quarta-feira, 25 de julho de 2012

Agenda Campus Party Recife


Foto: Divulgação

Estamos chegando, Recife!


A escolha por Recife não foi à toa. A cidade, além de ser considerada o "Marco Zero" da ciência no Brasil, sedia o principal pólo tecnológico do país e vem crescendo a olhos vistos nesta área. O entusiasmo empregado no projeto torna o desafio ainda mais prazeroso para a equipe do maior acontecimento tecnológico do mundo. Campuseiros de todas as partes demonstram ansiedade para a chegada deste novo acontecimento.
Todos, como é de se esperar, serão imersos em uma vasta e diversificada quantidade de conteúdos focados em temas que vão do empreendedorismo à inovação, sem deixar de lado debates essenciais sobre sustentabilidade e inclusão digital. E você, vai ficar de fora?


quinta-feira, 26 de julho
18:00
 Abertura - Campus Party Recife
Quandoqui, 26 de julho, 18:00 – 18:30
OndeChevrolet Hall Olinda PE (mapa)
DescriçãoDepois de se consagrar como a maior edição do mundo, a Campus Party chega a Recife para continuar aproveitando o embalo dos campuseiros brasileiros ainda em 2012!
18:30
 Lançamento Plataforma Campuse.ro
Quandoqui, 26 de julho, 18:30 – 19:30
OndeChevrolet Hall Olinda PE (mapa)
sexta-feira, 27 de julho
10:00
 EMPREENDEDORISMO: DEBATE - Web Tendências: novos produtos e serviços para um novo consumidor
Quandosex, 27 de julho, 10:00 – 11:15
OndeChevrolet Hall Olinda PE (mapa)
DescriçãoCENÁRIO PRINCIPAL - Em um contexto em que a conectividade faz parte do dia a dia da grande maioria das pessoas, as fronteiras entre o online e o offline já não existem. Com as novas tendências da web, muitos consumidores mudam seu estilo de vida em favor de uma vida mais confortável e prática, mas e as empresas? Estão acompanhando as mudanças de comportamento e consumo dessa nova realidade? Encontre nesse debate tendências de mercado e de consumo com foco na economia digital.
10:00
 PALESTRA - Protocolos de comunicação unificados
Quandosex, 27 de julho, 10:00 – 11:00
OndeCenário Galileu (mapa)
DescriçãoComo enviar comandos para seus robôs? Imagine se todos os robôs pudessem se comunicar entre si, com as pessoas e dispositivos (tablets, smartphones e computadores) a partir de uma linguagem comum. É possível construir ferramentas de comunicação capazes de controlar diversos robôs, até os que foram construídos por outras pessoas? Palestrante: Thiago Cardoso - Formado em Engenharia da Computação pela UFPE, mestrado em andamento em sistemas Embarcados, atualmente trabalha como engenheiro de software do INdT (Instituto Nokia de Tecnologia). Formou um grupo de robótica para competições durante a graduação e atualmente colabora com o RoboLivre.org.
10:00
 OFICINA - SEO: sucesso nas buscas
Quandosex, 27 de julho, 10:00 – 11:00
OndeCenário Michelangelo (mapa)
DescriçãoVocê já foi até em cartomante para tentar trazer o leitor amado em três dias, mas mesmo assim ninguém visita seu Blog? Calma que existem estratégias bem mais eficazes do que essa. Mecanismos de busca são fundamentais para aumentar a visitação do seu site e, se aplicados corretamente, podem melhorar a visibilidade de suas publicações. Conheça estratégias de SEO e melhore o seu site ou blog! Palestrante Gustavo Guanabara - Professor universitário, funcionário público e consultor em tecnologia. Fundador do Guanabara.info, site de tecnologia que possui um podcast, o GuanaCast.
10:00
 PALESTRA: Lançamento Vivo Hackathon
