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ENTREVISTA
O professor Odilon Castro é bacharel em Gastronomia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). Mestre em alimentos, Nutrição e Saúde pela Escola de Nutrição da UFBA. Cozinheiro profissional com certificação pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Além disso, Odilon tem especialização em Administração Hoteleira (UFBA/ SENAC) e graduação em jornalismo UFG (Universidade Federal de Goiás).
Odilon está entre os principais expositores do VI Seminário do Museu de Gastronomia da Bahia com o tema " Farinha de Mandioca: cultura e gastronomia", a partir de 21 de agosto, das 14 às 18:15h, no Teatro Sesc-Senac Pelourinho.
De Norte a Sul, do litoral ao sertão do Brasil. Na programação abaixo, após o bate-papo, confira "os segredos da farofa e do pirão" e outras receitas!
Antonio Nelson – Farinha no
prato é o tema da sua explanação neste VI Seminário do Museu de Gastronomia da
Bahia, com o tema “Farinha de Mandioca: cultura e gastronomia”. Existe um sabor
inédito ao tratar deste prato?
Odilon Castro - O que há de inédito é o reconhecimento da importância da farinha
de mandioca na cultura gastronômica brasileira. O objetivo do Seminário é abrir
espaço para a gastronomia brasileira, e, nesse caso, mostrar um ingrediente que
faz parte no comer diário, mas passa despercebido dos nossos olhares. O
Seminário tem o mérito de provocar a discussão sobre nossas raízes
gastronômicas mais populares.
Antonio Nelson – Como professor do curso de gastronomia de UFBA, mestre em alimentos, Nutrição e Saúde pela Escola de Nutrição da mesma universidade, além de cozinheiro profissional certificado pela ABNT, o senhor percebe muitos potencias criativos no Estado?
Antonio Nelson – Como professor do curso de gastronomia de UFBA, mestre em alimentos, Nutrição e Saúde pela Escola de Nutrição da mesma universidade, além de cozinheiro profissional certificado pela ABNT, o senhor percebe muitos potencias criativos no Estado?
Odilon Castro – Acredito tanto na preservação da culinária regional quanto na
sua inventividade. Ou seja, temos o dever de preservar os rituais
gastronômicos, mas nada impede de aprofundarmos e irmos além no uso das
técnicas gastronômicas e ingredientes. Acho que a Bahia tem potencial para a
criação, temos alguns cozinheiros que já trabalham nessa perspectiva, mas acho
que podemos fazer muito mais.
Antonio Nelson – Falta marcado para esses jovens profissionais? É preciso migrar para outras capitais?
Odilon Castro – O que falta no mercado
é profissional competente. Ainda hoje os grandes hotéis e restaurantes
"importam" cozinheiros de fora para cargos de chefia aqui na Bahia. O
que precisamos é ocupar esses cargos com competência.
Antonio Nelson – O brasileiro tem se alimentado melhor? Tem feito uma reeducação alimentar?
Odilon Castro - Não tenho dados sobre a alimentação brasileira nos dias atuais, mas minha visão é a de duas vertentes: uma que prefere a comida barata e saturada em açúcar, gordura e sal dos "fast food" e comida industrializada, e outra que relaciona a comida à saúde, preferindo alimentos frescos e dieta balanceada. Infelizmente essa última vertente ainda é muito pequena em detrimento da primeira que cresce assustadoramente.
Antonio Nelson – O senhor
também é graduado em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Qual sua análise do conteúdo jornalístico sobre gastronomia no Brasil?
Odilon Castro – Temos algumas boas revistas especializadas e também alguns cadernos em jornais de circulação
nacional. Sinto falta de estudos científicos sobre gastronomia, mas espero que
formação acadêmica em gastronomia comece a produzir publicações com essa base
científica.
Antonio Nelson – A indústria de alimentos tem tido os devidos cuidados necessários para o bem-estar do ser humano? Quais contradições que lhe impactam ao longo da sua carreira?
Odilon Castro - É uma pergunta difícil de responder. Espera-se que a indústria
alimentícia siga regras que contemplem a saúde da população. Estamos sempre
sendo surpeendidos co informações conflitantes como: o consumo de café,
chocolate, ovo, carne vermelha etc. Lembro que cerca de dez anos atrás o uso da
gordura hidrogenada era festejada como a melhor para o processo de fritura e agora
é condenada.
Antonio Nelson – “Farofa de
sabiá”, “paçoca de vovó” e “farofa Oswaldo Aranha”. Quais as receitas delas,
riqueza nutricional; em qual circunstância adequada podem comer? Os nomes
remetem a um contexto histórico?
Odilon Castro - Essas receitas são clássicas de diversas regiões do Brasil. São
sugestões do curado do Museu de Gastronomia do SENAC e organizador do
Seminário. Elas serão apresentadas e interpretadas por cozinheiros do SENAC
durante as oficinas do Seminário.
