segunda-feira, 20 de julho de 2009

10 ANOS SEM RENATO BERBERT DE CASTRO


Sentinela - Luis Guilherme Pontes Tavares*
lulapt@svn.com.br


Em junho passado, completaram-se 10 anos da morte do bibliófilo Renato Berbert de Castro (1924-1999). À medida que se aproxima o 14 de maio de 2011, cresce a ausência de Berbert de Castro porque ele seria o parceiro mais animado para a organização dos festejos do bicentenário da instalação da imprensa na Bahia. São dele, os estudos fundamentais sobre a Tipografia de Manuel Antonio da Silva Serva, criada em Salvador em 1811, e da Tipografia Imperial e Nacional da Bahia, criada em 1823 em Cachoeira e depois transferida para Salvador. Ele deixou inédito, dentre outros, o livro sobre a Tipografia de Camillo de Lellis Masson.

O corrente ano não é apenas o décimo desde o falecimento do bibliófilo Renato Berbert de Castro. É também o 40º da primeira edição do seu A primeira imprensa da Bahia e suas publicações. Tipografia de Manuel Antônio da Silva Serva, 1811-1819, obra patrocinada pelo Departamento de Ensino Superior e da Cultura – Desc – da Secretaria de Educação e Cultura da Bahia – SEC –. Ele não apreciava a edição que a então Imprensa Oficial da Bahia fez, de modo que manteve inédita a segunda parte da pesquisa sobre a tipografia de Silva Serva, referente ao período que, após a morte do tipógrafo, em 1819, a oficina prosseguiu atuando sob o comando da viúva e dos dois filhos.

Desde a morte de Renato Berbert de Castro que herdei, por manifesta decisão dele, a incumbência de editar seu livro completo sobre a Tipografia de Manuel Antonio da Silva Serva, que resultará da reunião do que fora publicado em 1969 pela SEC com a segunda parte da pesquisa que ele não publicara. A Academia de Letras da Bahia, da qual Berbert de Castro foi membro atuante, solicitou, em 2001, à Assembléia Legislativa do Estado da Bahia a inclusão da obra no rol daquelas que desde 1998 as duas instituições vêm publicando todos os anos. Porém, outros projetos predominaram sobre o prosseguimento da produção do livro de Berbert de Castro até a etapa de impressão.

A preciosa pesquisa de dele sobre a Tipografia de Silva Serva e sobre os impressos ali produzidos desde 1811 até o meado da década de 1840 será, certamente, publicada. Ganhará o título de As Servinas, inspirado no neologismo criado por Berbert de Castro para agrupar as obras de Silva Serva e familiares. Já está toda digitada, foi submetida a uma primeira revisão e possui capa concebida pelo artista plástico Jamison Pedra, providências que contaram com o patrocínio da Assembleia Legislativa. Faltam outras ações complementares que enriquecerão ainda mais o livro de Berbert de Castro. Nesse sentido, abriu-se o diálogo com a Fundação Biblioteca Nacional, com a Fundação Clemente Mariani, com a qual ele negociou a sua biblioteca de obras raras, com a Odebrecht e, por último, com a Edusp – Editora da Universidade de São Paulo –. Todavia, por enquanto, não se chegou a nenhuma decisão.

Paralelo aos cuidados que passei a ter com a obra desejada por Renato Berbert de Castro, acentuaram-se as ações com o propósito de organizar as comemorações do bicentenário da instalação da imprensa na Bahia, festa que será incompleta se até lá não se publicar As Servinas, do bibliófilo Renato Berbert de Castro. Uma das primeiras ações, ainda em 2000, foi a criação do Núcleo de Estudos dos Impressos da Bahia – Nehib –, que, no ano seguinte, foi instalado em 14 de maio, na Associação Bahiana de Imprensa – ABI – como um marco dos 190 anos da imprensa baiana. Na ocasião, os pesquisadores Kátia de Carvalho, Nerlson Varón Cadena e eu entregamos ao vice-presidente da entidade, jornalista e publicitário José Jorge Randam, o documento que lista e explica os projetos do Nehib.

A partir de 2001, o Nehib tem atuado, através dos membros fundadores, em várias frentes. Se Kátia Carvalho anima os seus orientandos do Instituto de Ciência da Informação – ICI – a pesquisar a história dos impressos da Bahia, Nelson Cadena publica, desde 2003, o periódico Almanaque da Comunicação da Bahia, preparou no ano passado o suplemento da revista Imprensa sobre os 200 anos da imprensa brasileira e mantém site temático que previlegia os temas relativos à história da mídia brasileira. Quando a mim, considero que a distinção de ter conduzido o GT de História da Mídia Impressa desde 2003 até 2008 foi um gesto de confiança do professor doutor José Marques de Melo, então presidente da Rede Alfredo de Carvalho, para com o Nehib. Durante esse exercício, tivemos a oportunidade de publicar quatro livretos Rumo ao bicentenário da imprensa brasileira; Marco zero da Rede Alfredo de Carvalho; Zilah Moreira, a repórter do Estadão na Bahia, no tempo da ditadura militar e O Correio do Sertão e o fim do coronelismo em Morro do Chapéu, a maioria deles disponível no site da Associação Brasileira de Pesquisadores em História da Mídia – Alcar –
http://comunicacaofeevale.br/redealcar/.

Das ações do Nehib até 2009, a que teve mais repercussão foi a Coleção Cipriano Barata, de caráter interinstitucional, inaugurada em 2005 com a primeira edição de Apontamentos para a história da imprensa na Bahia. No mesmo ano foram publicadas a segunda edição de A primeira gazeta da Bahia: Idade d'Ouro do Brazil, de Maria Beatriz Nizza da Silva, e Nome para compor em caixa de alta: Arthur Arezio da Fonseca, de Luis Guilherme Pontes Tavares. Em 2006, foi publicada a segunda edição dos Anais da imprensa da Bahia, de João Nepomuceno Torres e Alfredo de Carvalho. Em 2007, saiu a segunda edição ampliada de Apontamentos para a história da imprensa da Bahia e, em 2008, a coleção estampou seu selo no livro Memória da imprensa contemporânea da Bahia, organizado por Sérgio Mattos.

* Jornalista, produtor editorial e professor universitário.

Um comentário:

  1. teixeira da Mota18/5/10 04:40

    Tenho um livro religiosos impresso na tipografia de Silva Serva em 1816.
    Este livro tem o super libros " Firmina Carlota da Sª Serva".
    Gostaria de identificar esta Senhora, se filha ou mulher de Manoel Antonio.
    Será que me podem ajudar

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