Quandosex, 27 de julho, 10:00 – 11:00
OndeCenário Pitágoras (mapa)
DescriçãoDescubra como vai ser o maior desafio de desenvolvimento da Campus Party Recife, o Hackathon Vivo. Entre em contato com as plataformas Meu Vivo APP e Blue Via e aprenda mais com dicas de programação.
10:00
 MESA Jogos conversacionais e a gameficação da educação
Quandosex, 27 de julho, 10:00 – 11:00
OndeCenário Stadium (mapa)
DescriçãoO que chama mais a nossa atenção: giz branco escrito em um quadro negro ou uma tela com milhões de cores? Com as novas tecnologias, é preciso criar novos métodos e conceitos de ensino para manter professores e alunos estimulados. Saiba de que modo os videogames estão fazendo parte desta revolução educacional. Participantes: Luciano Meira - Professor de Psicologina da Universidade de Pernambuco Ana Selva - Secretaria de Educação de Pernambuco Adriana Martineli - Education Technology Manager no Instituto Ayrton Senna Fred Vasconcelos - CEO da Jynx Playware e da JoyStreet, empresa desenvolvedora das Olimpíadas de Jogos Digitais e Educação - OJE
11:15
 MESA - Transmídia: mídia além das mídias sociais
Quandosex, 27 de julho, 11:15 – 12:30
OndeCenário Michelangelo (mapa)
DescriçãoNos anos 1980 o vídeo revolucionou a comunicação. Passados 30 anos, já não cabe mais na TV nem na WebTV e permeia as experiências mais diversas. Esta mesa mostra as novas possibilidades, das revistas aos jogos digitais. Daniel Edmundson - Sócio fundador da Bateu Castelo (Filmes), cria, produz e dirige filmes junto com seus sócios André Hora, Pedro Alexandria e Malu Donanzan. Também é sócio fundador da mooz (Branding + Design Thinking).Bateu Castelo é uma produtora pernambucana especializada em conteúdo digital. Realizamos projetos com conceito, direção e design próprios. Acreditamos na comunicação positiva, inteligente, que vira referência, que agrega valor e causa repercussão. Acreditamos na internet como ferramenta política. Ricardo Oliveira é coordenador de mídias digitais da Rede Paraíba de Comunicação e sócio-fundador da Tks t-shirts & happiness. É blogueiro há 12 anos e desde de 2007 mantém o Diversitá, um blog sobre cultura pop. É mestre em comunicação pela UFPB e professor em pós-graduações da iDEZ/Estácio, Maurício de Nassau, Fits, entre outras, ministrando disciplinas como transmídia & convergência, marketing digital e produção de conteúdo para mídias sociais. "Blogs: cultura convergente e participativa" é o seu primeiro livro e foi lançado em 2010, pela editora Marca de Fantasia.
11:15
 MESA - Computadores fazem arte e os robôs são os artistas
Quandosex, 27 de julho, 11:15 – 12:15
OndeCenário Galileu (mapa)
DescriçãoA celebre música de Fred 04 eternizada na voz de Chico Science diz que os computadores fazem arte e os cientistas criam robôs. Mas e quando os robôs também passam a serem artistas autônomos? Quais os avanços e questionamentos da chamada arte robótica ou diríamos arte não-humana? Não seria a criação artística uma capacidade exclusivamente humana. Palestrantes Edson Barrus (mediador) - nasceu na cidade de Carnaubeira da Penha, Estado de Pernambuco, em 1961. Formado em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Sócio da B.Cubico (B³ ), agência de conexão do cinematográfico ao virtual. Gentil Porto - Arquiteto e Urbanista pela UFPE (1993), com mestrado (1999) e doutorado (2004) em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Professor Adjunto do Departamento de Design da UFPE