segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O amor que se vai - Flávio Gikovate
Vídeo indicado pela psicóloga Adriana Pereira, Recife-PE.
É disso que o povo gosta?
TELEANÁLISE
Sentinela - Malu Fontes*
Com a popularização da Internet e, sobretudo, com o sucesso das redes sociais, hoje os telejornais têm muito mais possibilidades de mensurar o quanto determinados temas abordados sob a forma de notícia caem ou não no gosto do telespectador. Se antes da febre das redes sociais já se falava em notícias de interesse público (aquelas que se relacionam a fatos que dizem respeito à vida de todos os cidadãos) e notícias do interesse ‘do’ público (aquelas que dizem respeito à vida das celebridades e a fait divers e que só são veiculadas para inflar a audiência), hoje pode-se dizer que há um terceiro fenômeno em curso: as notícias de interesse público ou interesse ‘do’ público que passam a fazer parte de uma terceira agenda: a agenda da audiência do público específico das redes sociais.
O fato de um tema abordado nos fóruns noticiosos tradicionais ter bombado no Twitter ou no Facebook, por exemplo, não significa necessariamente que as notícias relacionadas a ele tenham tido o mesmo nível de repercussão pública na vida social off line. A audiência das redes sociais talvez venha a adquirir uma equivalência à da televisão, mas ainda não são a mesma coisa. Há, portanto, uma agenda pública e uma agenda do público das redes sociais. Entretanto, mesmo que o conceito de audiência da televisão ainda não sirva para traduzir nos mesmos termos a audiência e repercussão nas redes sociais, é fato que as redes são, sim, um poderoso instrumento de aferição do que ganha repercussão.
SOVACO - Com as time lines das redes sociais, muito da incredulidade de parte dos telespectadores sobre as razões de algumas emissoras darem destaque a esse ou aquele tema pode, agora, encontrar algumas respostas diante do tamanho da repercussão desses nas redes. Recentemente, por exemplo, uma matéria produzida por Patrícia Nobre pela TV Bahia e exibida no Jornal Hoje em poucas horas estava nos trend topics do Twitter, comentada por milhares de pessoas no país inteiro. O tema? Esmaltes. Sim: cores da moda, dicas de conservação para não fazer bolinhas, fórmulas para durar na unha, etc. Naquele dia essa foi a matéria que mais repercussão gerou. Ou seja, enquanto muito telespectador que faz o tipo profundo deve ter achado o Ó uma matéria grandona sobre esmaltes e mulherzinhas, um exército de gente foi ao paraíso com a abordagem e a emissora teve como ficar sabendo disso.
Um outro exemplo recente de que há muito mais razões entre as notícias que caem na boca do povo e o nível de interesse que elas possam conter do ponto de vista do interesse público foi a estrondosa repercussão adquirida pelo caso da Mulher-Ketchup, o episódio ocorrido no interior da Bahia, em Pindobaçu, em que Erenildes Aguiar Araújo, 32 anos, forjou a própria morte lambuzando-se de ketchup e posando para fotos passando-se por um cadáver com uma peixeira embaixo do sovaco. O objetivo foi dividir o cachê como o matador contratado para eliminá-la e, de sobra, divertir-se aparecendo viva para a mandante do crime, a amante de seu marido.
BELISCO - Soube-se que, em Salvador, ao dar pela primeira vez a notícia da Mulher-Ketchup, alguns âncoras de telejornais tiveram que beliscar-se com força sob a bancada para não cair na gargalhada. Do lado de cá da tela, certamente muita gente deve ter se perguntado por que tamanha bizarrice mereceria destaque no telejornal local. Menos de uma semana depois, no entanto, o caso não havia adquirido uma superdimensão apenas local, mas nacional, internacional. Foi parar na capa de portais de grandes jornais internacionais, como o Guardian, o Daily Mail e abriu a edição do Fantástico do último domingo, com direito ao envio a Pindobaçu, pela Rede Globo, do repórter de rede, o grifado José Raimundo, para entrevistar os principais personagens da trama. Como ocorre sempre que se trata da Globo, é claro que em dois tempos a produção convenceu todo mundo a falar diante das lentes globais do Fantástico, até mesmo a envergonhada mandante. Coisa rara é achar quem não aceite falar com a Globo.
A moral da história é que, como veículos comerciais que são, eivados de todo o talento do mundo para ganhar dinheiro à custa da venda dos olhos dos telespectadores para os anunciantes, as emissoras de televisão podem até desagradar os mais exigentes ao colocar bandas rastaqueras nos estúdios dos seus telejornais, ao eleger temas ocos para suas matérias e ao mandar um ex-jogador de futebol negro pular muro para ‘invadir’ casa de famosos do esporte. Mas que elas sabem o que estão fazendo, ah, como sabem...
