terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PM de Salvador: Greve ou ameaça?



Por Daniela Souza*


Manifestar-se nos momentos de tensão é realmente perigoso. É fato que o policial merece e deveria receber mais, aliás, como todos nós: professores, jornalistas, porteiros, domésticas etc. E é fato que é importante abrir um diálogo com alguém que quer dialogar. Nesse sentido, o nosso governador não se mostrou muito hábil.

Por outro lado, os policiais não podem ameaçar o Estado de Direito e a sociedade. Negociação não é ameaça... Ninguém negocia na base da ameaçado, nem policial e nem governante.

Não temos muito trato com a democracia, algo relativamente novo para nós. Acho que estamos sofrendo por isso. Qual o limite da reivindicação? Qual a postura que o governador deve tomar?

Ceder ao clamor é atender a necessidade real ou ceder agora é reder-se ao grupo armado?

A greve dos PMs é uma ameaça à democracia ou é a luta justa por melhores condições de trabalho?

Não sei. O que sei é que nós estamos presos em nossas casas. Pelas informações que recebo, sei que alguns trabalhadores considerados honestos estão envolvidos em ações pouco honrosas (policiais também).

O que sei por fato é que essa briga é fruto de uma desigualdade profunda entre os brasileiros, baianos ou não.

O que sei por fato é que a corrupção, o corporativismo e a troca de favores (produzidos e gestados por nós) impedem um país com mais justiça social, sustentável e com melhor distribuição de renda e riqueza.

Mas vamos deixar isso para lá, porque o importante é solucionar a greve a qualquer preço. E depois que a greve passar, tudo será quarta-feira de cinzas.



*Daniela Souza é Jornalista e Professora.

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