e pesquisador líder do Laboratório de Inteligência Artística - i! (desde 2009). Professor Visitante da Universidade de Eindhoven, Holanda (2004). Tem experiência nas áreas de Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Artes Plásticas, atuando principalmente nos seguintes temas: métodos projetuais, estética, vanguardas e arte contemporânea. Clylton Galamba - Graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade de Pernambuco (1970) e doutorado em Electronics Engineering pela Brunel University (UK 1977) quando iniciou suas pesquisas em Redes Neuronais Artificiais que se estenderam até 1985 quando ainda fazia parte do atual CIN da UFPE. Atualmente é adjunto 4 no Departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco onde ensina a nível de graduação e pós-graduação. Na graduação em design vem ensinando sistematicamente disciplinas de natureza instrumental como desenho de observação e fotografia, e mais recentemente disciplinas conceituais na fronteira do design com a tecnologia e a arte. Atualmente, suas pesquisas e ensino na pós-graduação em design envolvem o desenvolvimento de subsídios para o design sustentável: educação tecnológica e design; complexidade, emergência e design; filosofia e sociolgia da tecnologia; design de sociedades artificiais (sociedade como uma rede de pessoas); comportamento social sustentável.
11:15
 OFICINA - Lançamento Oficial do Framework Opensource FacilMVC pela comunidade PHPPernambuco
Quandosex, 27 de julho, 11:15 – 12:15
OndeEspaço de oficinas (mapa)
DescriçãoAprenda a utilizar este framework open source que foi desenvolvido pela comunidade PHP Pernambuco e esta sendo utilizado em diversas empresas como Ogilvy, Baterias Moura, Civis Gestão Inteligente, WebInterativa, Especializa, entre outras. Características: - Server Side: Framework MVC orientado a objetos com: Suporte a multiambientes Suporte a URLs amigáveis Suporte a junção e compactação de recursos estáticos como JS e CSS Suporte a Internacionalização Plugins PHPMailer, Doctrine ORM e cURL Clientes simplificados para integrações com Redes Sociais Twitter e Facebook e mecanismos de pagamento PagSeguro e Pagamento Digital - Client Side: Integrado ao HTML5 BoilerPlate trazendo Modernizr, jQuery e boas práticas HTML5 Palestrante Jose Berardo Formado em Administração de Empresas pela FCAP/UPE. Diretor e professor da Especializa Treinamentos. Certificado PHP 4 e 5 e Java Programmer e Web Component Developer. Trabalha com PHP desde 2000. Montou o primeiro curso preparatório para certificação oficial PHP do Brasil, em 2005.
11:15
 PALESTRA - Sua primeira e próximas aplicações Android: como fazer em uma hora?
Quandosex, 27 de julho, 11:15 – 12:15
OndeCenário Pitágoras (mapa)
DescriçãoEntre em contato com os principais recursos utilizados para criar aplicativos para Android. Aprenda de maneira prática os primeiros passos para desenvolver para este sistema operacional, utilizando ferramentas que facilitam a vida dos desenvolvedores e fazem desta plataforma Google um sucesso no mercado mobile. Palestrante Nelson Glauber de Vasconcelos Leal -[nbsp]Mestre em Engenharia de Software pelo C.E.S.A.R. (www.cesar.org.br), trabalha com TI desde 2001 e atualmente é Engenheiro de Sistemas do Centro, onde desenvolve jogos, aplicações e novos recursos para a plataforma Android. Também é professor de tecnologias mobile no CESAR.edu (www.cesar.edu.br) e na Unibratec (www.unibratec.edu.br).

