Saiu no Nassif
Por O Escritor
Uma Proposta de Emenda Constitucional
A propósito da piada pronta divulgada em 13 de junho pela jornalista
Sonia Racy e pelo Twitter do "Estadão", antes de sumir do blog da
jornalista (o apoio da Igreja Bola de Neve ao candidato José Serra).
O uso da influência religiosa para fins políticos é uma excrescência social e precisa acabar. Ponto.
Imagine-se durante um culto, ao qual você se dirigiu para cuidar dos
temas elevados da alma, sendo obrigado a ouvir o discurso político de
um candidato – do qual você não gosta. Ou ouvir um discurso incisivo do
próprio líder da instituição, praticamente obrigando-o a votar num
candidato ("Se você é um de nós, tem que votar nele", esta é a
mensagem).
A pressão institucional para mudar a sua escolha espontânea, a
coerção do grupo para que você se conforme à opção do líder da
instituição, o constrangimento de ser visto como um estranho-no-ninho
apenas porque está exercendo sua liberdade política – tudo isso é
imoral. E nada tem de espiritual ou religioso, não importa a
justificativa oferecida pelo líder (geralmente, um toma-lá-dá-cá bem
mundano).
Sugiro a um deputado ou senador que redija uma Proposta de Emenda
Constitucional destinada a estabelecer uma distinção nítida entre ação
religiosa e ação política. Igreja, seita e denominação não são grupos
criados para gerar efeitos políticos na sociedade. A isenção de
impostos, benefício garantido pela Constituição aos templos religiosos
(Art. 150, VI, b), justifica-se apenas enquanto esses grupos cumprem
sua função determinada na letra da Lei. A partir do momento em que se
tornam centros de doutrinação política (e é isso em que eles se
transformam, após um desses espúrios acordos de cúpula), devem deixar
de merecer o benefício.
Qualquer participação de político em reunião religiosa oficial,
pedindo votos, abonada pela instituição, deve acarretar o imediato
cancelamento do status de instituição religiosa e a imediata
obrigatoriedade do recolhimento de impostos. E isso deve valer até
mesmo no caso de propaganda de membros da própria instituição que sejam
candidatos em pleitos políticos.
É preciso manter não somente a separação entre Igreja e Estado, mas
também a separação entre Religião e Política, eliminada malandramente
pelos líderes religiosos que desejam manobrar politicamente a massa de
fiéis.
Seria interessante criar uma hashtag (#PECdaBoladeNeve ?) e levar
avante a campanha para impedir essa interferência política ilegítima,
baseada na indevida exploração de prestígio e no constrangimento
daqueles (e eles são muitos) que divergem das escolhas interesseiras (e
às vezes corruptas) dos seus dirigentes religiosos.
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