sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O custo humano embutido num iPad

Saiu no Trezentos

via EstadãoInício do conteúdo

Somente em 2011, quatro pessoas morreram e 77 ficaram feridas em fábricas contratadas para produzir as últimas novidades da Apple

26 de janeiro de 2012 | 23h 00

Charles Duhigg e David Barboza, do The New York Times

NOVA YORK – A explosão arrasou o Edifício A5 numa tarde de maio do ano passado. Uma erupção de chamas torceu os tubos de metal como se fossem canudos jogados fora. Quando os operários na lanchonete correram para fora, viram uma fumaça negra saindo das janelas – era a área onde os empregados poliam milhares de estojos de iPads por dia.

Duas pessoas morreram na hora e mais dez se feriram. Quando os feridos eram levados às pressas para as ambulâncias, um em particular chamava atenção. O rosto lambuzado, atingido pelo calor e a violência da explosão, deu lugar a uma pasta preta e vermelha no lugar da boca e nariz.

“Você é o pai de Lai Xiaodong?”, alguém perguntou, quando o telefone tocou na casa de Lai. Seis meses antes, o jovem de 22 anos havia se mudado para Chengdu, sudoeste da China, para se tornar mais uma das milhões de peças humanas da engrenagem que move o maior, mais rápido e mais sofisticado sistema de manufatura no globo. “Ele está com problemas”, disse a pessoa do outro lado da linha ao pai de Lai, que não resistiu aos ferimentos.

Na última década, a Apple tornou-se uma das mais poderosas e bem sucedidas empresas do mundo. A Apple e suas congêneres do setor de alta tecnologia alcançaram um ritmo de inovação jamais observado na história moderna.

Contudo, os operários encarregados da montagem dos iPhones, iPads e outros aparelhos com frequência trabalham em condições terríveis, de acordo com empregados das fábricas, grupos de defesa dos trabalhadores e relatórios publicados pelas próprias companhias. Os problemas são tão variados quanto os ambientes de trabalho e os problemas de segurança – alguns mortais – são graves.

Os operários fazem horas extras excessivas, em alguns casos trabalham sete dias por semana e vivem em dormitórios superlotados. Alguns trabalham em pé por tanto tempo que suas pernas incham a ponto de quase não conseguirem andar. Empregados menores de idade ajudaram a fabricar produtos da Apple, fornecedores da companhia armazenaram inadequadamente lixo tóxico e falsificaram registros, segundo dados da empresa e grupos de defesa do trabalhador que, dentro da China, são considerados monitores independentes e confiáveis.

Mais preocupante ainda é o desprezo de alguns fornecedores pela saúde do trabalhador. Há dois anos, 137 funcionários de uma fornecedora da Apple a leste da China foram intoxicados depois de receber ordens para usar uma substância química venenosa para limpar as telas do iPhone. No ano passado, houve duas explosões em fábricas de iPad mataram quatro pessoas e deixaram 77 feridas. Antes mesmo destas explosões, a Apple havia sido alertada para as condições perigosas na fábrica de Chengdu. Íntegra: Trezentos.

WikiLeaks: Julian Assange produz entrevistas com ícones mundiais


Pública-Agência De Jornalismo Investigativo
Começam nos próximos dias as gravações para o novo projeto do WikiLeaks, uma série de entrevistas feitas por Julian Assange com personalidades que estão mudando o mundo – sejam revolucionários do Egito, pensadores, chefes de Estado. O título provisório da série é “O mundo amanhã”.

Serão no mínimo 10 capítulos de meia hora cada, transmitidos por canais a cabo nos EUA e na Europa, além da TV Russa RT, que já anunciou publicamente a parceria. Como não poderia deixar de ser, tratando-se do fundador do Wikileaks, as entrevistas serão disponibilizadas na internet e traduzidas para diversos idiomas – inclusive o português. Todas serão realizadas na Inglaterra, onde Assange permanece em prisão domiciliar há mais de um ano.

No dia 2 de fevereiro, aliás, acontece a batalha final com a justiça britânica: audiência na corte suprema sobre o pedido de extradição de Julian para a Suécia.
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