Íntegra: http://recife.campus-party.org/2012/agenda-geral-CPRecife.html

"O jornalismo está defasado", afirma professor da PUC-SP


"O jornalismo está defasado", diz Eugênio Trivinho

Por Bruno de Pierro, no Brasilianas.org
Estamos vendo surgir uma nova modalidade de capitalismo com as redes sociais, segundo a qual as regras da comunicação não são mais ditadas pelo jornalismo. Além dos fatos que costuma abordar e perseguir, a prática jornalística está às voltas com o “sobrefato”, ou seja, a movimentação da sociedade dentro do espaço cibernético, da qual a produção simbólica do jornalismo é dependente. A avaliação é de Eugênio Trivinho, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e assessor do CNPq, da CAPES e da FAPESP.
Considerado um dos principais nomes do estudo sobre a cibercultura, Trivinho falou ao Brasilianas.org por duas horas sobre as transformações da comunicação nas redes sociais e a defasagem do jornalismo para lidar com a nova ordem que se impõe. Para o professor, o que acontece é um “destronamento do jornalismo como instrumento de mediação simbólica da sociedade”, ao mesmo tempo que o real é reportado sem a necessidade da edição, perdendo-se, assim, o monopólio do jornalismo especializado.
Na conversa, Trivinho ainda explica o conceito de “glocalização”, em oposição à globalização. Para ele, o termo “glocal” pode explicar melhor o cenário estabelecido pela conexão da Internet, pois significa aquilo que une o global da rede no local de acesso. Por fim, Trivinho fala sobre como o modo de produção do saber na cibercultura tornou-se incompatível com os cânones da Ciência. Confira abaixo as principais partes da entrevista. A íntegra está disponível, em PDF, abaixo do post, ou pode ser acessada por aqui.
Redes Sociais

No campo político, as redes sociais são uma espécie de epicentro articulatório de indivíduos que, a priori, são isolados, para fazer renascer alguma forma de movimentação na sociedade. E na sociedade pode ser dentro ou fora da rede. Essa forma de fazer política pode ser, muitas vezes, tão forte e envolvente que é capaz de se mobilizar e se fazer projeção contra o próprio aparato repressivo (cavalos, gás lacrimogêneo etc.).

Elas tem uma clara função econômica. São articuladoras de novas formas de empreendedorismo, que não estão vinculadas a certos padrões capitalistas. O fato de não haver, em alguns casos, contratação de mão de obra assalariada implica na recusa de certos pressupostos capitalistas, porque onde há emprego de mão de obra assalariada, há, evidentemente, produção de riqueza não repartida. Essa produção da mais-valia, que se reparte, na maior grandeza, para aquele que detém as condições de contratação, e a menor grandeza para aquele que apenas vende sua força de trabalho, sua competência cognitiva, sua habilidade profissional, a recusa e a ausência não configura, portanto, a existência daquele fio condutor que sempre animou o capitalismo, que foi a exploração de um ser humano por outro.

A outra dimensão que as redes sociais trazem, essa sim mais sutíl e bastante curiosa, é o fato de que diversas mega corporações, que portanto trabalham suas marcas ao nível transnacional - e que muitas vezes são redes sociais, Facebook, por exemplo - e que se valem do trabalho articulado de milhões, bilhões de pessoas ao redor do mundo, consideradas como capital humano, e que aderem a essa marca sem gastar um tostão. E justamente por isso valoram, semana a semana, mês a mês, ano a ano, a marca. É a exploração que não passa como exploração. É a exploração flexivel, sutil, imperceptível, obliterada de uma marca, que se gerencia como marca, que acolhe os consumidores - eles não precisam comprar nada no mercado.

Jornalismo

O jornalismo está agora em outro contexto, cujas regras não foram dadas por ele, e diante de um fato que se coloca bastante curioso: o jornalismo, além dos fatos que ele aborda e que ele persegue, está às voltas com o “sobrefato”, que é agora o caso das redes sociais. O jornalismo, que sempre dependeu de determinadas movimentações maquinais, tecnocráticas, uma parafernalha de hardwares (satélites, televisores), agora tem a Internet. Mas o jornalismo não depende só da parte da parafernalha da Internet, ele depende de uma movimentação interessante e que é da sociedade, dentro do ciberespaço e do qual o jornalismo e sua produção simbólica depende. Assim, o jornalismo está defasado em relação ao seu próprio contexto de inserção, exclusivamente relacionado ao modo de produção em tempo real. Ele precisa se adequar, espargindo as suas redes para fontes que agora não estão, senão, no universo das redes sociais.

