "Jorge Amado e o mundo" e acontece no dia 28 de outubro, sexta-feira, às 20h. Rosana Patrício é autora de As Filhas de Pandora - imagens de mulher na ficção de Sonia Coutinho, lançado em 2006 pela editora 7 Letras.

Ronaldo Correia de Brito - o autor estará presente no dia 29 de outubro, sábado, às 18h, para debater sobre o processo de criação de livros, personagens e gêneros. Brito divide seu tempo entre o trabalho como médico e as atividades artísticas, atuando também como teatrólogo infantil. Entre as suas obras está, na década de 70, a Trilogia das Festas Brasileiras – O Baile do Menino Deus, Bandeira de São João e Arlequim, que reúne livros, discos e espetáculos teatrais. Publicou, também, Faca (2003) e Livro dos Homens (2005), ambas pela editora Cosac Naify.

Cristóvão Tezza - o escritor curitibano participará da mesa "Minha biblioteca afetiva", no dia 30 de outubro, domingo, às 20h. Autor de mais de 15 títulos entre ficção, volumes didáticos e ensaios acadêmicos, Tezza firmou seu nome entre as principais vozes da literatura nacional com O filho eterno (editora Record), um corajoso relato autobiográfico narrado em terceira pessoa, consagrado com os mais importantes prêmios literários do país em 2008 — Jabuti, São Paulo de Literatura, Portugal Telecom, Bravo!, APCA e Zaffari & Bourbon. Cristóvão Tezza levará para a Bienal seu novo e aguardado romance: Um Erro Emocional, pela editora Record.

Fabrício Carpinejar - o poeta, cronista, jornalista e professor gaúcho participa da mesa "Mídias Digitais, e-book: o futuro da literatura", no dia 31 de outubro, às 18h. O debate vai girar em torno do impacto da literatura no mercado editorial e da expansão dos meios eletrônicos. Com três livros de crônicas de sucesso, o autor foi escolhido pela revista Época como uma das 27 personalidades mais influentes na internet, já que seu blog recebeu mais de 1 milhão e meio de visitantes e o twitter já superou a marca de 80 mil seguidores.

Nelson Pretto - o gaúcho - que também é cidadão soteropolitano - completa a mesa "Mídias Digitais, e-book: o futuro da literatura". Entre várias graduações, integra a Câmara Técnica de Educação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e publicou Uma escola sem/com futuro: Educação e multimídia (2006) e Escritos sobre educação, comunicação e cultura (2008), ambos pela Papirus Editora. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado da Bahia.

Armando Avena - além de escritor e jornalista, é economista e membro da Academia de Letras da Bahia. O autor de O Afilhado de Gabo (romance), A Última Tentação de Marx (ensaios e crônicas), A Menina Que Perdeu o Nariz (livro infantil) e O Evangelho Segundo Maria (romance) - todos pela Relume – Dumará, estará na mesa "Literatura e Prazer", dia 1° de novembro, às 20h. Em 2006, publicou o livro infantil Fabrício e as Estrelas pela Casa de Palavras, da Fundação Casa de Jorge Amado e em 2008 o romance Recôncavo, pela Versal. Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, é colunista do Jornal À Tarde.

Luís Eduardo Matta - é um dos expoentes do romance de suspense não-policial no Brasil. Estreou na literatura aos 18 anos, com Conexão Beirute-Teeran (editora Chamaeleon). Em 2003 lançou Ira implacável: indícios de uma conspiração (editora Razão Cultural) e, em 2005, 120 horas (editora Planeta). Matta também publica artigos e ensaios em sites, jornais e revistas especializados em literatura. Acompanhará Armando Avena na mesa "Literatura e Prazer".

Luís Pimentel - nascido no sertão baiano, entre Itiúba e Gavião, Luís Pimentel é jornalista e escritor, tendo trabalhado em diversas redações de jornais e revistas do Rio de Janeiro. É autor de diversos livros, entre obras infanto-juvenis, de contos, de poesia, de textos de humor e sobre fatos e personagens da música brasileira, como As miudezas da velha (Prêmio Jorge de Lima, 1990), O calcanhar da memória, 2004, e Grande homem mais ou menos (Prêmio Cruz e Sousa). Entre outros livros de Pimentel estão Todas as cores do mar, 2007; Luiz Gonzaga, 2007; Um cometa cravado em tuas coxas, 2007; Contos para ler ouvindo música, 2005; Wilson Batista; Entre sem bater: O humor na imprensa brasileira: do Barão de Itararé ao Pasquim 21 e Piadas para sacanear corintiano: Para alegria de palmeirense.

Fernando Morais - o escritor participará da grande festa literária no dia 3 de novembro, às 20h, contribuindo com as discussões da mesa temática "Jornalismo Literário". Consagrado na carreira de jornalista, Morais trabalhou em várias publicações da imprensa brasileira, como o Jornal da Tarde e a revista Veja. Recebeu três vezes o prêmio Esso e quatro vezes o prêmio Abril de jornalismo. Publicou, pela Companhia das Letras, Olga; Chatô: o rei do Brasil; Corações sujos; A ilha e Cem quilos de ouro, e, pela editora Planeta, O Mago, Montenegro e Toca dos Leões. Seu último livro, Os últimos soldados da Guerra, recém-publicado pela Companhia das Letras, conta a história dos agentes secretos infiltrados por Cuba em organizações de extrema direita dos Estados Unidos.

Luís Augusto Fischer - nascido em 1958, em Novo Hamburgo, RS, Luís Augusto Fischer é mestre e doutor em Literatura Brasileira pela UFRGS e professor de Literatura Brasileira do Instituto de Letras da UFRGS. Entre suas obras estão Literatura brasileira – modos de usar (São Paulo: Abril, 2003); Rua desconhecida (Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2002) e Contra o esquecimento (Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001).

Mariana Ianelli - é mestre em Literatura e Crítica Literária. Receberá o público no dia 05 de novembro, sábado, às 18h, no debate “Poesia, sempre viva”. Em 2008, recebeu o prêmio Fundação Bunge (antigo Moinho Santista) - Literatura, na categoria Juventude. Em 2011, obteve menção honrosa da Casa das Américas (Cuba) pelo livro Treva Alvorada (2010). Além deste, escreveu também Trajetória de antes (1999), Duas Chagas (2001), Passagens (2003), Fazer Silêncio (2005) e Almádena (2007), todos pela editora Iluminuras. Como resenhista, colabora atualmente para os Jornais O Globo – Prosa & Verso (RJ) e Rascunho (PR).

José Inácio Vieira de Melo - alagoano radicado na Bahia, é poeta, jornalista e produtor cultural. José Inácio é mediador da mesa “Poesia, sempre viva”, no dia 05 de novembro, às 18h. Publicou os livros Códigos do silêncio (Salvador: Letras da Bahia, 2000), Decifração de abismos (Salvador: Aboio Livre Edições, 2002), A terceira romaria (Salvador: Aboio Livre Edições, 2005) – Prêmio Capital Nacional de Literatura 2005, de Aracaju, Sergipe, A infância do Centauro (São Paulo: Escrituras Editora, 2007) e Roseiral (São Paulo: Escrituras Editora, 2010). Organizou Concerto lírico a quinze vozes – Uma coletânea de novos poetas da Bahia (Salvador: Aboio Livre Edições, 2004) e a agenda Retratos Poéticos do Brasil 2010 (São Paulo: Escrituras Editora, 2009). Publicou também o livrete Luzeiro (Salvador: Aboio Livre Edições, 2003) e o CD de poemas A casa dos meus quarenta anos (Salvador: Aboio Livre Edições, 2008).