Antonio Nelson – Quais são seus pratos preferidos? Por quê?
Odilon Castro - Sou devoto das culinárias regionais, sejam elas nacionais ou
internacionais. Portanto, me delicio com
feijoadas, maniçobas, galinhadas, pirões, ou então massas italianas, risotos,
ou a ainda a cozinha oriental. Também me encho de prazer com um simples e bem
feito cachorro-quente. Enfim, muito do meu gostar vem das memórias e
experiências na vida. As culinárias internacionais eu aprendi a gostar mais
recentemente, a partir da minha profissionalização na gastronomia. Continuo na
busca pelo aprendizado do comer.
Antonio Nelson – Café com
farinha! É possível?
Odilon Castro - Tudo é possível! Essa mistura é muito utilizada pelo Brasil.
Lembro-me de um refresco de infância que era rapadura, farinha e água gelada. Muito
bom.
Antonio Nelson – Quais as perspectivas para os próximos cinco anos?
Odilon Castro - Difícil de arriscar qualquer palpite. As comunicações estão cada
vez mais rápidas e podemos cair no risco de uma globalização alimentar
indesejável. Ou então poderá haver também resistência à essa globalização e
luta pela preservação das culinárias regionais, movimento este o qual sou
adepto sem radicalismos.
Confira a programação do Seminário!
14h _ Abertura
14h15m _ Conferência:
v Farinha boa _ Prof. Joselito da
Silva Motta – Engenheiro Agrônomo, Mestrado em Extensão Rural e
Concentração em Transferência de Tecnologia, Pesquisador ‘Usos da Mandioca” da
Embrapa. Desenvolve ações com a cultura da mandioca, com treinamentos para
professores, técnicos brasileiros e da África de língua portuguesa, inglesa,
francesa, Ásia e América.
14h55m _ Conferência:
v Farinha no prato _ Prof. Odilon
Castro – Professor do Curso de Bachalerado em Gastronomia da
UFBA, Ex-coordenador do Curso de Gastronomia da UNIFACS. Cozinheiro
Profissional certificado pela ABNT. Mestre em alimentos, Nutrição e Saúde pela
Escola de Nutrição da UFBA. Especializado em Administração Hoteleira (UFBA /
SENAC). Graduado em jornalismo (UFG).
v Farinha na Gastronomia Brasileira _
Prof. Asdrubal Vieira Senra, Professor da UFBA; Prof.
Instrutor convidado da UNIVALI-SC, atua como prof. de Cozinha Brasileira,
de Cozinha latino-americana e Espanhola; pesquisador em cultura e
alimentação brasileira.
15h35m _ Intervalo:
v "Café com farinha"
16h15m _ Painel:
v participação dos alunos de gastronomia e nutrição.
Coordenação Prof. Odilon Castro
17h30m _ Comunicados:
v Qualidade, identidade e notoriedade da farinha
de mandioca de Nazaré das Farinhas: uma contribuição a indicação geográfica _ Profª.
Drª. Janice Izabel Druzian – graduação em Química Industrial,
mestrado em Química, e doutorado em Ciência de Alimentos pela UNICAMP.
Atualmente é professora Associada I da UFBA na Faculdade de Farmácia. Tem
experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Biotecnologia, e
Proteção da Propriedade Intelectual (Patente e Indicação Geográfica).
v Salve a casa de farinha _ Fernanda
Cabrini e Marcelo Terça-Nada (líderes do Slow
Food na cidade do Salvador)
18h _ Debates
18h15m _ Encerramento
Programação das Oficinas
Farofas e Pirões
Oficina I:
Horário: de 13h às 16h
· Farofa
de Sabiá
Histórico da farofa /
procedência: feita com leite, cebola, pimentão, pimenta malagueta, carne seca
assada.
· Pirão
de Leite com Queijo Coalho
Histórico da farofa /
procedência: típico do nordeste, feito com leite, manteiga de garrafa e pedaços
de queijo coalho. Serve-se com carne do sol assada na brasa.
· Paçoca
de Carne Seca
Histórico da farofa /
procedência: carne do sol assada, moída no pilão junto com a farinha.
Oficina II:
Horário: de 16h30 às
19h30
· Paçoca
da Vovó
Histórico da farofa /
procedência: feito com tapioca, coco ralado e açúcar. Assada no forno.
· Pirão
Praieiro (com caldo de peixe)
Histórico do pirão /
procedência: feito com caldo e pedaços de peixe.
· Farofa
Oswaldo Aranha
Histórico da farofa/
procedência: conhecida como uma farofa especial, aonde se usa materiais
variados como arroz, batatas fritas, bacon, banana e ovos.
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