E mesmo o jornalismo de rede precisa descobrir novas formas de articulação noticiosa, que necessariamente não se faz por contrato de trabalho, às vezes se dá por voluntariedade. Aí já estamos caindo na segunda forma de jornalismo, que é como nós podemos considerar o jornalismo de um modo mais aberto, ou seja, lato sensu. Jornalismo pode ser considerado como um modo de reportar o real e o social, o modo de reportar a vida. Com uma linguagem específica? Sim, mas não precisa ser única. E reportar falo em recriar, pois muitas vezes o fato nem existe. Às vezes é um factóide, criado pela própria notícia, e a notícia passa a ser o próprio fato. E as pessoas vão ler a notícia como sendo o próprio fato. É preciso deslocar a definição. E se jornalismo for reportar o real para outrem - a literatura faz isso, a poesia faz isso, o teatro faz isso -, então ele é uma modalidade de recriação desse real, para outrem, a partir de uma linguagem muito específica.

O jornalismo foi abolido como mediação simbólica, como escritura e re-escritura; as redes sociais fazem isso. O que ocorre é um destronamento do jornalismo como instrumento de mediação simbólica da sociedade e, ao mesmo tempo, uma forma de reportar o real, que tinha sua força, primeiro na inexistência de edição e, segundo, na colocação a público, de forma para compartilhamento, no momento em que o fato estava praticamente acontecendo.
Trivinho: jornalismo foi abolido como mediação simbólica / Foto: IstoÉ

Quebra do monopólio de informações


É uma forma de dizer “recusamos o monopólio da informação”, “recusamos a possibilidade de edição, que já opera uma auto-censura, e faz os produtos irem à população a partir de uma mediação reconstrutora, que pode ser uma maquiagem a respeito do que, de fato, aconteceu. O fato é bruto, sem mediação, exceto aquela das maquinárias e da vontade típica das próprias redes sociais. Essa quebra de monopólio não pode ser desconsiderada como um fato que já é conhecido, que vem acontecendo há pelo menos desde a criação dos computadores pessoais, nos anos 1970, 1980. Essa quebra de monopólio tem um fato novo: o fato agora é reportado por aqueles que o fazem ou que estão muito próximos dele, e que, muitas vezes, não tem ligação com as empresas jornalísticas mediadoras e simbólicas da sociedade.

Se nós considerarmos que jornalismo é produção simbólica de reportar o real, então temos que considerar fora do cânone acadêmico, universitário, técnico, que o que está acontecendo é um fato para o qual o jornalismo ainda não nasceu, ainda nem se deu conta. E mostra o quanto ele está defasado; ele está vendo a proliferação de fontes e não sabe o que faz com elas. O quanto ele está aturdido em relação a isso que comparece como modo de produção simbólica espontânea, de redes sociais comprometidas não somente politicamente, mas com o fato de que é necessário produzir sobre o social, sobre a vida, algo que seja mais autêntico, mais próximo do que são os fatos, do que o próprio jornalismo tem feito.

Produção do saber na Internet

A Internet traz um modo de produção do saber que não é, de alguma forma, compatível com aquele do cânone da ciência. O modo de produção do saber das redes sociais, e mesmo antes da web, com os modens, é o fato de que há quebra da linearidade, há uma emergência da aleatoriedade; o fato de você ter, no Huffington Post, repetitividade de certas expressões, e as pessoas não estão nem aí, esse é o modo aleatório de produção do saber. Você pode encontrar isso em vários lugares a mesma matéria, ou em meios diferentes, duplicadas em parte e continuadas a partir de um desenvolvimento diferenciado do que foi feito no outro dia. E aí você tem acesso a uma versão e depois você saber que existe uma outra versão mais desenvolvida, e alguém pergunta: “mas você leu essa matéria?”, e você responde: “li, mas estava relacionada à versão prévia”.