Silvino Bastos - natural de Niterói-RJ, Silvino Bastos é engenheiro de telecomunicações, analista de sistemas e professor universitário, além de criador e administrador do portal Autores & Leitores. Na Bienal ele será mediador da mesa “A força do conto”, no dia 6 de novembro, às 18h. Entre os livros escritos pelo autor estão A incrível história de São José... da Silva (2009), Isolda Quental e a Longa Jornada (2010) e Dominando o Raio (2011).

Ordep Serra - graduado em Letras pela UNB, mestre em Antropologia Social pela UNB e doutor em Antropologia pela USP, Ordep Serra é professor Associado do Departamento de Antropologia da FFCH / UFBA e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFBA. Sua produção principal gira em torno da Antropologia da Religião, Antropologia das Sociedades Clássicas, Etnobotânica e Teoria Antropológica. Tradutor de textos científicos e literários, foi premiado três vezes em concursos nacionais de literatura, com obras de ficção como contos e novelas. Entre suas obras estão O Simbolismo da Cultura; Rumores de Festa: o sagrado e o profano na Bahia; Sete Portas; Um tumulto de asas – Apocalipse no Xingu e Veredas: Antropologia Infernal.

Janaína Amado - Doutora em História, a autora é professora de História Moderna na Universidade Federal de Goiás. É co-autora da coleção Nas ondas da história, editada pela Atual, do livro didático Gente, terra verde, céu azul - Goiás e Conflito social no Brasil: a revolta dos Mucker, entre outros.

Nelson Motta - o escritor, jornalista, compositor, letrista e produtor musical é um dos debatedores do dia 06 de novembro, às 20h. Com o tema “Biografia: em busca de uma grande história”, Motta irá abordar os requisitos necessários para o sucesso comercial de uma biografia, além do limite entre o jornalismo e a literatura na construção do texto e outras questões polêmicas. Ele também aproveita para lançar seu novo livro, uma biografia sobre o cineasta baiano Glauber Rocha, intitulada Primavera de Dragão, com lançamento nacional previsto para outubro, pela Editora Objetiva.

Luis Antonio Cajazeira Ramos - baiano de Salvador, Luís Antonio Cajazeira Ramos publicou entre outros Fiat Breu (1996) e Temporal temporal (2002), este último premiado pela Academia Brasileira de Letras da Bahia. Será mediador da mesa “Minha biblioteca afetiva”, no dia 30 de outubro, às 20h.

Tércia Montenegro - professora e escritora brasileira com graduação em Letras pela Universidade Federal do Ceará, mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em linguistica pela mesma instituição, Tércia Montenegro tem entre seus títulos O Vendedor de Judas (Edições UFC; 2ª ed., Fundação Demócrito Rocha), Linha Férrea (São Paulo: Lemos Editorial, 2001) e O Resto de teu Corpo no Aquário (2005). A escritora também faz literatura infantil, tendo quatro livros publicados na área: Um Pequeno Gesto (Fortaleza: Demócrito Rocha / APDMCE, 2006), O Gosto dos Nomes (Fortaleza: Seduc, 2006, 2ª ed., IMEPEH, 2007), Vítor Cabeça-de-vento (Brasília: Conhecimento, 2008) e História de uma Calça (Fortaleza: Tecnograf, 2008).

Maria Esther Maciel - escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria Esther Maciel estará na mesa “O livro vai ao cinema”, no dia 30 de outubro, às 18h. É mestre em Literatura Brasileira pela UFMG e doutora em Literatura Comparada pela mesma instituição, com Pós-Doutorado em Cinema pela Universidade de Londres. Integra o projeto internacional "Problematizing Global Knowledge -The New Encyclopaedia Project", do Theory, Culture & Society Centre, da Nottingham Trent University (Inglaterra). Suas publicações incluem os seguintes livros: As vertigens da lucidez - poesia e crítica em Octavio Paz; Vôo Transverso - poesia, modernidade e fim do século XX; A memória das coisas ensaios de literatura, cinema e artes plásticas; O cinema enciclopédico de Peter Greenaway (org.), O livro de Zenóbia (ficção), O livro dos nomes (ficção), O animal escrito (ensaio) e As ironias da ordem (ensaios).

Cleise Mendes - escritora, dramaturga e pesquisadora, Cleise Mendes é autora de mais de 30 textos teatrais encenados, parte deles publicados. Ela marca presença no Café Literário na mesa “Quando a história vira ficção”, no dia 05 de novembro, às 20h.

81% dos escravos de hoje são negros. Não, não somos racistas

Saiu no Corversa Afiada - Paulo Henrique Amorim:



Do Globo.com, extraído do Blog do Nassif





BRASÍLIA - A pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que pela primeira vez traçou o perfil das vítimas de trabalho escravo no Brasil, mostra quem são os fazendeiros acusados de explorar os trabalhadores nessas condições. Com base na Lista Suja do Ministério do Trabalho, entrevistas com 12 dos 66 contactados pelo organismo permitiram concluir que a maioria deles nasceu no Sudeste, mas mora nas regiões próximas às lavouras (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Eles têm curso superior e declararam como profissões pecuarista, agricultor, veterinário, comerciante, gerente, consultor e parlamentar. São filiados ao PMDB, PSDB e PR.

Confira na íntegra: PHA.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Para especialista, feijão transgênico foi liberado no Brasil sem estudos consistentes

Saiu no site da revista Caros Amigos 20/10/2011

Para especialista, feijão transgênico foi liberado no Brasil sem estudos consistentes

Em entrevista, o assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Gabriel Fernandes, aponta as falhas na liberação de sementes transgênicas no Brasil e os problemas de seu uso indiscriminado. Apesar das polêmicas em torno do tema, segundo o assessor, somente entre 2008 e 2011 foram liberados 29 tipos de sementes transgênicas, entre soja, milho e algodão, e o feijão é o próximo alvo. Para piorar, o uso dos trangênicos avança em parceira com o aumento do uso de agrotóxicos nas lavouras. Confira a entrevista:

Por Paula Salati

Caros Amigos - Foram apontadas irregularidades e erros no estudo da Embrapa sobre o feijão transgênico 5.1. Gostaria que comentasse um pouco sobre as falhas encontradas no estudo.

Gabriel Fernandes - Foram apontados dois tipos de problemas: estudos não realizados e estudos de consistência duvidosa. Os testes de campo foram feitos em apenas três localidades (Londrina-PR, Sete Lagoas-MG e Santo Antônio de Goias-GO), enquanto a lei exige que sejam gerados dados em todas as regiões onde a nova semente poderá vir a ser plantada. Ou seja, as informações disponíveis são insuficientes em termos nacionais. Nenhum estudo ambiental foi feito no Nordeste, que responde por cerca de 25% da produção nacional de feijão.

