quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Globalização: A metástase do capitalismo


Sentinela – Luiz Humbert*

O mercado é global desde os primórdios das civilizações.

Muito antes de Marco Polo, dos fenícios, dos gregos, dos árabes, dos cartagineses, dos romanos e dos ingleses, o mercado é global. A globalização surgiu com o ser humano.

Mas quando a palavra globalização passou a ser intensamente inoculada no inconsciente coletivo pela mídia patronal, John Kenneth Galbraith, o grande pensador norte americano da atualidade, afirmou que globalização é apenas um novo nome para a velha prática imperialista das nações ricas controlarem a economia, a política, as forças armadas e a corrompida e incompetente classe dominante dos países pobres.

A diferença prática é que agora esse controle é ilimitado, porque todas as nações do planeta perderam a sua soberania e são governadas, de fato, pelas grandes corporações capitalistas transnacionais. Os avassaladores avanços tecnológicos da atualidade tornam quase instantâneas as operações financeiras globais interbancárias e as transmissões de dados e de imagens via satélite, para uma rede mundial de computadores e televisão. Graças à excitada colaboração da mídia patronal global, o controle total do mundo é apenas mais um espetáculo oferecido por eles á humanidade.

Com o fim do Capitalismo de Estado na Europa, em novembro de 1989, os vírus do liberalismo econômico e do individualismo competitivo das revoluções burguesas do pós feudalismo - já libertos de sua histórica barreira marxista - se transformaram no câncer incurável do capitalismo atual, soberano predador da humanidade e do seu meio ambiente.

Aliás, o mês de novembro de 1989 é um marco na história do capitalismo global. Nesse mês ocorreram dois fatos cruciais para a humanidade: a queda do muro de Berlim, simbolizando o fim da resistência armada e organizada ao terrorismo do capital e as deliberações planetárias do Consenso de Washington.

Mas o começo desse processo de transformação do vírus em câncer deu-se em novembro de 1963, quando as indústrias bélicas e petrolíferas norte americanas assumiram, de fato, o governo da maior potencia econômica e militar do planeta, com o golpe de estado que assassinou o presidente Kennedy e acabou com a soberania política do povo ianque.

Graças ao elevado grau de incompetência, de degradação moral e de submissão política e econômica das forças armadas e das classes dominantes no Brasil, no Chile, na Argentina, no Peru, na Bolívia e no Paraguai, essas republiquetas foram as primeiras vítimas da nova política de estado das grandes corporações capitalistas, que derrubou regimes democraticamente eleitos, para decretar pela força militar o fim do compromisso social, econômico e cultural das empresas privadas com as populações desses países.

Com as sangrentas ditaduras latino americanas do meado do século passado, os trabalhadores desses países perderam a estabilidade no emprego, ganhando insegurança e desespero para o resto da vida, vivendo sem perspectivas de trabalho estável e de emprego também para seus filhos, desagregando a família, sem o direito de viver e envelhecer com dignidade.

Além desse direito humano fundamental, os trabalhadores foram despojados de suas históricas conquistas trabalhistas e sofreram o pior arrocho salarial já imposto pela iniciativa privada, com o afrouxamento das leis do trabalho.

A população desses países também foi penalizada com a redução dos gastos públicos diretos para o povo e com o consequente aumento de gastos públicos para obras superfaturadas.

Reformas tributárias impuseram rígida disciplina fiscal, para garantir, entre outras benesses ao capitalismo, o pagamento prioritário das dívidas públicas à agiotagem internacional.

Depois, sempre para privilegiar o pequeno capital privado nacional e o majoritário capital estrangeiro, foram implementadas as seguintes ações espoliativas: abertura comercial só nos países subdesenvolvidos, com eliminação de restrições ao investimento estrangeiro direto, especialmente quanto à remessa de lucros e royalties ao exterior, eliminação de subsídios agrícolas e quebra de barreiras alfandegárias protecionistas; juros e câmbio ditados pelo mercado e privatização das estatais, inclusive as consideradas de segurança nacional.

Comprovado o sucesso capitalista dessas medidas políticas extremas e a restrita e facilmente eliminada reação popular nesses países latino americanos de terceira classe, o Consenso de Washington resolveu estende-las aos países da Europa e dos outros continentes, a partir de novembro de 1989.

Por fim, reunidos no Fairmont Hotel de São Francisco, na Califórnia, nos idos de 1995, os superbilionários do planeta, os verdadeiros donos do mundo, complementaram a divisão da terra entre eles, estabelecendo as suas respectivas áreas de domínio.

Em diversos emocionados depoimentos, lá ficou comprovado que, graças á mecatrônica e a outros avanços tecnológicos, 20% da população dos países desenvolvidos é capaz de produzir tudo que esses 20% melhor aquinhoado necessita.

Portanto, o resto da humanidade veio ao mundo somente para viver de biscate, morrer de fome, de doença ou de uma bala perdida.

È isso, é precisamente isso, é essa tragédia humana que os sonâmbulos globais assistem passivamente pelo mundo afora.

Diante desse triste quadro social global, surge a comunidade musical GRAMPO (grupo musical de apoio á mobilização popular), para acordar, com música e poesia consciente, os 80% de sonâmbulos brasileiros, propondo sua união em comunidades sustentáveis e auto-suficientes, como fez o visionário Antonio Conselheiro em Canudos, mostrando aos ambiciosos, aos apáticos, aos egoístas e aos conformados, que justiça, liberdade, igualdade e fraternidade podem não ser utopia.
* Luiz Humbert é colunista do Sentinelas da Liberdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os artigos assinados não representam necessáriamente a opinião do Sentinelas da Liberdade. São da inteira responsabilidade dos signatários. Sentinelas da Liberdade é uma tribuna livre, acessível a todos os interessados.