Esse tipo de produção do saber - e ao mesmo tempo comprometido com uma visualidade, com apresentação despreocupada em relação à questão da logicidade, em relação a não-repetitividade e aos cânones da lógica, da ontologia - é o que acaba, no fundo, colocando para nós que estamos nos relacionando com um fenômeno, cujos horizontes são tão abertos, e nós nem começamos a explorar, e em relação ao qual nós sequer temos elementos epistemológicos herdados para poder abordar. E eu falo de cátedra, pois eu pesquiso essas questões da cibercultura, que é um nome que considero importante para ser cobertura para a fase digital do capitalismo tardio. Quer dizer, eu tomo cibercultura como categoria de época.

O Híbrido e o Glocal

O híbrido é uma categoria terceira, que se opera a partir da junção irreversível entre duas constitutivas. E essa terceira não se reduz nem a uma, nem a outra. Por exemplo, o glocal, que não é nem global, nem local, é uma terceira coisa. Quando se diz aldeia global, em Marshall McLuhan, é algo presencial e circunscrito, e, ao mesmo tempo, global. Existe aí um paradoxo, uma anti-tese.

Quando você liga o seu celular, alguém liga e você atende, ou quando você abre seu tablet e está conectado, e mesmo quando você liga a televisão, você está na terceira grandeza, no contexto glocal. Significa que você não está nem no local, você está conectado em rede, e você não está nem na rede, porque o seu corpo está no local. Você está no híbrido, no meio. E nós não vivemos no meio.

O que você tem é uma mídia que glocaliza. Ela une a dimensão do global, com notícia que vem de todos os lugares, que perpassa o seu ponto de rede, e que chega no seu tablet, no seu rádio, televisão; mas que uma vez que chega até você, porque somos mercado, chega se entrelaçando com o local, e dele não se separa. De modo tal que o que vem da China, do cinturão Norte da África, de Wall Street, nos Estados Unidos, é mais íntimo para nós, quando chega em nossa tela, do que o que acontece na esquina. Então, há um fenômeno muito curioso, que é o de distanciamento do que é próximo e uma aproximação com o que é distante.

O ciberespaço

Estamos às voltas com uma fenomenologia diferenciada. A fenomenologia do ciberespaço, das redes, e também rádio, televisão, enfim tudo o que se refere ao glocal traz consigo uma série de desafios que são inexplicados. E o horizonte é profundo, inesgotável, não vai terminar tão cedo. E nós precisamos dar conta, de alguma forma, disso. E a área de comunicação é uma área privilegiada, porque é com os fenômenos da comunicação que tudo isso tem mudado no social, mas, ao mesmo tempo, a comunicação tem instrumentos que herdou (metodológicos e epistemológicos) da sociologia, da antropologia, da ciência política, da história, da filosofia, e, ainda assim, não está preparada para poder abarcar, com profundidade e maior extensão, o fenômeno.

Crise de paradigma e Modernidade

A comunicação é partícipe e, ao mesmo tempo, receptáculo dessa crise de paradigma, que começa em meados do século XX, com o final da Segunda Guerra e a liberação de grandes forças tecnológicas, científicas e econômicas. Liberação em termos de aceleração completa. Estamos vivendo, agora, o estressamento dessa onda de longa duração. Ninguém aguenta mais tanta aceleração, tanta vida articulada pela lógica da velocidade. Para tudo temos que correr, qualquer produção. E nós somos julgados e avaliados em função da produtividade que fazemos em menos tempo. O jornalismo diário, e o semanal também, é uma loucura, porque você precisa dar conta do tacape do tempo. Então, a partir dessa época [meados do século XX], ocorreu o que os historiadores teóricos vem tratando como Ocaso da Modernidade e a emergência de alguma coisa que se pode chamar de “pós”: pós-industrial, pós-moderno, e até falaram em pós-capitalismo.