Não foram feitos ensaios alimentares com animais prenhes nem ao longo de duas gerações, também requisitados por lei. Sem isso não se pode ter indicativos do risco potencial de médio e longo prazo decorrente da ingestão continuada desse produto. Lembremos que o brasileiro consome em média 9 kg de feijão por ano.

Um dos membros da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança apresentou parecer criticando a fragilidade dos dados da Embrapa, com destaque para a avaliação de segurança alimentar. De 10 ratos que fizeram parte de um experimento, apenas 3 foram testados, todos machos e antes de atingirem idade reprodutiva, quando há grandes mudanças hormonais. Mesmo assim foram observadas diferenças em relação aos que consumiram feijão comum, como maior tamanho das vilosidades do intestino delgado. Observou-se ainda diminuição do tamanho dos rins e aumento no peso do fígado dos animais alimentados com o feijoeiro 5.1. São dados que sugeririam ao menos a repetição dos ensaios. Cabe perguntar qual revista científica aceitaria publicar estudo feito com uma amostra que sequer permite análise estatística. Mesmo assim o parecer crítico foi derrotado.

Além disso, pesquisadores independentes da Universidade Federal de Santa Catarina criticaram o fato de dados indispensáveis à análise de risco do produto terem sido mantidos sob sigilo.

Caros Amigos - Como avalia a votação da liberação do feijão transgênico pela CTNBio no Brasil? Há pressões econômicas envolvidas? Confira na íntegra:

Caros Amigos

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A paixão literária de Laiza Lorenz



Sentinela – Antonio Nelson*





O prazer de “degustar” livros está entre os principais hábitos que Laiza Lorenz Moreira, 27 anos, graduanda em Administração de Empresas pela FSBA (Faculdade Social da Bahia), não hesita em compartilhar nas suas relações interpessoais. Laiza indica a leitura do livro:

E se Obama fosse africano? ensaios - por Mia Couto.

Laiza assevera que está saboreando a obra, e inspirada na música Reconvexo, na voz de Maria Bethânia, declara: “A Bahia é a Roma Negra”.





*Foto - (livro de Laiza): Antonio Nelson

Porto da Barra por Inaiá Lua



Porto da Barra, cidade do Salvador/Bahia.


Confira a produção da fotojornalista no Flickr: Inaiá Lua.

sábado, 22 de outubro de 2011

Globo, Record e o comércio de fluidos e secreções

TELEANÁLISE


Sentinela - Malu Fontes*



Recentemente, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse em público aquilo que muitas autoridades e poderosos vivem dizendo longe das câmeras e microfones. Referindo-se a matérias feitas pela Rede Record sobre acusações contra ele, Teixeira disse à entrevistadora, na revista Piauí, algo do tipo: “só vou ficar preocupado, ‘meu amor’, quando sair no Jornal Nacional”. No início da última semana, a Folha de S. Paulo, referindo-se à forma como a emissora dos irmãos Marinho está se comportando em relação aos jogos Pan-Americanos, fez uma pergunta que tem tudo a ver com a resposta de Teixeira: se uma árvore cai na floresta e a Globo não mostra, será que ela caiu? E se a principal rede de televisão do país dá mais espaço para a Stock Car e o showbol é porque esses "esportes" são mais importantes que o Pan?

O fato de a Rede Record deter os direitos de transmissão dos jogos e o modo como a Globo vem se referindo ao evento diz muito sobre o que leva o jornalismo e o telejornalismo a dar um maior, menor ou nenhum destaque à cobertura de um determinado assunto. Não, não é o interesse público e nem mesmo o interesse ‘do’ público que leva uma emissora a centrar fogo na cobertura de um assunto. É, e sempre será, é bom acostumar-se, o interesse comercial da emissora. Como não tem os direitos de transmissão do Pan, a Globo praticamente o ignora.

PRINCÍPIOS EDITORIAIS - A Controle da Concorrência, que monitora as inserções publicitárias em todas as emissoras, informa que no primeiro dia das competições do Pan a Globo deu ao evento apenas 28 segundos, somando o tempo usado para falar dos jogos em todos os programas jornalísticos da emissora. Em 2007, quando detinha os direitos de transmissão, a Globo dedicou nada menos que uma hora e 38 minutos no primeiro dia, somando o tempo dado em todos os seus noticiários. Os jogos são os mesmos, as medalhas e as derrotas para os atletas brasileiros continuam tendo o mesmo peso de sucesso e fracasso. O que mudou? Mudou apenas o dono do cofre onde caem as moedas advindas da venda das cotas publicitárias de patrocínio da transmissão do Pan. Se é a Record quem lucra com o evento, a Globo praticamente o ignora como fato.

Sim, só episódios assim para mostrar que não passa de mero efeito de merchandising de umbigo todo o barulho feito pela Globo para divulgar os Princípios Editoriais das Organizações homônimas, segundo os quais “jornalismo é o conjunto de atividades que, seguindo certas regras e princípios, produz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas. Qualquer fato e qualquer pessoa”. O diabo se esconde é no que a linha editorial das organizações deve considerar como sinônimo de ‘certas regras’ e de ‘qualquer fato’. Pelo jeito como a TV Globo se comportou durante a semana, os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara estão abaixo da categoria de ‘qualquer fato’ e muitos dos atletas brasileiros na competição estão abaixo de ‘qualquer pessoa’. A detenção dos direitos pela Record e a indiferença indisfarçada da Globo diante do Pan já levou as duas a trocarem sopapos verbais não apenas nos bastidores do jornalismo, pois não é do feitio da emissora do bispo falar da concorrente pelas costas. Fala e praticamente ameaça de processo diretamente da bancada dos seus telejornais.

PELEJA E PUS - A versão da Record é a de que, assim que comprou os direitos de transmissão do Pan, enviou a todas as concorrentes brasileiras, conforme determinam as regras internacionais de cessão de direitos de uso de imagens, um termo disponibilizando dois minutos diários dos jogos, o mesmo comportamento, diga-se, que a Globo adota nos eventos que são de transmissão exclusiva dela. Ainda segundo a Record, SBT, Rede TV!, Cultura, Gazeta, TV Brasil, Band Sports e Band News assinaram o documento. Sportv, ESPN e Band não responderam e a Globo respondeu que não tinha interesse. Nesse contexto, as imagens que todas as emissoras signatárias do documento veiculassem deveriam, obrigatoriamente, ser creditadas à Record, com a exibição na tela do logo colorido da emissora. Sim, o Jornal Nacional exibiu imagens sem o logo e deu-se a guerra. A Globo argumenta que recebeu as imagens de uma agência internacional da qual é cliente. A Record diz que é mentira e o bate-boca continua. O fato, no entanto, é que, com Pan ou sem Pan, a Globo não perdeu audiência e manteve-se na liderança.

