quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Faltou Michael na Pop Life

Sentinela - Luis Guilherme Pontes Tavares*

Havia, no início de outubro, anúncios nos jornais londrinos convidando para a exposição Pop Life na Tate Gallery. Fomos conferir. O ingresso custa 12 libras e meia. Mostra trabalhos do artista norte-americano Andy Warhol e daqueles que, como ele, adotam o princípio de que “uma boa arte é um bom negócio”. Abriu no dia 1º de outubro e permanecerá até janeiro do próximo ano. Ocupa metade do 4º andar da Tate. Foi ali que vimos, ela na frente, ele a seguindo, o casal Bruna Lombardi e Carlos Alberto Ricelli. O casal e a Pop Life combinavam bem!

Há três salas em que menores de 18 anos não podem entrar. São até bem comportadas apesar dos closes das partes íntimas da artista pornô italiana Cicciolina. Os quadros de Warhol pintados com pó de diamante e expostos sob luz especial tocaram-me muito mais pelo inusitado que são.

Senti falta de uma sala especial dedicada a Michael Jackson porque ele, apesar de cantor, fez de sua pele e do resto do corpo um objeto de intervenção artística de repercussão surpreendente. Afinal, o que mudou para Michael quando he changes himself de negro para branco?

O British Museum abriu em outubro mais uma mostra temporária, em que exibe, além dos objetos e documentos, a sua extraordinária habilidade museológica, promovendo o equilibrado balanço da estética com o didático. A visita ao monumental museu é livre, porém as mostras temporárias, não. Para ver Moctezuma: astec roler, o museu cobra 12 libras (adulto).

Moctezuma é patrocinada pela ArcelorMittal, empresa petrolífera inglesa que negocia com os mexicanos. Sendo assim, o México enviou para Londres o que possui de mais precioso no seu acervo histórico sobre o imperador asteca, bem como sobre o colonizador espanhol Hernán Cortez, com quem Montezuma (aqui com n, como grafamos em português) tentou negociar, porém saiu derrotado e morto.

A extraordinária exposição ocupa o espaço que outrora era o grande salão de leitura da British Library, instituição que ganhou sede nova há alguns anos. Moctezuma, além de mostrar grandes esculturas pré-colombianas que adornavam a cidade de Tenochititlan, exibe também a iconografia espanhola sobre o período (séculos XV e XVI).

O British Museum trata o tema com elegância e bom gosto, porém é quase certo que a Espanha, por causa da esperteza rude e da violência de Cortez, volte a figurar na história como um dos colonizadores mais cruéis. Quiçá, na falta de outra justificativa, tudo seja culpa do ar salitroso do Mediterrâneo.

Londres, meus amigos, é cultura, entretenimento, muito verde e boa comida.
Venham para cá vocês também!

* Luís Guilherme Pontes Tavares é Jornalista, produtor editorial e professor universitário. Este texto foi escrito em 11 de outubro, no trajeto Londres-Paris feito no Eurostar que partiu da capital inglesa às 9h45. Teria sido publicado aqui desde 23 de outubro, quando o autor o remeteu da cidade do Porto, porém não foi possível abrir o arquivo. Enfim, eis, redigitado, o segundo texto que Luis Guilherme escreveu durante a recente viagem à Europa.

2 comentários:

  1. Nada mais Caras do que o jornalista de férias na Europa (primeira vez?), falando de nada em museus apinhados, flagrando atores nacionais em outras bandas (eu vi, eu vi), convidando a tyurma para ir para lá também. Vá ser jornalístico assim lá... na Europa.

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  2. Finalmente ,como sempre peço ao Antonio Nelson(hj vou fazer até uma contribuição simbolica de R$1)temos artes plasticas no blog Sentinelas!Muito bom ,espero que acompanhe a cena local tambem.Excelente materia.Realmente nada mais pop que o casal Ricelli e a "periquita" da Cicciolina que por sinal é casada com o famoso artista plastico Jeff Koons.Quero mais!Vou aguardar...

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