quinta-feira, 21 de junho de 2012

Por que Assange escolheu o Equador?



Saiu no G1 

Da BBC

Duas partes vinham ensaiando aproximação havia algum tempo.



A decisão do fundador do WkiLeaks, Julian Assange, de buscar asilo no Equador pode ter surpreendido muitos já que, este ano, o país vem sendo acusado internacionalmente de reprimir a imprensa privada.

Mas o governo equatoriano já vinha ensaiando uma aproximação com o jornalista australiano havia algum tempo.

Em novembro de 2010, o ex-vice-ministro das Relações Exteriores equatoriano Kintto Lucas ofereceu a Assange residência no país, para que pudesse 'divulgar livremente as informações que possui'.

A oferta foi rapidamente retificada pelo governo do presidente Rafael Correa como sendo uma oferta feita por iniciativa própria de Lucas. À época, o líder do país chegou a criticar o WikiLeaks por divulgar documentos confidenciais.

Mas em abril de 2011, o Equador expulsou a embaixadora americana após revelações - feitas pelo WikiLeaks - nas quais ela sugeria que Correa estaria ciente de acusações de corrupção feitas contra um chefe de política promovido a comandante de uma força nacional.

Desde então, Assange tem mantido contato próximo com a embaixada do Equador em Londres.

Entrevista
 
Muitos apontam como um divisor de águas nesta relação a entrevista conduzida em abril por Assange com Correa para o canal em inglês, financiado pelo governo russo, Russia Today.

Durante os 75 minutos de entrevista, Correa elogiou o trabalho da WikiLeaks, defendeu a liberdade de expressão, criticou o papel negativo de alguns órgãos de imprensa e encerrou o encontro com uma saudação amigável para Assange:

'Bem-vindo ao clube dos perseguidos!', disse o mandatário sul-americano.
Na entrevista, Correa também disse que os documentos publicados pela WikiLeaks fortaleceram seu governo 'porque as grandes acusações da embaixada americana eram que o governo do Equador promove um nacionalismo excessivo e defende sua soberania'.
'Sem dúvida somos nacionalistas e defendemos a soberania do país', disse Correa, que foi o único presidente latinoamericano entrevistado pelo programa, que já recebeu personalidades como o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e o presidente da Tunísia, Moncef Marzouki.

Estratégia
 
Atualmente, o Equador decide se dá asilo político a Assange, que está refugiado na embaixada do país em Londres. O australiano luta contra a extradição para a Suécia onde enfrenta acusações de crimes sexuais.

Ele diz que as acusações são motivadas politicamente.

Analistas consideram que a concessão de asilo para Assange pode ser uma medida inteligente do governo Correa, que deve tentar a reeleição no ano que vem. Ela pode ser uma oportunidade de mudar a percepção de que persegue a imprensa.

Correa se diz vítima da imprensa privada equatoriana, que historicamente serviu os interesses das elites econômicas do país.

No começo do ano, ele ganhou dois processos milionários contra jornalistas. O jornal 'El Universo' foi multado em US$ 40 milhões e seus donos condenados a três anos de prisão.
Dois jornalistas investigativos foram multados em US$ 10 milhões por terem difamado a reputação do presidente em um livro que trouxe detalhes de contratos governamentais.
Após duras críticas internacionais, Correa perdoou os jornalistas.

O editor do jornal privado 'Hoy', Marlon Puertas, disse à BBC que 'se há algum mérito que devemos reconhecer neste governo é que nunca toma uma decisão improvisada'.

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