Não deixa de ser interessante para o telespectador mais astuto descobrir que mais importante do que a notícia é o interesse publicitário em jogo por parte das emissoras de TV. Mas por isso não se arregala mais os olhos nem se perde o sono, sobretudo numa semana em que o assunto que mais marcou o telejornalismo nacional, além de mais um escândalo envolvendo um ministro, foi um espasmo literal de nojo, diante do qual a peleja Globo-Record é assunto de luxo de comadres. O que a televisão trouxe de novo durante a semana foi a consciência nacional de que o Brasil, por livre e espontânea vontade, se transformou em mercado para um tipo de comércio deplorável: o país é a praça emergente da compra e venda de fluidos e secreções de lixo hospitalar. Sim, o Brasil Já pode se anunciar como o país que compra sangue, pus, secreções e dejetos. Não demora e aparece algum defensor da tese de que tal prática merece elogios, por representar uma vanguardista estratégia criativa do brasileiro em favor da causa da reciclagem, tão em moda nos discursos dos antenados.


*Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Conversa Fiada com Paulo Henrique Amorim

Escute a entrevista exclusiva do jornalista Paulo Henrique Amorim ao Programa Conversa Fiada, apresentado por Gil Dillon na Rádio Sociedade da Bahia. PHA respondeu ao Gil sobre família, Rio de Janeiro, infância, sexo, o primeiro beijo, como nasceu o "Olá, tudo bem"; Rede Globo, o prazer de ser repórter, Tom Jobim, mercado de trabalho, jornalistas de mercado, Daniel Dantas, diploma de jornalista, Wikileaks, revista Veja etc. Confira tudo abaixo na íntegra:




















Conversa Fiada, 24 de dezembro de 2010.

Produção e Foto:
Antonio Nelson.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Redes e ruas

TELEANÁLISE

*Sentinela - Malu Fontes*


As marchas e os protestos estão na ordem do dia em diversos países do mundo, do Oriente Médio aos quintais brasileiros, mesmo que, entre si, guardem diferenças motivacionais e de escala e etmologia abissais. Antes, muito antes, que o telejornalismo internacional corresse com suas câmeras para mostrar ao mundo o povo revolvendo-se nas ruas contra as décadas de ditadura no Egito e na Tunísia, por exemplo, no início deste ano, outra esfera midiática, as redes sociais, como o Twitter e o Facebook, e dispositivos móveis como os smartphones e os tablets, já haviam se tornado os protagonistas da chamada Primavera Árabe.

Protestos de pessoas nas ruas, longe de serem tímidos ou tranquilos, também foram registrados nas redes sociais na Espanha, um dos primeiros países da Europa cuja população esperneou contra a crise econômica e o consequente desemprego. Como aconteceu no mundo Árabe, na Grécia e viria a acontecer depois nos tumultos nas ruas de Londres, os manifestantes espanhóis utilizaram toda a potencialidade das redes sociais para amplificar os ecos das queixas contra o poder instituído ou o estado de coisas que contestavam. As estratégias de repercussão nas redes não se equivalem aos métodos correntes de uso dos meios de comunicação convencionais, como se dá, por exemplo, com os movimentos sociais que lançam mão de assessorias de imprensa e envios de releases para as redações da imprensa tradicional para divulgar suas causas e reivindicações.

O tipo de ampliação que as redes sociais causam nas vozes dos movimentos sociais e acabam por convocar a mídia tradicional é de um tipo ainda difícil de diagnosticar por parte de uma geração que se formou analisando o mundo a partir do que diziam os meios de comunicação. A circulação das informações e imagens se dá de modo anárquico, disperso, não hierarquizado, sem um epicentro publicizador de dados e de modo incontrolável, para desespero por parte dos poderosos a quem o movimento incomoda, sejam eles os ditadores egípcios ou os democráticos componentes do parlamento inglês.

WOODSTOCK - O ano de 2011 tem sido pródigo em eventos desta natureza. O evento bombado da vez, com todos esses contornos, é o "Occupy Wall Street", uma espécie de Woodstock da segunda década dos anos 2000, só que geograficamente fincado no coração financeiro dos Estados Unidos, Wall Street, em Nova York, e publicizado (e potencializado) pelas redes sociais, blogs e todos os dispositivos a serviço da mobilidade e da informação em rede. Já são milhares de pessoas envolvidas, de diferentes nichos ideológicos e de mobilização, tendo em comum apenas (como se fosse pouco) a vontade de cuspir contra o sistema financeiro dos Estados Unidos, a quem é atribuída a responsabilidade pela escala estratosférica da crise que desde 2008 vem ameaçando a estabilidade econômica do país mais poderoso do mundo.

Somente após as redes sociais já terem se tornado o mural de registro e convocação das manifestações e protestos que, em poucos dias, já saíram de Nova York e chegaram a outras cidades dos Estados Unidos, como San Francisco, Boston e até Washington, é que as emissoras de TV e a imprensa se deram conta do tamanho do imbróglio. Vale dizer que enquanto o tipo de repercussão do "Occupy" nas redes sociais se dá sob toda a sorte de diversidade de registros, nos telejornais do mundo, e nos brasileiros não tem sido diferente, aos manifestantes sempre é colada uma espécie de aura que os enquadra muito mais como web hippies, maconheiros pós-tudo, anarquistas sem bandeiras e porra-loucas maníacos por tecnologia do que como cidadãos contra um modelo econômico que empobreceu milhões de pessoas e saiu ileso, com os bolsos abarrotados de dinheiro. Para entender melhor quem são as pessoas contra quem os manifestantes do "Occupy Wall Street" vomitam, basta ver o documentário Inside Jobs, uma espécie de "tudo o que você queria saber sobre a crise da economia dos Estados Unidos e não tinha a quem perguntar".

TOCA RAUL
- O fato é que, com a potencialidade de amplificação das redes sociais, a imprensa convencional, torcendo o nariz ou com câmeras sorridentes, está, sim, sendo obrigada, como se diz na Bahia, a correr atrás do prejuízo. Um outro aspecto que tem deixado o telejornalismo tonto, mais do que a imprensa escrita, pela escassez maior de possibilidades e estratégias de aprofundamento permitidos pelo modelo de produção do telejornalismo, é a indisfarçável falta de arejamento que a TV tem para abordar, no Século XXI, os significados de ideologia e política. Quando a manifestação é contra um ditador há três décadas, no Egito ou na Líbia, é um movimento político e todo santo âncora de telejornal concorda com isso.

No entanto, se são jovens londrinos barbarizando contra estabelecimentos comerciais para arrancar de lá produtos de consumo nada para matar a fome, pois não têm fome nem estão submetidos a uma ditadura política, aí, então, claro que não há nada a ver com política. Claro, todos concordam que se trata de vandalismo puro e simples, o que leva o telespectador do mundo jamais contestar o desejo manifesto do Primeiro Ministro inglês: controlar o acesso às redes sociais para impedir a organização de manifestações dos garotos-problema. Milhares de manifestantes com tablets e smarthphones nas mãos acampados em Wall Street? Ora, não passam de hippies anarquistas moderninhos que confundem militância política com cliques na web. Está na hora de a velha TV repensar seus conceitos sobre o significado das práticas e ações políticas do lado de cá da tela. Está aí uma geração que parece ter aprendido a transitar entre as redes e as ruas sem passar pelo canal informativo representado por uma televisão que sempre tem uma velha opinião formada sobre tudo. Sim, "Toca Raul" pode ser uma ação política. Por que não? Depende de contra quem se grita.


*Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

domingo, 16 de outubro de 2011

Uma Resposta de André Lemos a Rodrigo Savazoni

Desculpem, sou amigo do Rodrigo e entendo a sua verve, mas o texto é muito tendencioso (diria mesmo, pseudo crítico, e mesmo "militante"),com imprecisões e ausência de uma melhor explicação da relação da Apple com o Unix e Linux (isso nem é tocado). Ele ressalta, com razão, a importância da abertura e da colaboração na internet, no software livre e na cultura digital em geral (no que estamos todos de acordo), mas é historicamente injusto com o que fez Jobs e a Apple. Essa cultura existiria sem a microinformática, sem ipods, iphones e hoje ipads? Difícil imaginar. Nem o Windows existiria, o que poderiamos até pensar em ser uma benção. :-))

Certamente a Apple hoje é uma empresa que amarra o usuário em microcompras de aplicativos e conteúdos, que aprisiona o usuário em compras de cabos e adaptadores a cada novo dispositivo criado, mas o que se está homenageando é a história da Apple, a inventividade e audácia de Steve Jobs. Na minha opinião, uma coisa nao pode desmerecer, ou pior, esquecer a outra.

Há outros gigantes nesse domínio: Turing, Von Newman, Sutherland, Licklider, V. Bush, Cerf, Berners-Lee...Falar da genialidade de Jobs não significa canoniza-lo ou dizer que se está esquecendo os outros. Aliás, ele era uma figura muito difícil, autoritário, arrogante, vaidoso...Mas quem pode atirar a primeira pedra?

Vejam o prossseguimento do debate depois do post do Rodrigo aqui:
http://www.trezentos.blog.br/?p=6403

Para quem não sabe o que a Apple inventou, inovou ou foi a primeira a colocar nas mãos de todos, sendo fonte de cópia para todos, Windows e inclusive o Ubuntu (o desktop é muito similar ao OsX), vejam a lista abaixo...não exaustiva:


Uma interface gráfica, ícones, um desktop, etc.


O uso do mouse


O clique duplo (double click) e o drag-and-drop (clicar-e-arrastar) para realizar ações com o mouse.


WYSIWYG em edição de texto e gráficos ("what you see is what you get" - “O que você vê é o que você obtém”)


Nomes de arquivo longos, com espaços e sem extensão (até 31 caracteres antes do Mac OS X, aumentado para 255 caracteres com o Mac OS X)


O leitor de disquetes 3.5" de série


Áudio de série, incluindo um alto-falante de qualidade


A impressora laser PostScript


Publicação pessoal (Desktop publishing)


Programação pelo usuário através do HyperCard e AppleScript


A interface SCSI (Mac Plus, 1986)


Entrada de Áudio de série (Mac IIsi & Mac LC, 1990)


Leitor de CD-ROM de série (Quadra 900, 1991)


Um ambiente de trabalho único distribuído em diversos monitores


Suporte Ethernet de série (Quadra 700 & 900, 1991)


Universal Serial Bus, a popular entrada USB que substituiu diversas outras, se tornando um padrão mundial e atualmente usada em Pen Drives e MP3 Players.


FireWire, também conhecido como IEEE 1394, um standard desenvolvido pela Apple e promovido também pela Sony sob o nome iLink (G3 Azul e Branco, 1998)


Rede sem fio IEEE 802.11b e IEEE 802.11g (wireless networking), denominados comercialmente AirPort, AirPort Extreme, e AirPort Express pela Apple (iBook original, 1999)


O abandono do leitor de disquetes (iMac original, 1998)


O primeiro computador disponível comercialmente a se basear principalmente no USB para a conexão de periféricos. (iMac original, 1998)


Arquitetura RISC na forma do processador PowerPC, desenvolvido conjuntamente pela Apple, IBM e Motorola (Power Macintosh 6100, 1994)


O primeiro leitor DVD-R a preço popular ("SuperDrive", Power Mac G4, 2000)


Monitores planos de série (iMac G4, 2002)


Primeiros notebooks com mouse de série e teclados externos (série PowerBook 100, 1991)


Primeiro notebook com replicador de portas, para uso como desktop (PowerBook Duo, 1992)


Primeiro notebook com monitor de tela larga (PowerBook G4, 2000)


Primeiro computador pessoal a arquitetura 64-bit (PowerMac G5, 2003)


....


IPOD


ITUNES

MACBOOK AIR

IPHONE


IPAD


....


É pouco?



Saudações,


André Lemos
Associate Professor
Faculty of Communication
Federal University of Bahia
http://andrelemos.info
Twitter: @andrelemos


Texto enviado por Marcos Palacios

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

TV e monopólio da morbidez

TELEANÁLISE


Sentinela - Malu Fontes*


Começo de tarde em Salvador. Na tela da TV, ágil como um urubu eletrônico programado, um helicóptero da TV Record ronda, aproxima-se, sobrevoa, plaina, durante minutos que parecem eternos, sobre um corpo masculino morto, esfacelado sob o sol no asfalto de uma rodovia, após um acidente de trânsito recém-ocorrido. No estúdio, o apresentador Zé Eduardo, o Bocão, narra a tragédia ao mesmo tempo em que faz as vezes de diretor de imagem, pedindo para a câmera ir para lá, para cá, pedindo para granular a imagem aqui ou acolá. Estendido no solo, visto de cima, sob a perspectiva do olhar de gavião eletronicamente potencializado das câmeras de TV atrepadas no helicóptero, um motociclista morto, mutilado, num nível tal de desconfiguração corporal, decorrente do porte do acidente, que equivalia a cenas de filmes B de terror. Manchas vermelhas e brancas espalhadas em raios que o apresentador dizia equivaler a 30 metros. Não era ketchup.

LONA - O fato: um motociclista desequilibrara-se, caíra do veículo e, em seguida, fora atropelado, segundo a emissora, por um, dois ou mais caminhões, que seguiram viagem sem parar, sem prestar socorro. A vítima, a imprensa identificaria depois como sendo um jovem de apenas 19 anos que, no instante do acidente, dirigia-se no sentido Simões Filho-Salvador para encontrar a mulher, que lhe telefonara convidando-o para uma surpresa: acabara de descobrir que estava grávida. Enfim, uma história com todos os contornos de um drama capaz de mobilizar os telejornais populares à exaustão. No entanto, embora em meio a esse cenário macabro, dois elementos chamavam atenção para além do corpo: a insistência com que o repórter e apresentador reclamavam da presença de curiosos e o fato de praticamente todos esses ‘curiosos’ não se contentarem em ver a cena a olho nu, pois empunhavam também um telefone celular gravando a cena.

