domingo, 18 de dezembro de 2011

Sem intermitências com maestro Gil Santiago

Sentinela - Antonio Nelson

As vozes da Soterópolis me convidam! Meu diálogo não intermitente do último sábado (17/12/11), além do Grupo Triat’uan, foi com o maestro da Orquestra Afro Sinfônica, Gil Santiago. Gil partilhou comigo com exclusividade sua trajetória na música e inquietações com a contracultura soteropolitana.

Na década de 1990, aos 17 anos Gil Santiago tocava na banda Tambores Urbanos. De acordo com ele, momento especial na história do Samba Reggae na Bahia. Bacharel em música na UFBA (Universidade Federal da Bahia), Gil se tornou o primeiro negro da Orquestra Sinfônica da Bahia, além de conquistar formação na Universidade.

Seu pai, o sergipano Messias Santiago, de origem pobre, migrou para a cidade do Salvador para o bairro da Boca do Rio. Messsias se tornou, com muito empenho, petroleiro da Petrobras. Foi morar no bairro nobre do Stiep. Mas foi na Boca do Rio, que Gil, tocava lata na comunidade. Aos 17 anos, Gil começou nos Tambores Urbanos. A ascensão de Gil, através da identidade africana, se tornou mais visível para os que “não” tem ouvidos para escutar, na regência da Orquestra Afro Sinfônica.

Gil assevera que seu empenho lhe proporciona prazer, principalmente com o Projreto de Educação Musical, que é realizado no município de Camaçari, na Bahia, valorizando a identidade étnica. “São 50 músicos. O Centro Cultural da Cidade do Saber distribui o aprendizado das melodias em 15 pólos. Entre 2.500 a 5.000 crianças e jovens, do ensino fundamental, de sete a 15 anos estão com oportunidades transformadoras. Cordas, sopros e percussão, e tem iniciação musical com canto coral”, declarou emocionado.

Gil se dedicou em aprimorar a acuidade com o vibra fone e regência. Mas se assunto é contracultura baiana, ele ressalta que por razões econômicas a indústria cultural do axé music produz o processo de embranquecimento dos negros. “A música afro não propriedade nossa. Mas, vemos brancos neste cenário tocando o pagode original para apenas vender”, salientou.

Para Gil é indispensável que os artistas baianos aglutinem forças para celebrar a vida ao som da diversidade que a Bahia tem, seja através do contato direto, com shows nas ruas da capital baiana, pela internet – rompendo as barreiras da grande mídia, e em mobilização da Salvador oficial para o Brasil e o mundo. Fica aí a dica...

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