Sentinela - Antonio Nelson
Desde 2002, Cláudio Rabeca migrou para a capital pernambucana. A paixão pelo multiculturalismo do Leão do Norte lhe impulsionou a construir laços afetivos sólidos com diversos artesãos da melodia nordestina, em especial da cidade do Recife. Para ele, a consolidação do mercado e a residência da irmã na capital pernambucana facilitaram as coisas. Potiguar de nascimento, mas cidadão recifense, após se deleitar no som banda Mestre Ambrósio, Cláudio Rabeca declara ter a banda como influência decisiva para aprender os primeiros tons com Mestre Salu. Para Cláudio Rabeca, Chico Science, Nação Zumbi, Fred 04, Silvério Pessoa, Otton, Lenine e Lula Queiroga são ícones preciosos que pertencem ao caldo cultural de Pernambuco. Mas quando a questão são artistas locais “contemporâneos”, onde a criatividade é previsível para muitos, Cláudio Rabeca revela nomes desconhecidos pelo público brasileiro e grande mídia. A resposta vêem na ponta-da-língua: Caçapa, Alexandra Leão, Silvério Pessoa, Pouca Chinfra, Siba, Orquestra Contemporânea de Olinda, “Banda Eddie”, Issar e, Academia da Berlinda.
Em 2004 pisou no chão com o CD do II Festival Syngenta de Música Instrumental de Viola. Gravou o DVD Cavalo Marinho Estrela de Ouro, em 2005. No mesmo ano recebeu convite para fazer parte do Quarteto Olinda, onde fizeram temporada de Forró no Bar Pitombeira. O Quarteto Olinda ascendeu significativamente na metrópole.
A partir de 2009, Cláudio Rabeca grava seu primeiro CD, Luz do Baião, um disco com arranjos fortes e identidade marcante. Simultaneamente, com o Quarto Olinda, confecciona o CD sob o título do nome da banda. Em 2011, Cláudio Rabeca produziu o CD Rabequeiros de Pernambuco.
Mas é em bairros do Recife como Ibura, na periferia, Pina, na zona sul, Casa Amarela, bairro nobre, e Marco Zero, no Recife Antigo, que recifenses e estrangeiros assistem a abertura do carnaval multicultural da cidade, com o percussionista negro Naná Vasconcelos, orquestrando os tambores afros. A platéia também já teve oportunidade de assistir shows de artistas nacionais como Marisa Monte e Elza Soares. Por determinação do ex-prefeito João Paulo (PT), os artistas locais passaram a se apresentar na periferia. Caso o artista recusasse apresentação, privilegiando bairros nobres, não teria oportunidade em nenhum outro lugar. O objetivo é não fazer distinção de classe. A prefeitura se “apropriou” do conceito de multiculturalismo e decidiu acabar com a existência e o aumento da privatização do carnaval.
Cláudio Rabeca adora ler. O gosto pela leitura incitou o ímpeto e o prazer de degustar as biografias de Jackson do Pandeiro, João Silva, mas tem preferência por João Cabral de Melo Neto.
A ambição de ver a Rabeca lacrimejar tem um ar peculiar. Os que tocam Choro na Rabeca vieram da música clássica, são violinistas, Nicolas Krassik (RJ) e Jeferson Leite (GO). Parafraseando o poeta, navegar é preciso. Ambicionarmos o Choro por Cláudio Rabeca também é preciso.
Rabeca Enxerida - Cláudio Rabeca by antonionelsonlp
Herança - Cláudio Rabeca by antonionelsonlp
Sábio Pescador - Cláudio Rabeca by antonionelsonlp