Imediatamente após o acidente, formou-se um engarrafamento monstruoso na BR-324, nos dois sentidos, pois enquanto o tráfego ficara interrompido na pista do sentido do acidente, do outro, os veículos reduziam a velocidade praticamente a zero para fazer o óbvio em contextos desta natureza: para que motoristas e passageiros de automóveis pequenos e de ônibus cheios de passageiros olhassem corpo, o que prolongaria ainda mais o cenário mórbido no local. O serviço de remoção de corpos do Instituto Médico Legal, como não dispõe da precisão alada dos helicóptero da TV, levaria horas para chegar no local. Somente cerca de uma hora depois, a primeira providência era dada para diminuir o impacto da imagem: uma lona de plástico preto fora colocada sobre o corpo pela equipe de socorro médico da rodovia.

MORTE AO VIVO - Na noite anterior, uma segunda-feira, a TV Cultura reprisara uma entrevista histórica com Ayrton Senna, realizada pelo programa Roda Viva há mais de 20 anos, em 1986, quando o piloto havia vencido a sua primeira corrida de Fórmula 1. Em um dos trechos da entrevista, o então sóbrio repórter de TV, Marcelo Rezende, pergunta a Senna sobre como ele se sente diante do resultado de uma pesquisa da época que dizia que o público de Fórmula 1 via como um dos principais atrativos mobilizadores de uma corrida a possibilidade de ver de perto um acidente grave, inclusive com desfecho fatal.

A fala de Senna caíria como uma luva para explicar o comportamento público que incomodava, no episódio narrado, as reclamações do apresentador Zé Eduardo sobre a insistente e incômoda curiosidade do público diante do corpo morto na rodovia. Claro que o mesmo interesse que o caso despertava para o gavião eletrônico televisivo que lhe sobrevoava era compartilhado pela população ao redor da cena. E com a popularização dos celulares com câmeras, cada indivíduo que parava para filmar a vítima do acidente mimetizava um pouco o que vê os telejornais fazendo dia a dia: ao seu modo, estão capturando imagens trágicas para saírem por aí narrando à sua maneira o que viram e registraram. E suprema ironia trágica: a morte espetacular de Senna se deu ao vivo, diante das câmaras, com transmissão planetária e está capturada para sempre em imagens em movimento, inapagáveis.

COFRINHO - Ou seja, a natureza mórbida dos curiosos que, para os profissionais de TV atrapalham o serviço de socorro, da Polícia ou de remoção tem exatamente a mesma explicação e a mesma origem das razões que levam o helicóptero da emissora a sobrevoar como gavião o alvo no solo. A própria TV, inclusive, só investe a esse ponto na captura desse tipo de imagem porque sabe da existência dessa atração e curiosidade mórbida do público. O programa que reclama da curiosidade popular diante de um crime ou cadáver em via pública, acaso teria a audiência que tem não fosse esse fascínio popular que move as pessoas e irrita a TV por atrapalhar a captura das imagens por helicóptero?

O desejo de consumir o mórbido que justifica motoristas pararem seus carros para ver um morto é exatamente do mesmo tipo daquele sentido pelo telespectador que vai garantir a audiência dos programas que exploram as tragédias. Como disse Ayrton Senna, é típico da natureza do homem e seu desejo ambíguo de chocar-se e fascinar-se com a dor e o sangue alheios. Não, a curiosidade mórbida pela vida extinta ou extinguindo-se não é monopólio da TV. Ao contrário, a TV alimenta-se da existência prévia dela para encher seu cofrinho. O helicóptero vai ter que lidar com esse detalhe incômodo da aglomeração popular nos cenários das tragédias.


*Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Carlos Drummond na voz de Paulo Autran

A morte de Steve Jobs, o inimigo número um da colaboração




Steve Jobs morreu, após anos lutando contra um câncer que nem mesmo todos os bilhões que ele acumulou foram capazes de conter. Desde ontem, após o anúncio de seu falecimento, não se fala em outra coisa. Panegíricos de toda sorte circulam pelos meios massivos e pós-massivos. Adulado em vida por sua genialidade, é alçado ao status de ídolo maior da era digital. É inegável que Jobs foi um grande designer, cujas sacadas levaram sua empresa ao topo do mundo. Mas há outros aspectos a explorar e sobre os quais pensar neste momento de sua morte.

Jobs era o inimigo número um da colaboração, o aspecto político e econômico mais importante da revolução digital. Nesse sentido, não era um revolucionário, mas um contra-revolucionário. O melhor deles.

Com suas traquitanas maravilhosas, trabalhou pelo cercamento do conhecimento livre. Jamais acreditou na partilha. O que ficou particularmente evidente após seu retorno à Apple, em 1997. Acreditava que para fazer grandes inventos era necessário reunir os melhores, em uma sala, e dela sair com o produto perfeito, aquele que mobilizaria o desejo de adultos e crianças em todo o planeta, os quais formam filas para ter um novo Apple a cada lançamento anual.

A questão central, no entanto, é que o design delicioso de seus produtos é apenas a isca para a construção de um mundo controlado de aplicativos e micro-pagamentos que reduz a imensa conversação global de todos para todos em um sala fechada de vendas orientadas.

O que é a Apple Store senão um grande shopping center virtual, em que podemos adquirir a um clique de tela tudo o que precisamos para nos entreter? A distopia Jobiana é a do homem egoísta, circundado de aparelhos perfeitos, em uma troca limpa e “aparentemente residual”, mediada por apenas uma única empresa: a sua. Por isso, devemos nos perguntar: era isso que queríamos? É isso que queremos para o nosso mundo? Leia na íntegra: Trezentos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

WikiLeaks: teste de HIV de Jobs

Sentinela - Adriano s. Ribeiro*

WikiLeaks polemizou teste de HIV de Jobs ontem, às 21:40, o tuiter oficial do WikiLeaks divulgou um link, publicado em janeiro de 2009, opinando sobre o vazamento de um suposto teste positivo de HIV de Steve Jobs.

Segue:
Suposto resultado de exame de HIV de Steve Jobs, 2008 Resumo Duas fotos, que supostamente são parte do arquivo médico do CEO da Apple, Steven P. Jobs, mostram um status de HIV positivo. As duas fotos foram distribuídas por e-mail, e apareceu em uma série de publicações na Internet, incluindo o "iReport" da CNN, que anteriormente publicou um falso relatório da morte de Jobs.

Os resultados de testes por HIV da empresa SxCheck são datadas de 1 de setembro de 2004. Apesar do website do SxCheck não ter sido lançado até 2006 [1], sua controladora Adult Industry Medical Health Care Foundation existe desde a década de 1980 [2].

É, portanto, plausível que os resultados possam ser uma re-edição de testes anteriores associadas com a matriz. O SxCheck anuncia no site ter "décadas de experiência" [3].

Se Steve Jobs tivesse HIV, seria possível que seu câncer de pâncreas tenha sido o Sarcoma de Kaposi, o qual se nota imitar o câncer de pâncreas em pacientes HIV-positivos [4].

Steve Jobs também seguia uma dieta ocasionalmente recomendada para pacientes com AIDS como uma terapia alternativa [5].

