De Octaviano Moniz (Salvador, Bahia)
Saiu na Folha
23/07/2012
-
04h35
Mostra destaca nova produção do Nordeste
DE SÃO PAULO
Uma pensão no largo Dois de Julho, em Salvador, abriga os travestis que
fazem programa nas redondezas. Virgínia Medeiros mergulhou na história
deles e montou um estúdio fotográfico em que retratou esses personagens
em troca de suas histórias.
Seus relatos em vídeo e contos que a artista escreveu estão agora
numa exposição do Paço das Artes, "Metrô de Superfície", uma coletiva
de artistas do Nordeste que despontaram na última década.
Nesse recorte, a indefinição de gêneros surge como um denominador
comum. "São artistas que reinventam a sexualidade, que criam grandes
ficções", resume Clarissa Diniz, curadora da mostra. "Eles fazem
trabalhos emancipadores, de grande fôlego, obras que explodem."
Solange Tô Aberta, banda criada pelo artista Pedro Costa, também
exalta a ideia de gêneros híbridos em letras de funk hedonistas e shows
catárticos que faz pelo mundo.
"Funk é uma forma livre de trabalhar com a música, falar dessa
mulher que goza, não mais submissa", diz Costa num vídeo exibido no
Paço. "As pessoas sofrem quando não estão enquadradas como macho ou
como fêmea."
| Obra de Amanda Melo, que está em mostra coletiva do Paço das Artes |
Obra de Amanda Melo, que está em mostra coletiva do Paço das Artes |
Essa inquietação com o corpo também informa outros trabalhos da
mostra. Rodrigo Braga simula uma cirurgia em que costura o focinho de
um cachorro morto ao próprio rosto, com uma sequência fotográfica da
operação.
Noutra peça desconcertante, Solon Ribeiro projeta fotogramas de
filmes clássicos sobre carcaças de bichos num matadouro e aparece
dançando com pedaços de carne, uma "cena dionisíaca, violenta, que
mistura sangue e morte", nas palavras de Diniz.
Dor é outro ponto de partida. Amanda Melo faz uma performance em que
cobre todo o corpo com fita isolante e caminha pelas ruas, arrancando
depois o plástico num strip-tease às avessas -a imagem de uma
sexualidade em construção. (Silas Martí)
METRÔ DE SUPERFÍCIE
QUANDO de ter. a sex., das 11h30 às 19h; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30; até 13/9
ONDE Paço das Artes (av. da Universidade, 1, tel. 3814-4832)
QUANDO Grátis
QUANDO de ter. a sex., das 11h30 às 19h; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30; até 13/9
ONDE Paço das Artes (av. da Universidade, 1, tel. 3814-4832)
QUANDO Grátis
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