quinta-feira, 9 de julho de 2009

Marketing x Crise

Quem pode mais


Sentinela - Antonio Freire*

A crise que assola o mundo desde o final de 2008 é um reflexo da falta de respeito das organizações com o consumidor e das suas limitações financeiras. Os conceitos de marketing, falados e estudados pelos quatros cantos do mundo estão sendo desprezados por um conceito novo: O comprometimento financeiro para a motivação ao consumo.

Isso é ruim ou apenas um argumento da vaidade dos conceitos do marketing, que tem o seu espaço invadido pela visão financeira, ou pela visão “financiadora” dos hábitos de consumo que comprometem a saúde financeira dos consumidores?

Explorar ou tentar mudar os hábitos de consumo, mostrando ao cliente que ele poderia comprar, pagando módicos “reais” mensalmente, é literalmente trocam um espaço no holerite (contra-cheque) do trabalhador, ou na pensão do aposentado, por bens de consumo de qualquer natureza, e isso gera uma grande preocupação para os profissionais de marketing e para as empresas que buscam fidelizar as suas relações de consumo, pois estes espaços tendem a acabar, e daí para frente, como fica o consumo? Para? Isso mesmo, para.

Se existe crise, por que existem filas nas concessionárias de automóveis? Os carros vendidos estão circulando ou estão em casa parados porque a crise impede à todos de abastecer? Alguém já ouviu falar na redução dos congestionamentos?. Para circular tem que abastecer, e para abastecer tem produzir combustível que vem das fábricas, que geram empregos, e os empregados consomem, e os desempregados também; O governo com o programa “bolsa família” alimenta só no nordeste brasileiro mais de 20 milhões de pessoas, e estas utilizam o dinheiro deste auxílio principalmente para comer, e se temos mais pessoas comendo, estão comprando, e com isso movimentam a economia, se tem mais gente comprando, onde está a crise? Chamamos a atenção de um posicionamento empresarial equivocado, o de vender sem saber se o cliente pode pagar, sem necessariamente comprometer os seus ganhos e sem saturar.

O marketing pretende é mostrar que o momento político é quem está afetando os postos de emprego e que as indústrias e empresas que estão quebrando e as que quebraram ou fecharam antes de quebrar, estão ou estiveram com problemas sérios de gestão, deixando que a doença da miopia empresarial tomasse conta dos negócios.

O que o marketing quer é poder planejar o futuro das empresas e garantir um nível de consumo constante e duradouro. Lembrem que há 15 anos atrás, quando o marketing e seus conceitos acadêmicos, devidamente ajustados a cada realidade empresarial, era ouvido de maneira importante, e que em todos estes anos, o que mais ficou evidenciado foram empresas em pleno crescimento, mercados sendo abertos, novos modos de consumo sendo criados, nova cultura empresarial, voltada para entender qual a real necessidade de consumo dos seus mercados, podemos constatar que empresas sólidas e com políticas comerciais voltadas à fidelização, estavam sempre em crescente nos seus mercados e sendo benchmarking para concorrentes.

Como disse um navegador solitário, “ventos calmos não fazem bons marinheiros”, e o mercado baiano, em particular, nos mostra que há 15 anos o empresariado vem se “desprofissionalizando”; Ao invés de se profissionalizarem e aprenderem, não, deitaram em uma zona de conforto e se esqueceram que a economia vive de ciclos, e o ciclo da parada no crescimento chegou, e para quem não está preparado, este momento vira crise. Acreditar que só é bom o mercado do dólar, e esquecer que queremos consumir produtos de qualidade, é sub-estimar a nossa inteligência, então, que sejam queimados containeres de uva do Vale do São Francisco, e que mais frigoríficos quebrem e que mais empresas sem gestão de mercado fechem as portas.

Crise é uma redução dos níveis de vendas abaixo do ponto de equilíbrio empresarial, e não estamos vendo isso, apenas uma redução das vendas em relação aos anos de crescimento desenfreado.

O que o marketing quer mostrar é que Lula não está errado quando diz que a “marolinha da crise” não incomoda o Brasil, é porque ele acredita que o empresariado aprendeu e economizou no momento das grandes vendas, e que não seriam necessários tantos desempregos para mostrar que quem manda no Brasil é a indústria, quem manda na economia são os especuladores, mas quem manda no consumo, é o consumidor, e este… este ainda não parou de consumir, isso porque o seu nível de comprometimento de renda ainda não chegou no limite crítico, ainda existem lotes em seus holerites à serem ocupados, mas se as campanhas ainda estiverem sendo feitas com foco no financeiro ao invés da fidelização, este limite vai chegar, e aí, não podemos garantir quanto tempo vai durar a crise.

*Antonio Freire da Silva Neto – Bacharel em Marketing, Especialista em gestão empresarial, em educação superior e Consultor de marketing. professorfreire@academiadavenda.com

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