terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais um jornal gratuito


Sentinela - Luís Guilherme Pontes Tavares*

Desde domingo, 11 de outubro, que o London Evening Standart, vespertino londrino, passou a ser distribuído de graça. É “o primeiro dos jornais históricos ingleses a transformar-se num gratuito”, registrou o jornal português Público na sua edição de 03 de outubro. E acrescentou que a tiragem mais que duplicaria, de 250 mil para 600 mil exemplares diários.

O fenômeno explosivo da multiplicação de jornais de graça no mundo já nos acomete há algum tempo, toda sexta-feira, com a publicação regular do Metrópole, do empresário Mário Kertész. Nesse caso, a tiragem confessada é de 80 mil exemplares, superior, portanto, à tiragem dos demais jornais de Salvador.

O que importa nos dois casos – do London Evening e do Metrópole – é a tiragem que seduz a publicidade. O passo dado pelo jornal inglês, todavia, é audacioso demais, pois entra num campo de disputa em que outro veículo da mesma empresa – o Lite – já tem leitores cativos.

O próprio Evening explicou que a decisão acontece num instante em que o magnata naturalizado norte-americano Rupert Murdoch, dono da multinacional News Corporation, não mais concorre no espaço dos jornais gratuitos de Londres e tem experimentado prejuízos com o Wall Street Journal, de Nova Iorque, e com a expansão da presença da sua empresa na internet.

O fenômeno mundial do crescimento da oferta de jornais de graça – free newspapers – é surpreendente porque acontece quando as circunstâncias não autorizariam tal situação. De um lado, a consciência ecológica torna-se cada vez mais aguda no mundo inteiro; de outro, multiplicam-se os sites que oferecem, em tempo real, notícias de todos os lugares.

Fica a impressão de que o fim do caminho dos jornais gratuitos é um precipício por onde cairão o jornalismo e a liberdade de imprensa. É o que vejo quando embarco no metrô de Londres pela manhã. Há jornais desarrumados e espalhados nos vagões... É uma apocalíptica visão de que o que foi importante, agora é tão-somente lixo!

Paris, 12.10.2009.

*Luís Guilherme Pontes Tavares é jornalista, produtor editorial e colunista do Sentinelas da Liberdade – artigo é exclusivo do Sentinelas.

Um comentário:

  1. No Japão já é comum os jornais serem gratuitos.Acredito ser o futuro para os jornais ,que passarão a sobreviver de publicidade.A net é implacável.

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