Uma inspeção mais criteriosa da segunda imagem revela que os detalhes pessoais do Sr. Jobs estão um pouco desalinhados e não seguem a perspectiva do texto ao redor. "Born", no campo "data de nascimento" (Birth date) também é incomum, embora não seja por si só uma autenticação de falsificação.

O número de identificação (social security number), por outro lado, é de uma estrutura válida e foi emitido na Califórnia, embora não se saiba se é do Sr. Jobs. Como o preço das ações da Apple, Inc depende, em parte, da saúde de Jobs, os especuladores financeiros têm motivações para introduzir informações críticas à saúde do Sr. Jobs. Devido às datas contraditórias, possíveis evidências de falsificação, fortes motivações para a fabricação e pouca motivação para uma revelação legítima, as imagens não devem ser tomadas ao pé da letra. [1]

http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=1296515 [1]


http://www.wired.com/culture/lifestyle/commentary/sexdrive/2006/10/72012... [2]

http://en.wikipedia.org/wiki/Adult_Industry_Medical_Health_Care_Foundation [3]

http://img511.imageshack.us/img511/494/1232130053021xt5.png
[4]

http://findarticles.com/p/articles/mi_m0FDE/is_2_20/ai_72607728
[5]


*Adriano S. Ribeiro é Jornalista, Ciberativista, Especialista em Tecnologia da Informação (TI), blogueiro de Política e Economia .

Assange recusa convite para congresso dos tucanos

Saiu no Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, recusou convite do PSDB para participar do congresso da Juventude do partido, que acontece em dezembro, em Goiânia.

O PSDB já dava como certa a participação de Assange, mas em email enviado ao secretário-geral da Juventude Tucana, Wesley Goggi, um emissário de Assange diz que ele agradece o convite, mas não poderá comparecer ao evento.

Pede, ainda, que o nome do fundador da organização seja “retirado” de materiais “promocionais” do congresso.

2014, a Copa do governo bêbado

Guilerme Fiuza, ÉPOCA


Dilma foi à Fifa e acabou com as dúvidas sobre a Copa do Mundo: chova ou faça sol, está garantida ao Brasil uma boa ressaca em 2014.

Essa perspectiva segura foi muito bem recebida pelos brasileiros, um povo cordial que jamais renuncia à alegria e ao oba-oba, mesmo quando está sendo assaltado.

A preparação do país para a Copa vai muito bem, obrigado. As obras faraônicas para os estádios seguem as regras mais estritas das negociatas, devidamente avalizadas pelo dinheiro do contribuinte.

A grande novidade é que o torcedor brazuca, ao entrar no Maracanã ou no Itaquerão, vai poder encher a cara – e esquecer os quase 2 bilhões de reais que esses novos templos da esperteza lhes custaram.

Foi mesmo providencial o anúncio do ministro dos Esportes, Orlando Silva, sobre a revogação da Lei Seca nos estádios brasileiros durante a Copa. Ninguém suportaria assistir careta a tanto gol contra.

Tome mais uma dose e alcance a lógica do ministro:

A proibição de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol, determinada pelo Estatuto do Torcedor contra a epidemia de violência nas arquibancadas e nas ruas, pode ser suspensa porque “a Copa é especial”.

Orlando Silva explicou que essa regra de civilidade e segurança, há anos em vigor no Brasil, pode ser revista por causa dos “compromissos da FIFA com os patrocinadores”.

O ministro tem razão. O direito brasileiro termina onde começa o faturamento da Fifa.
Esse papo de soberania nacional soa bem em época de eleição – mas em época de Copa do Mundo não tem nada a ver. A Copa é especial.

Os que acham absurdo sujeitar as leis do país a uma marca de cerveja estão reclamando de barriga cheia. Se o patrocinador da Fifa fosse a Taurus, o ministro Orlando Silva também examinaria “com cuidado e naturalidade” a entrada de torcedores armados nos estádios.

E que não venham os estudantes protestar contra o roubo de seu direito à meia entrada na Copa. O governo brasileiro pode ser frouxo, mas felizmente também é incompetente: na falta de um sistema de transportes decente, decretará feriado nos dias dos jogos.

Os estudantes não têm do que reclamar.

Dilma e Orlando Silva poderiam estar matando, poderiam estar roubando, mas estão só rasgando as leis. Viva o governo ébrio.

Não leve desaforo de empresa. Dê o troco

Blog do Sakamoto

A
lgumas empresas que ganham muito dinheiro conosco adoram nos passar a perna. Bancos, companhias telefônicas, planos de saúde… Aliás, não raro, ganham dinheiro exatamente na passada da perna.

Na maior parte das vezes, quando constatamos o engodo, reclamamos ao vento ou aceitamos bovinamente. Poucos vão atrás dos seus direitos, chegando à Justiça se necessário for. Menos ainda são aqueles que passam a apoiar ações de organizações que atuam na defesa de direitos, como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, para que a desgraça não recaia sobre outro infeliz.

Cansado de ouvir reclamações, propus, tempos atrás, uma guerrilha de consumo. Ou seja, agir para reduzir os lucros dos picaretas e poupar o nosso dinheiro. Em suma, coisas que podemos fazer para ajudar a tornar um inferno a vida dos que tornam nossa vida um inferno. No limite, e agindo em conjunto, mudamos comportamentos. Se nada funcionar, pelo menos, desopilamos o fígado.

Retomo aqui algumas sugestões colhidas de amigos que trabalham em empresas que são craques em nos causar problemas.

1) Caso o seu plano de saúde negue um exame previsto no contrato (isso acontece com todo mundo a toda hora), dê o telefone do setor responsável para o seu médico e peça para ele exigir o número do registro no CRM e o nome da pessoa que está negando o pedido. Amigos médicos disseram que sempre que fizeram isso, o plano de saúde voltou atrás e enviou pouco tempo depois a autorização. Poucos são os funcionários de seguros de saúde que encarariam um processo em nome da companhia em caso de problemas decorrentes da não concessão de um exame;

2) Nem todos olham com atenção o extrato bancário e a fatura do cartão de crédito. Procurem débitos de baixo valor, de quatro, cinco centavos, escondidos em nomes estranhos. Pessoas que trabalham na administração de bancos explicam que há instituições financeiras que costumam tungar na cara dura os clientes em cobranças ilegais minúsculas. Quando são pegos em flagrante, estornam os recursos. Vocês vão dizer: “Quatro centavos, Sakamoto? Eu tenho mais o que fazer”. Sim, se fosse uma moeda no chão não vale a microgordura da pança que você queima para abaixar e pegar. Mas imagine quantas contas um banco espertinho tem? E quanto ele ganha com a maracutaia todos os meses;

Na íntegra: Blog do Sakamoto.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Petroleiros preparam greve nacional


Reunidos nesta segunda-feira, 03, no Rio de Janeiro, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus 12 sindicatos filiados aprovaram realizar no próximo dia 11 um Seminário Preparatório de Greve para traçar estratégias de controle e parada de produção nas unidades do Sistema Petrobrás. A avaliação dos dirigentes sindicais é de que a categoria precisa estar preparada para uma grande greve nacional, já que a Petrobrás e setores do governo federal estão resistentes em atender as principais reivindicações dos trabalhadores.

