segunda-feira, 18 de maio de 2009

Que desçam sobre nós as bênção de Gandhi

Sentinela - Luis Guilherme Pontes Tavares*
lulapt@svn.com.br

É preciso aprender a não baixar a cabeça. E,
se forçados a baixá-la, mostrar que apenas se toma
impulso para a investida, como fazem os touros.
Hélio Pólvora, A Tarde, 09.09.2007, p. 2


A pregação da não-violência feita pelo indiano Mahatma Gandhi o elevou a herói de seu país. São constrangedores os registros cinematográficos de soldados britânicos, a cavalo, surrando, com vara de madeira, o povo indiano. Gandhi pregou a corajosa e esperançosa resignação e o povo atravessou os maus dias até a independência da Índia. Gandhi entrou para a história da humanidade porque lutou contra a violência do colonizador sem utilizar a força quando enfrentava o desrespeito e a opressão. Acreditou, e venceu, com a sua proposta de paz. Isso foi no século passado, na década de 1940, e, antes que o século se encerrasse, a lição de Gandhi serviu de inspiração a Nelson Mandela para acabar com o apartheid na África do Sul e chegar à presidência desse país.

A partir deste ponto fica combinado que os indianos são os funcionários do quadro efetivo, e os outros são os ingleses. Vamos prosseguir, quiçá, sob as bençãos de Gandhi. É nosso desejo que a paz se instale. Que não seja necessário acomodar os outros no Paquistão.

É lamentável que em pleno século XXI, às vésperas de tantos problemas reais e insolúveis, o Estado brasileiro prossiga gastando de modo irrefletido o dinheiro extraído do seu povo pobre – inclua-se nele a classe média, cada vez mais empobrecida, porque é quem paga os impostos. A irresponsabilidade é intolerável. É ela que autoriza a superposição de ingleses sobre os indianos, como se fosse aceitável a admissão de inglês para desempenhar a função do indiano. É lamentável que tal ocorra sem que se leve em consideração o investimento que foi feito para preparar o indiano e que, surrupiada a função dele, se a entregue de mão beijada ao inglês.

A austeridade, minha gente, é dever dos brasileiros, não deve ser uma ação de faz-de-conta, mas um comportamento diário de quem se sabe devedor de milhões de não incluídos, estes sim credores de uma esbórnia de solidariedade que está tardando.

O Estado brasileiro continua adquirindo equipamentos e, por isto ou por aquilo, destinando-os à ferrugem. Nos últimos tempos testemunhamos que destino igual tem sido dado a pessoas, que, deixadas à margem e sem as atividades que realizavam com competência e cuidado, também enferrujam.

O Brasil, a Bahia, a Cidade do Salvador, tudo, enfim, nos pertence. É da nossa responsabilidade cuidar bem daquilo que será herdado mais adiante por outros brasileiros, por outros baianos, por outros soteropolitanos. A noção que cultivamos de um futuro melhor se assenta na certeza de que é no presente que o construímos. E de mãos dadas, inclusive, com os ingleses.

Paz! E vamos para frente.

*Luis Guilherme Pontes Tavares, jornalista.

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