O MUNDO É RASO - Os telespectadores que fazem o tipo profundo podem até fazer muxoxo com as formas das coisas televisivas como elas são, mas é bom registrar e corticalizar: “Edilson que o povo gosta, Edilson que o povo quer”. Não é, TV Bahia? Sim: a audiência pauta o conteúdo. Simples assim. E numa prova de que a superioridade está sempre na vida do vizinho, o caso Ketchup atingiu o posto de assunto mais lido do Guardian no dia em que foi veiculado. Ou seja, nem os ingleses estão tão a fim assim de profundidades. O mundo é cada vez mais dos rasos.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Novos Sentinelas no alvorecer
Princesa, cangaço e unanimidade
Por Malu Fontes*
Na história recente da teledramaturgia brasileira, conquistar e manter cada ponto nos índices de audiência exige das emissoras de televisão encantar continuadamente milhões de telespectadores que hoje têm trocentas opções ao alcance do controle remoto. Neste cenário, o horário das seis, mesmo na emissora líder de audiência, costuma ser mais do que ingrato para qualquer autor de telenovela. O horário, já tido e havido, desde sempre, como o menos nobre da grade que ensanduicha telejornais entre uma e outra novela, herda um público meso púbere da soap opera à brasileira que atende pelo nome de Malhação e pega um público novo meio indefinido, formado pelas pessoas que conseguem chegar da escola ou do trabalho a tempo de ver algumas cenas.
O público herdado de Malhação, em tese, tende, nesse horário, a migrar para a frente do computador ou de qualquer outra tela onde possa conversar on line com amigos da mesma idade. Nesse panorama, Cordel Encantado (cujo último capítulo foi exibido na última sexta-feira), a novela global das seis que revolucionou a estética do gênero no horário e conquistou de braçadas a fidelidade de um público intergeracional e de todas as classes sociais, foi uma prova e tanto do quanto criatividade era algo raro de se ver no gênero nos últimos tempos. O telespectador adorou de fazer brilhar o olho como luxo estético e dramatúrgico de um folhetim que parecia reunir coisas improváveis, elementos que em mãos erradas poderiam virar um panelada sem estilo, coerência e identidade.
BUFÕES - Ao juntar sobre a terra seca e árida do semi-árido do Nordeste elementos aparentemente inconciliáveis, como estética de cinema num horário em que o público não é tido como sofisticado, arquétipos seculares como rainhas e reis ameaçados pela maldade de vilões atormentados, cruéis ou bufões e cangaceiros justiceiros que só ‘relam’ a mão em quem faz o povo sofrer, as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes deram um presente de bom gosto e inesperado ao público do horário e inscreveram seus nomes definitivamente na história da telenovela brasileira, a mais rica, a mais cara e a mais sofisticada do mundo.
A beleza plástica, cenográfica e estética do tipo da vista em Cordel Encantado era coisa rara na televisão quando se falava em telenovela. A trama lançou mão de um tipo de linguagem e rebuscamento de imagens raramente dadas aos (mais)exigentes telespectadores de minisséries exibidas em poucos capítulos e invadindo a madrugada. É impossível ver Cordel e não ver nela o que havia de melhor das minisséries da emissora adaptadas da obra ímpar de Ariano Suassuna, do talento preciosista e perfeccionista de Luís Fernando Carvalho, do humor e da leveza dos produtos do Núcleo Guel Arraes. E tudo isso embalado sob a forma de novela, e das seis, a mais comum das traduções para o produto para as massas a quem supostamente se pode dar algo nem tão sofisticado assim.
FEIA - O fato é que, enquanto a eterna menina dos olhos da Rede Globo, o novelão das nove, briga com a novelinha das sete para definir perante o público quem criou primeiro ou melhor o papel da heroína feia, pobre, íntegra e rejeitada pelo filho alpinista social e estudante de medicina (Kássia Kiss, na novela das 19h, de Walcyr Carrasco, e Lília Cabral, na das 21h, de Aguinaldo Silva), o telespectador apostava todas as fichas mesmo era no produto azarão, o das seis.
Na trama, tudo parecia irretocável, dos diálogos bem humorados à trilha sonora irretocável, do guarda-roupa dos cangaceiros aos nomes inspiradíssimos e impagáveis dos personagens, como Zóio Furado e a Rainha Mãinha. Sem falar na originalidade de, contrariando a tradição realista da telenovela brasileira, encenar uma fábula com todos os arquétipos dos contos de fadas e associar dois reinos fictícios, um europeu, Seráfia, e um sertanejo, Brogodó, palavra que em si parece grudar como visgo no repertório de qualquer telespectador. Tinha de tudo: amor, romantismo, humor, misticismo, cultura popular e um elenco afinado como há muito não se via. Havia tipos para todos os gostos do consumidor de folhetim: padre, profeta, cangaceiro fazendo as vezes de Lampião e seu bando, prefeito desonesto, marido traidor, mulher encalhada, delegado covarde e um vilão insano. Para os telespectadores agora órfãos, Cordel só tem um defeito: não oferecer um versão disponível em DVD na seção de vídeos das livrarias.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Novo Endereço
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Teleanálise
Esperta que só ela, Ana Maria Braga resolveu inaugurar seus dentões novos num período em que os olhos da mídia inteira estavam voltados ora para a fumaça ainda em torno do vestido da aluna da Uniban, ora para a politização, a arrogância e as trapalhadas das autoridades em torno do blecaute que deixou metade do país no escuro. Inspirada, não se sabe, se nos mordedores estreados um dia desses pelo ator Stênio Garcia, ou, quem sabe, acompanhando o que pode ser uma tendência dentária eqüina, pela proporção da verticalidade dos dentes, o fato é que o rosto da apresentadora ficou estranhíssimo.
sábado, 21 de novembro de 2009
Pinceladas de emoções
O artista plástico Octaviano Moniz, 45 anos, também conhecido como Tatau, é um expoente da arte contemporânea na Bahia. Há cerca de vinte anos teve sua fase mais fervorosa de produção artística. Define sua arte como abstrata expressionista e atualmente flerta com os meios de produção digitais. Leia na íntegra: www.sentinelasdaliberdade.com.br