Aí começa uma sensação, desde o senso comum até a Ciência, passando por outras formas de produção simbólica na sociedade, e a principal delas é a jornalística, de que nós já não sabíamos mais nomear quê tipo de civilização era aquela que estavamos vivendo. E essa quebra de paradigma vinha justamente pelo fato de que já não se podia mais acreditar nas metanarrativas, nas utopias ou grandes visões de mundo, porque foram elas que nos levaram à hecatombe. Foi o liberalismo pelo capitalismo, foi o nazismo pelo Terceiro Reich, foi o comunismo stalinista, pela burocracia soviética, que nos levaram a um beco sem saída: a Segunda Guerra, que aplicou, para destruição, todos os recursos do século XVIII, ou desenvolvidos, a partir dele, para emancipar o gênero humano do obscurantismo, da miséria. A Razão, a Ciência e a Técnica foram barganhadas para a destruição massificada, inclusive depois daquela bomba, vieram outras ogivas, no ápice da Guerra Fria, capazes de destruir o planeta. Alguma coisa tinha que parar esse filme, que era o conto da carochinha do progresso tecnológico. A modernidade acabou se realizando pela sua sombra. Não foi a modernidade prevista, da liberdade, da distribuição da riqueza.

As ciências, cada qual no seu ramo, desenvolviam-se em função de uma narrativa de emancipação, todas elas cooperavam para trazer luz, para que o ser humano pudesse, através do conhecimento, da superação das doenças, da superação da miséria, das superstições, a luz da ciência, a luz da Razão, para que a humanidade pudesse prosperar em conjunto. As ciências trabalhavam em função de uma metanarrativa; ou era o marxismo, ou era o liberalismo, ou o humanismo. De repente, perdemos os referenciais primeiros. Cada ciência começou a operar por conta própria, começou a olhar para dentro de si, e a se desenvolver segundo um método, que é desenvolver-se em congressos específicos. Uma não se comunica com a outra, e a idéia de interdisciplinaridade começou a ser bastante artificial.

Comunicação como modus vivendi

A comunicação é muito mais do que um campo de trabalho, um campo de saber e é muito mais do que o conjunto dos aparatos da sociedade, muito mais do que a nossa intencionalidade de chegar ao outro e dizer alguma coisa. Ela é, hoje, prótese invisível do inconsciente. Ela é hoje modus vivendi. Muniz Sodré, professor da UFRJ, em um livro chamado Antropológica do Espelho, diz que comunicação é bios, gera hábitos. Então, ela faz parte e se beneficiou da quebra de paradigma, porque ela, a comunicação, desde os anos 1940, 1950, com a cibernética, acabou por se colocar como uma nova utopia. Ela se serviu do vazio deixado pelas utopias políticas e filosóficas, econômicas e religiosas, e ela se colocou como o novo religare, uma nova forma de articular a vida das pessoas. Hoje é preciso ter pela atendente bancária que haja um treinamento, de recursos humanos, para ela aprender a ter inteligencia emocional na situação de estresse e, ao mesmo tempo, sorrir. Porque isso é comunicação da marca, é comunicação da empresa. A comunicação se prevaleceu da crise de paradigma.

Íntegra da entrevista em PDF: Nassif

Brasil precisa investir em educação para crescer, diz expert

envio Octaviano Moniz (Salvador, Bahia)




O Brasil deveria seguir o exemplo da Coreia do Sul e investir em educação para crescer, disse o profesor de economia e ciências políticas da Universidade da Califórnia em Berkeley, Barry Eichengreen, em palestra nesta segunda-feira.
Em seminário promivido pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para discutir o Brasil e o mundo em 2022, Eichengreen afirmou que a Coreia do Sul conseguiu se desenvolver rapidamente focando principalmente na educação do seu povo e hoje exporta cada vez mais tecnologia.
"O Brasil precisa pensar na Coreia do Sul, pensar no que foi um sucesso para a Coreia do Sul, que foi o investimento em educação", afirmou.
Ele ressaltou que Brasil e a Índia poderão oferecer liquidez ao mercado internacional com suas moedas, já que o dólar vem perdendo força com as sucessivas crises econômicas e até o momento não se tem uma alternativa clara de quem irá substitui-lo.
"Daqui a dez ou 20 anos, o Brasil e a Índia poderiam ser os países a oferecer liquidez ao mundo", disse.
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