Na Bahia, o Sindipetro-BA, seguindo o calendário nacional, realizará, no dia 08, às 9h, o Seminário Regional de Preparação de Greve, na sede da entidade, Ladeira da Independência 16, Nazaré. A partir de segunda-feira 10, o sindicato inicia o calendário de assembleias nas bases operacionais e administrativas para que os petroleiros se posicionem sobre a decretação de estado de greve e a realização de uma mobilização nacional no próximo dia 19.

Após três rodadas de negociação com a Petrobrás, que teve início no dia 19 de setembro, os petroleiros ainda não receberam uma contraproposta da empresa. A pauta da categoria foi apresentada no dia primeiro de setembro e até agora a Petrobrás só concordou em antecipar a inflação dos últimos 12 meses (7,23%). Os trabalhadores reivindicam 10% de ganho real, condições dignas de saúde e segurança, aumento de efetivos, melhoria nos benefícios, igualdade de direitos para combater a precarização do trabalho terceirizado e fim das práticas antissindicais.

309 petroleiros mortos em acidentes de trabalho

A defesa da vida é o eixo principal da campanha reivindicatória dos petroleiros, cujo tema é “A vida, sim, é a nossa energia – Exploração, só de petróleo”. Este ano, 15 trabalhadores morreram em acidentes na Petrobrás. Somente em agosto, foram oito vítimas, num total de 309 desde 1995. Um número alarmante que reflete a insegurança crônica na qual vivem os trabalhadores da Petrobrás e subsidiárias, principalmente os terceirizados, que são as maiores vítimas de acidentes na empresa.

Luta conjunta com bancários e trabalhadores dos Correios

No dia 21 de setembro, petroleiros, bancários e trabalhadores dos Correios realizaram uma grande manifestação pública no centro do Rio de Janeiro, convocada pela CUT, que contou com a participação de cerca de três mil pessoas, inclusive militantes de outras categorias, estudantes e movimentos populares. O objetivo foi sensibilizar a população para as reivindicações das categorias em luta, principalmente no que diz respeito às condições de trabalho e aumento real de salários. A manifestação abriu oficialmente a campanha nacional dos petroleiros e reforçou a unidade com as demais categorias do setor público que estão em greve.



Fonte: íntegra -
www.sind.org.br

Os artigos assinados não representam necessáriamente a opinião do Sentinelas da Liberdade. São da inteira responsabilidade dos signatários. Sentinelas da Liberdade é uma tribuna livre, acessível a todos os interessados.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Horário de verão para quem?




Sentinela - Jeane Sales Alves*


A Federação das Indústrias da Bahia ganhou e a população perdeu. O horário de Verão será adotado na Bahia.

Para começo de conversa, é preciso lembrar que a Bahia encontra-se próxima à Linha do Equador e o horário de verão é recomendado para países mais distantes deste marco geográfico de referência, simplesmente porque os dias nesses países tornam-se sensivelmente mais longos no verão quando comparado ao inverno. As regiões localizadas no centro do globo terrestre possuem dias e noites de duração bastante semelhante quase todo o ano, o que torna desnecessária a adoção deste mecanismo, por ser muito pequena ou quase nenhuma a economia de energia resultante.

Não obstante a realidade concreta da localização da Bahia, que está muita próxima do Equador, o empresariado baiano, não contente com os vultosos lucros trazidos pelo turismo, verão, pelas praias, festas de final de ano e pelo carnaval, iniciou uma campanha publicitária executada por meio da entrega de folhetos, outdoor e ampla divulgação midiática de convencimento popular dos benefícios da implantação do horário de verão em nossa terra.

O engraçado é que os empresários fizeram a campanha como se a população fosse a maior interessada na mudança. E ainda encomendaram uma pesquisa onde consta que foram ouvidas 800 pessoas, em que a maioria não manifestou contrariedade à alteração dos ponteiros do relógio.

Entretanto, qualquer um pode fazer o simples teste de conversar com um trabalhador hoje nas ruas de Salvador e perceber a revolta com a decisão do governador em acatar o pleito do empresariado. Por que?

Os trabalhadores da periferia de Salvador precisam sair de casa por volta de 5:40h, para se dirigir até um ponto de ônibus e levarem cerca de 1:30h para chegar ao centro da cidade, em função não somente da distância, mas também do aumento da quantidade de veículos e o caos urbano que tem estendido significativamente o tempo de deslocamento do soteropolitano. Assim, não é difícil concluir que o trabalhador sairá de casa, com o horário de verão, antes de o sol emitir seus primeiros raios sobre nossa cidade, ou seja, ainda no escuro, por volta de 4:40h da manhã (horário normal), ou mesmo antes para alguns profissionais.

Sair de madrugada expõe o cidadão a riscos por conta do aumento da criminalidade. Saindo para trabalhar ainda vendo estrelas, a vulnerabilidade no que diz respeito a sua segurança é absurdamente maior.

Fator mais preocupante diz respeito à realização de horas extras neste período. Comumente existe contratação de trabalhadores temporários e aumento da jornada de trabalho para atender a demanda superior das festas de final de ano. Com o novo horário, diferentemente do defendido pelo empresariado - que diz que o trabalhador chegará mais cedo em casa, podendo, assim, desfrutar de maior tempo de lazer com a família–ocorrerá um dilatamento da jornada, com a realização diária de horas extras – muitas vezes não remuneradas ou acumuladas em impagáveis bancos de horas, prejudicando a saúde física, psíquica e econômica do trabalhador.

O
pagamento das horas excedentes, infelizmente, é o direito trabalhista mais violado do trabalhador, porque gera reflexos em verbas como férias, 13° salário, repouso semanal remunerado etc. Para confirmar este dado basta pesquisar os processos trabalhistas que circulam na Justiça do Trabalho em Salvador. Verifica-se que a grande massa de litígios gira em torno das diferenças salariais decorrentes da realização de horas extras.

Dessa forma, sofrendo os efeitos da implantação do horário de verão, o trabalhador será o maior prejudicado nos seus direitos trabalhistas, na sua saúde, segurança e no convívio social. E o maior beneficiado? Os empresários, é claro! Aqueles que começaram esta campanha contrária aos interesses dos trabalhadores; os que ressuscitaram uma cruel realidade das profundas trevas da noite e nela jogaram os trabalhadores.

A Bahia voltou a ser o único Estado do Nordeste a adotar o horário de verão, pondo em prática o lado sombra da economia baiana. Parabéns, Governador! Mais uma demonstração do lado que Vossa Excelência escolheu para defender.


*Jeane Sales Alves
é Bacharel em Direito pela UFBA, Pós Graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo Jus Podivm, Servidora Pública Federal e da equipe do Sentinelas da Liberdade.

Os artigos assinados não representam necessáriamente a opinião do Sentinelas da Liberdade. São da inteira responsabilidade dos signatários. Sentinelas da Liberdade é uma tribuna livre, acessível a todos os interessados.